quinta-feira, 28 de junho de 2012

Boletim USP - eleições APG 2012

Eleições na APG-USP:
Voto crítico na ContraCoroa

    A eleição da direção da Associação de Pós-Graduandos da USP deste ano conta com três chapas concorrentes: “Somando forças em defesa de todos”, “Política contra a Barbárie” e “ContraCoroa”.
    A chapa “Somando forças” é a chapa do governismo petista/pecedobista na USP. Exalta os governos petistas, escondendo que durante eles aumentou o domínio do ensino privado no ensino superior. Defende uma “reforma democratizante” na USP, ou seja, um verniz democrático que mantém a atual estrutura de poder autoritário, a ser feito através de uma estatuinte. Quanto à ofensiva repressiva desencadeada pelo reitor-interventor, que tem como um de seus eixos os processos políticos de eliminação de estudantes e trabalhadores, defende que “devem ser abertos, públicos e rigorosos na apuração”. Ou seja, nem mesmo formalmente reivindica o fim da perseguição política. Principalmente, não coloca a mobilização como instrumento de luta pelas reivindicações. Essa chapa deve ser rejeitada pelos estudantes da pós.
    A chapa “Política contra a barbárie” é a chapa da frente PSol/PSTU e independentes, a mesma que dirige o DCE. Sua carta programa descreve o autoritarismo vigente na USP e suas raízes, que se estendem até os tempos da ditadura militar. Esse autoritarismo se manifesta concretamente com as sucessivas intervenções da polícia (tropa de choque) contra mobilizações de estudantes, funcionários e professores nos últimos anos, com demissões, eliminações e processos políticos contra sindicalistas e estudantes, e com medidas privatistas, elitistas de precarização da universidade. Mas, para enfrentar esses ataques concretos, o que diz propor a chapa? Discutir democracia. Reivindicar uma reforma dos estatutos sob o poder da burocracia autoritária (ou seja, democratizar a estrutura antidemocrática). No papel, até reivindicam o fim dos processos e da reforma mercadológica do regimento da pós, mas, na prática, quando isso é proposto como bandeira de mobilização ou de discussão no próximo congresso de estudantes da USP, votam contra. E se alguma proposta nesse sentido é aprovada, boicotam e sabotam. É a chapa do “diálogo” (leia-se conciliação) com a burocracia universitária. Deve ser rejeitada pelos estudantes da pós.
    A chapa “ContraCoroa” se formou como resposta à necessidade de ter uma APG ligada à mobilização contra os ataques da reitoria/governo. Conta com estudantes que ajudaram a impulsionar as lutas que aconteceram desde o final do ano passado. Diante das dificuldades criadas pela desmobilização imposta no início de 2012, inscreveram uma chapa à APG que se apóia num programa que expressa a necessidade de lutar contra a política e a repressão do reitor-interventor. Mas que não vai além disso. Sem dúvida, é preciso apontar que a universidade em que estudamos é de classe, é burguesa. A classe dominante e seus governos, que expressam o poder da minoria exploradora contra a maioria explorada, manejam a universidade em benefício próprio, mantendo o ensino e pesquisa no plano anticientífico, repetitivo, decorativo, segmentado, desvinculado da realidade. Para que a universidade esteja sob seu controle, mantêm-na sob uma estrutura de poder antidemocrático por natureza: essa estrutura reflete a imposição dos interesses da minoria sobre os da maioria, por isso não pode ser democrática. A atual imposição de políticas privatistas, elitistas e de precarização só podem ser levada a cabo por um poder autoritário. Tal estrutura não pode ser “reformada” e usada para o bem da maioria, como querem as chapas governista (Somando Forças) e conciliadora (Política contra Barbárie). Essa estrutura tem ser destruída, e só o será por meio da mobilização pelas reivindicações gerais e concretas da maioria, que se chocam com os interesses da minoria autoritária. Esse meio, o da ação direta, coloca a necessidade de combate pela real autonomia universitária diante dos governos e da burguesia e suas instituições. É sob a autonomia universitária que será possível haver democracia universitária, que só pode ser a expressão do poder dos que estudam e trabalham, contra o poder da minoria capitalista e pró-capitalista. Assim, a luta pela democracia universitária, para ser concreta, passa pela mobilização e luta contra as medidas concretas da casta autoritária dirigente da universidade.
    Quando se faz como as chapas “Somando forças” e “Política contra a barbárie”, colocando a defesa da democracia em oposição à mobilização pelas reivindicações concretas, se cai no distracionismo, no imobilismo e, pior de tudo, se acaba preservando o poder autoritário da casta dirigente e do governo e sua política. A chapa “ContraCoroa”, apesar de não contar propriamente com um programa que dê expressão consciente às mobilizações que vieram desde o ano passado, apóia-se na defesa da luta contra as medidas concretas do reitor-interventor e no método da mobilização. Esse aspecto progressivo é decisivo para dar um passo no sentido de construir uma APG que seja de fato capaz de defender as reivindicações dos pós-graduandos e ligue sua mobilização aos demais estudantes e trabalhadores da universidade, e destes com as lutas dos explorados contra os exploradores fora dela.

Um comentário:

  1. Valeu pelo apoio à chapa Contra a Coroa. Pena que foi de última hora, mas os burocratas e pelegos da pós foram desmascarados.
    CV

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