quarta-feira, 24 de abril de 2013

Todos à Passeata dos Professores da Rede Estadual em Greve

Todos à Passeata dos Professores da Rede Estadual em Greve no dia 26/04, às 15h, na Avenida Paulista!

Formar uma coluna da USP na passeata, que leve faixas e cartazes contra a criminalização de estudantes e trabalhadores! Convocar imediatamente uma assembleia geral dos estudantes!

A Assembleia estudantil de 11/04 foi implodida pela direção do DCE (PSol/PSTU), que prometeu convocar outra imediatamente, mas não o fez. Consequência: deixou-se de discutir e decidir acerca de questões importantíssimas para o movimento estudantil:

1) Luta contra a denúncia do Ministério Público, que criminaliza estudantes e trabalhadores, acusando-os de formação de quadrilha, e luta pelo fim de todos os processos criminais e administrativos contra estudantes e trabalhadores.

O movimento contra a criminalização dos movimentos tem de ser reforçado: ampliar a participação dos CAs no Fórum dos Processados, ir às ruas em unidade com os demais movimentos perseguidos politicamente pelos governos e justiça burguesa, fazer uma campanha conjunta com todos que estão sob a ofensiva repressiva! Defender com a mobilização nas ruas o direito democrático de se mobilizar pelas reivindicações!

2) Luta contra o Pimesp, programa que tem como conteúdo a exclusão de negros e estudantes de escolas públicas da universidade

O Pimesp é a resposta do governo do PSDB e dos reitores para a aprovação da lei federal das cotas. Seu conteúdo: manter os negros e oriundos das escolas públicas fora da universidade, criando um “college”, baseado no ensino a distância, no qual será necessário obter a média sete para se avançar para as universidades. Contra a farsa do governo Alckmin, devemos exigir o cumprimento imediato da lei, que expressa uma reivindicação dos movimentos negros. Defendemos um movimento para que o governo cumpra a lei de cotas, porque seu descumprimento leva a uma situação pior de exclusão.

Mas a Corrente Proletária não defende a bandeira de cotas, porque ela não combate a exclusão da universidade da maioria oprimida, nem expressa o interesse do conjunto da juventude oprimida, mas sim de uma parcela. Sob as cotas, mantém-se o mesmo número de vagas, portanto se mantém a exclusão da maioria, que, no Brasil, é negra. As cotas atendem apenas a uma pequena parcela, principalmente da classe média. O fim da exclusão e atendimento do direito democrático de educação a todos em todos os níveis depende da bandeira de vagas para todos, fim dos vestibulares e estatização das universidades privadas, com controle coletivo delas pelos que estudam e trabalham. Essa é bandeira que atende às necessidades do conjunto.

3) Resposta à superlotação dos ônibus circulares (BUSP)

O BUSP foi criado para favorecer empresas privadas de ônibus. A extensão da linha até o metrô foi uma isca para ganhar apoio dos estudantes à privatização. Com transporte privado, a tendência é a de piora cada vez maior dos serviços. Para o capitalista, quanto mais lotado estiver o ônibus, maiores serão seus lucros. As linhas do BUSP andam com uma média de lotação superior ao dobro da média das demais linhas da cidade, que já são superlotadas. O serviço piorou ainda mais quando se cortaram linhas que adentravam o campus. A resposta dos estudantes tem de ser: estatização das linhas do BUSP, volta do itinerário das linhas que foram cortadas, abertura do campus à população!

4) O autoritarismo e a questão do poder na universidade

A direção do DCE (PSol/PSTU) insistiu em recolocar na pauta da última assembleia a defesa da bandeira de diretas pra reitor como eixo do movimento. Na assembleia de 14/03, a proposta foi derrotada. A bandeira de diretas não altera a estrutura antidemocrática da universidade. Essa estrutura é autoritária porque tem de servir de meio de controle dos governos e capitalistas sobre a universidade. Para impor medidas de interesse da minoria, não pode haver soberania da maioria. Por isso, o combate ao autoritarismo da burocracia não se faz mudando a forma de escolha do reitor, legitimando seu poder com o voto (des)proporcional de estudantes e funcionários, preservando o poder da casta de professores titulares. A luta tem de ser pela soberania da assembleia geral universitária dos três setores, de voto universal, e constituição de um governo tripartite subordinado a ela. Isso implica destruir toda a atual estrutura burocrática autoritária. O que fará por meio da mobilização.

5) A questão da opressão às mulheres dentro e fora da universidade

O feminismo do PSol/PSTU é aquele que culpa os homens pela opressão à mulher. Ou seja, desconhecem que a opressão à mulher tem raízes na realidade social, na sociedade dividida em classes (a mulher foi a primeira classe oprimida da humanidade), e que a luta contra a opressão à mulher é parte da luta de classes. Tratam a violência contra a mulher como uma questão meramente cultural, ideológica, associada ao sexo.

A consequência prática é que não combatem a opressão real sobre a mulher. Por exemplo, não organizam a luta pelas reivindicações próprias e específicas da mulher dentro da universidade, nem se colocam na defesa de mulheres atacadas pela repressão. Mas se levantam agressivamente se alguém de sua frente política é criticada seja lá como for. Ao contrário disso, consideramos importante discutir e levar adiante a mobilização pelas reivindicações que realmente expressam a luta contra a opressão da mulher, dentro e fora da universidade.

6) A autonomia do movimento estudantil da USP frente à polícia e justiça

A direção do DCE se manifestou favorável a que se levasse o conflito da assembleia para a polícia (abrir um boletim de ocorrência, que pode levar a um processo). Essa atitude é uma quebra da autonomia do movimento estudantil. Nossos conflitos políticos devem ser resolvidos dentro das instâncias do movimento. As acusações morais devem ser avaliadas e julgadas pela assembleia geral. Se forem falsas, então a assembleia julga a calúnia, que deve ser banida como método de luta política.

Convocar imediatamente uma assembleia geral dos estudantes

A direção do DCE pretende levar essas questões para serem debatidas e resolvidas pelo Conselho de Centros Acadêmicos (CCA), onde tem maioria e onde os votantes (representantes dos CAs), em geral, não discutem essas questões nas suas bases.

A mobilização requer a participação na discussão e deliberação de propostas, para que os mesmos que discutem e decidem coloquem as resoluções em prática, de forma unitária, unidade essa que é conquistada a partir da livre manifestação e defesa de propostas, e decisão por maioria.

A organização que é capaz de corresponder a essa mobilização é a Assembleia Geral dos Estudantes, convocada amplamente, com sua pauta divulgada para ser debatida com antecedência desde as bases. Mas a atual direção do DCE rejeita a assembleia como o diabo foge da cruz.

É por isso que defendemos: que se convoque imediatamente uma assembleia geral de estudantes para responder aos graves problemas que vivemos!

Todos à Assembleia do Crusp defender a eleição da Retomada para RD

Todos à Assembleia do Crusp defender a eleição da Retomada para RD

Nesta quarta-feira (24/04), às 23h, na sala 51, haverá uma assembleia eleitoral. Trata-se das eleições para representantes discentes (RDs) na comissão mista. Convocamos todos aqueles que defendem a luta estudantil a comparecer na assembleia para eleger os representantes da chapa Retomada, contra a Crusp Popular.

Há duas chapas inscritas nestas eleições: a Retomada e a chapa da gestão da AmorCrusp, a Crusp Popular. Uma diferenciação que nos é essencial, e já se mostra bastante clara, é quanto à defesa da autonomia estudantil. Se, por um lado, a Retomada em sua atuação cotidiana a tem defendido, por outro a Crusp Popular tem se oposto a ela. Vejamos em quais momentos isto nos fica claro:

1. A publicidade de toda e qualquer reunião com a burocracia:

Retomada: com o cargo de RD provisório na comissão mista, participou de uma de suas reuniões (só existiu uma em todo este período) e fez uma relatoria para torná-la pública. Cobrou da AmorCrusp que viabilizasse a divulgação da relatoria, a qual forneceu uma única cópia de papel A3 com a relatoria para cada bloco (apesar da Retomada ter cobrado um panfleto para cada apartamento). Além disso, realizou reuniões do GD da comissão mista para que se pudesse discutir com o conjunto dos moradores a sua intervenção nesta instância burocrática.

Crusp Popular: enquanto gestão da AmorCrusp, fez reuniões com o coordenador da SAS/ Coseas, as quais não foram divulgadas. Não é possível saber quantas foram feitas por não terem sido divulgadas. Mas sabemos de sua existência, pois membros da gestão já falaram de sua existência em assembleia, e na comissão mista o coordenador da SAS disse que havia conversado com a AmorCrusp sobre a pintura dos blocos (vale lembrar que esta gestão se reivindica continuidade da anterior).

2. Defesa dos estudantes processados:

Retomada: tem defendido como princípio contra todo e qualquer processo no movimento estudantil. Em sua propaganda tem feito a denúncia dos processos. O caso mais recente é o da cabeleireira Lena: defendeu que se retirasse imediatamente o processo movido por ela contra estudantes [diga-se de passagem movido contra uma manifestação política de denúncia] e que o caso fosse resolvido pelas instâncias do movimento estudantil (instâncias quais a cabeleireira reivindicou para entrar no espaço estudantil). Ressaltamos que qualquer processo judicial traz inevitavelmente a justiça burguesa para intervir sobre o movimento estudantil quebrando sua autonomia, o que independe da subjetividade individual.

Crusp Popular: tem defendido em palavras. Na prática não faz propaganda contra os processos (quando foi a última atividade/panfleto feito pela gestão contra os processos?). Se pagaram a fiança dos presos da Moradia Retomada (tarefa mínima de uma associação que diz representar os moradores), hoje tem alegado “falta de dinheiro” para contribuir com a propaganda contra os processos (apesar de, para as propagandas de seu interesses, terem sempre dinheiro para fazer cartazes coloridos). No caso recente de Lena, lançaram vários boletins em defesa da “trabalhadora lesada”. Quebraram a autonomia duplamente: primeiro por defender “o direito de processar”, colocando a justiça burguesa para “resolver” os problemas do movimento estudantil; e segundo porque este processo foi feito com orientações da SAS/Coseas (o que a própria Lena disse), o que acaba os colocando na defesa junto à burocracia.

Eleição em assembleia: conquista e fortalecimento do movimento estudantil

Frisamos que estas eleições ocorrerão em assembleia, o que torna imprescindível o comparecimentos de todos. É uma conquista, pois é através da democracia direta e não da democracia “representativa” que elegeremos nossos representantes. Os RDs estarão agora submetidos às assembleias, fórum que os legitimará quanto representantes, e não mais a uma eleição em urna que nunca mais poderá revogar seu mandato. Com isso, estamos fortalecendo as instâncias próprias do movimento estudantil em oposição à burocracia, que procura aliciar das mais variadas formas, inclusive com subornos, os representantes dos estudantes para seus interesses de minoria parasitária. A democracia dita “representativa” acaba por descolar o RD da sua base, deixando-o longe da pressão do movimento e sob pressão da burocracia nas suas reuniões.

A conquista é exatamente fortalecer nosso fórum de deliberação e ação coletiva. Se existe um espaço que pode organizar os estudantes para combater a burocracia e arrancar as reivindicações, este espaço é a assembleia. Isto porque é somente através da ação direta coletiva que conquistaremos nossas reivindicações. É por a Retomada fazer esta defesa que a Corrente Proletária Estudantil convoca todos os cruspianos à assembleia para elegê-la.

Assembleia geral de moradores do Crusp:
Quarta-feira, 24/04/13, às 23h
Local: Sala 51

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Eleições para 53º conune - vote PODER ESTUDANTIL

Nas eleições de delegados ao 53º CONUNE na USP,
vote PODER ESTUDANTIL

O 53º Congresso Nacional da UNE vai acontecer de 29 de maio a 2 de junho, em Goiânia/GO.

A UNE se tornou uma organização extremamente burocratizada e governista. O Congresso é manejado pela direção a não discutir as propostas da base, é colocado em votação somente o que a cúpula da direção admite. Elegem-se milhares de representantes (delegados) de todas as partes do país, mas eles não têm de fato o direito de propor e decidir a política da UNE. É uma necessidade a construção de uma fração de oposição revolucionária que lute para organizar nacionalmente os estudantes ao redor de um programa de luta que leve a derrotar a atual direção burocrática e a colocar a UNE como instrumento independente politicamente e sob a democracia estudantil para a centralização nacional das lutas dos estudantes.

Para a direção da UNE, o PCdoB/UJS, o ponto central do Congresso será a discussão e ratificação de sua “nova reforma universitária”. Seu conteúdo é o de remendar a atual política educacional do governo, destacando sua bandeira “pelos 10% do PIB, 50% do fundo social do Pré-sal e 100% dos royalties do petróleo para a educação”.

A USP elegerá seus delegados de 16 a 19 de abril. A chapa Poder Estudantil chama os estudantes a votar para defender no Congresso os seguintes pontos:

1. A proposta da direção da UNE não corresponde a uma verdadeira reforma democrática da universidade;

O ponto fundamental de uma reforma democrática da universidade é a defesa de que todos tenham acesso ao ensino público e gratuito em todos os níveis. No Brasil, somente 14% da juventude tem acesso ao ensino superior. A maioria, portanto, é excluída da universidade. Da minoria que ingressa, 74% está no ensino privado, e a minoria no ensino público. Assim, o direito democrático de acesso não existe, porque a educação é mercantilizada, quem pode pagar compra – a maioria luta para sobreviver dignamente, esse direito não existe para ela. Assim, a defesa do ensino público e gratuito a todos em todos os níveis atende a uma necessidade da maioria que estuda e paga por isso, e principalmente da imensa maioria que está fora da universidade. Para realizar essa necessidade, é preciso estatizar a rede privada sem indenização e colocá-la sob controle coletivo de quem estuda e trabalha. Essa bandeira é rejeitada pela direção da UNE.

A direção (UJS/PCdoB) quer um Congresso para retocar a reforma do governo e o Plano Nacional de Educação (PNE), que é privatista.

Ao contrário, defendemos um Congresso que aprove um programa de luta, que unifique a juventude de dentro e de fora das universidades, e a juventude com os explorados, contra os exploradores e seus governos.

2. Não se trata de propor ao governo e à burguesia que reformem a universidade; o objetivo do Congresso não deve ser o de aprovar uma reforma;

Quando a direção da UNE coloca como central a defesa dos 10% do PIB e o uso de recursos dos royalties do Pré-sal para a educação, faz um remendo na política do governo, apoiando sua essência. A política do governo tem resultado, concretamente, no aumento da porcentagem da educação dominada pelo ensino privado. Ou seja, no reforço à mercantilização da educação.

A defesa do ensino depende da luta dos que estudam e trabalham, em choque com os governos e os capitalistas da educação. É a partir da luta pelas reivindicações dos que estudam e trabalham que se defende a educação contra o privatismo. A defesa do ensino público sem a luta pelo fim do ensino pago é demagógica. As leis de mercado capitalista levam a que a educação, tornada mercadoria, seja excludente e cada vez mais concentrada nas mãos de grandes grupos capitalistas. A renúncia a lutar pela expropriação da rede privada de ensino corresponde ao abandono do direito democrático de acesso a todos.

O anúncio de que se reivindicam mais verbas para a educação (que não resolve seus problemas) através da bandeira de 10% do PIB oculta que se admite o ensino privado e com ele a exclusão de grande parte da juventude. Ao lado disso, quando se aponta o horizonte da educação na dependência da exploração de um recurso mineral que sequer ainda é viável economicamente, se joga esse horizonte para o infinito. Sem falar na miséria que é reivindicar uma percentagem e se deixar esses recursos nas mãos privadas, principalmente estrangeiras.

No final, pior ainda é apontar a solução dessas questões para o parlamento e o governo petista, como se eles estivessem no caminho de resolvê-las. A direção da UNE propõe um sistema em que se mude apenas o peso nos pratos da balança, em favor do prato estatal, e em que se estabeleça o controle externo do sistema mercantil, sem que os empresários deixem de extrair seus lucros e as igrejas espalharem o obscurantismo.

3. A tarefa do Congresso é o de aprovar uma linha política para o movimento estudantil, que expresse a política do proletariado perante o capitalismo em decomposição, e um conjunto de reivindicações, que unifique a juventude em um movimento coletivo;

O ponto de partida da formulação de um programa que responda à transformação democrática do ensino se encontra na tarefa de expropriar os empresários e as igrejas, arrancando-lhes sem indenização a propriedade material e intelectual da educação, e aplicando o controle coletivo dos que estudam e trabalham (essa é a real autonomia universitária, a soberania da assembleia dos três setores e um governo tripartite subordinado a ela). Trata-se de uma reivindicação transitória, entre outras, que se choca com o capitalismo decadente e com a burguesia. Exige uma profunda luta das massas exploradas, sob a direção do proletariado, para defender o ensino da degenerescência e de sua subordinação aos interesses da burguesia, contraditórios com os da maioria.

Os governos e os capitalistas têm aprofundado a política de privatização, elitização e precarização da universidade, e para isso têm aumentado o autoritarismo e a repressão.

As parcerias com as fundações, o ensino a distância, a isenção de impostos por meio da compra de vagas, a terceirização, os cortes de verbas, a ampliação sem infraestrutura, a destruição da permanência estudantil, a maior ingerência do estado ou do chamado mantenedor (proprietário) das universidades, a imposição de interventores, tudo isso pavimentado com uma política repressiva e de criminalização dos movimentos, tem de ser respondido com a mais ampla mobilização da juventude.

4. Os pontos fundamentais da situação educacional presente podem ser resumidos:

a) Acesso da juventude ao ensino universitário;

b) Resposta ao avanço do processo de privatização do ensino superior;

c) Resposta à implantação do Ensino a Distância;

d) Reivindicações específicas dos estudantes das universidades públicas e privadas; e) Defesa da autonomia e democracia universitárias;

f) Combate à ofensiva repressiva dos governos aos movimentos sociais.

g) Unidade dos estudantes com a classe operária – a luta antiimperialista e anticapitalista

terça-feira, 16 de abril de 2013

Direção do DCE da USP implode assembleia usando pretexto de combate ao machismo

Direção do DCE implode assembleia usando pretexto de combate ao machismo

A assembleia geral de estudantes de 11/04 foi convocada para discutir a luta contra a denúncia do Ministério Público contra estudantes e trabalhadores da USP, contra o Pimesp, e ainda, a situação do BUSP (superlotação) e “diretas pra reitor”. No entanto, ela foi interrompida em meio a um grande tumulto, no qual a caixa de som foi quebrada. A mesa, formada pela direção do DCE, decretou o fim da assembleia prometendo que convocaria outra. No dia seguinte, houve uma reunião da direção do DCE, e a assembleia não foi convocada. Este fato é decisivo para toda a discussão sobre os acontecimentos. A direção do DCE encerrou a assembleia alegando que não havia condições de continuá-la, mas não convocou nova assembleia quando tinha todas as condições de fazê-lo. Por isso se pode afirmar com toda certeza que o encerramento da assembleia se deu sob um pretexto. Desfazer a assembleia significou não decidir nada sobre a pauta. Principalmente, interromper a campanha de luta contra a criminalização do movimento de estudantes e trabalhadores.

A quem serve a mentira

No site do DCE, se lê: “Com a intenção clara de impedir o debate democrático e o posicionamento da Frente Feminista sobre o tema, os militantes do PCO atacaram a mesa, quebraram o som que garantia as falas, provocaram ativistas de diversos coletivos e implodiram a assembleia” Essa afirmação é uma mentira O que aconteceu de fato:

1) A Frente Feminista se inscreveu após os informes, ao que a mesa de forma arbitrária lhe concedeu a palavra. A mesma mesa ignorou completamente a ordem e abriu pelo menos cinco minutos à Frente Feminista para ler uma carta (os informes tinham sido de um minuto, sendo que os últimos foram de 30 segundos).

2) Todos ouviram o texto lido pela Frente Feminista. Ninguém impediu seu “posicionamento”. Nem mesmo os militantes do PCO, que ouviram acusações de machismo a um de seus militantes e ao seu partido sem interromper.

3) Após a leitura da carta, os militantes do PCO, inclusive mulheres, de outras correntes e independentes pediram direito de resposta à mesa. As militantes do PSol e PSTU formaram um piquete diante da mesa, impedindo a aproximação de quem quer que fosse, gritando palavras de ordem. A mesa negou o direito de resposta ao PCO. Se tem alguém que agiu para “impedir o debate democrático”, foi justamente a frente PSol/PSTU.

4) Militantes do PSol/PSTU, em maioria, cercaram os do PCO. Diante da confusão armada, a mesa anunciou que não haveria condições de continuar a assembleia. Depois da pressão, a mesa afirmou que não daria direito de resposta e, se necessário, colocaria isso em votação.

5) Nesse momento, um militante do PCO derrubou o som da assembleia. A mesa, imediatamente, anunciou que a assembleia estava encerrada e que a direção do DCE convocaria outra para debater a pauta.

Por tudo isso, a frase no site do DCE é mentirosa. Uma mentira é sempre usada para encobrir. Neste caso, para encobrir que a direção do DCE é quem implodiu a assembleia, e usou a atitude descabeçada do PCO como pretexto.

Uma direção avessa à democracia estudantil

A direção do DCE tem aversão às assembleias. Só convocou assembleia neste ano sob grande pressão interna e externa à USP. É uma direção que tem horror às discussões e decisões da base. Já tinha implodido a plenária de movimentos sociais, em 20/02, convocada por ela mesma e pelo Sintussp, quando foi pressionada a convocar uma assembleia. Agora, encerrou a assembleia e se nega a convocar outra. Se havia uma carta escrita de acusações ao PCO, se essa carta foi lida pisoteando a ordem na assembleia, se se formou um piquete na mesa com palavras de ordem ensaiadas, se a mesa logo foi anunciando que encerraria a assembleia, alguém pode acreditar que isso não tenha sido organizado para esse fim? E que o PCO foi estúpido bastante para cair na provocação e fornecer o pretexto para a direção por fim à assembleia?

Se as acusações contra o PCO são verdadeiras, por que a direção não colocou para a assembleia discutir e decidir sobre isso? PSol/PSTU preferiram impor um veredicto que deveria ser aceito sem discussão.

A direção preferiu se apoiar num piquete e não na plenária. É o método próprio de burocracia. Um piquete erguido contra o direito de resposta é uma violência contra a democracia estudantil.

O ataque à democracia estudantil serve para não se discutir e decidir coletivamente medidas necessárias à luta pelas reivindicações. No caso da pauta em discussão, deveriam ser discutidas as novas medidas repressivas contra estudantes e inclusive professores. As atividades já aprovadas nos CAs dos cursos (entre elas, um ato público dis 18/04 na FFLCH) e como apoiá-las e generalizá-las. A participação dos estudantes e trabalhadores da USP na passeata dos professores da rede estadual e funcionários da Saúde, já programada para o dia 19/04 na Avenida Paulista. A campanha contra o Pimesp, que é uma manobra do governo Alckmin para não aplicar a lei das cotas. A luta contra a destruição do transporte gratuito na USP e favorecimento das empresas de ônibus, em detrimento dos estudantes. E a pauta “diretas pra reitor” tinha sido rejeitada como eixo do movimento pela assembleia anterior. Agora, sem assembleia, a direção do DCE tentará decidir sobre tudo no Conselho de Centros Acadêmicos (CCA), controlado pelas correntes que dirigem o DCE e que não expressam a discussão e decisão das bases sobre o que aí decidem.

Uma direção avessa à autonomia do movimento

PSol/PSTU correram para a delegacia de polícia para registrar um boletim de ocorrência contra o PCO. Está aí o método de uma burocracia que é avessa às assembleias. Os problemas e conflitos no interior do movimento devem ser resolvidos nas instâncias de base soberanas, assim se preserva a autonomia. Trazer a polícia e a justiça contra membros do movimento é se aliar à repressão estatal contra o movimento e abrir suas portas à ingerência externa dessas instituições da ditadura de classe burguesa.

As acusações de machismo do PSol/PSTU contra militantes do PCO devem ser discutidas e submetidas às assembleias. No caso de comprovadas, é o movimento quem tomará as medidas apropriadas. No caso de calúnia, os acusadores é quem sofrerão as consequências. O movimento resolve o conflito colocado. A autonomia é incompatível com a busca de intervenção externa.

O erro de tentar responder ao autoritarismo da direção de forma individual

A direção do DCE pisoteou a ordem da assembleia para descarregar um ataque ao PCO e depois impediu seu direito de resposta de forma violenta, mas a resposta do PCO foi errada ao buscar responder a isso por meio de ação individual, desconhecendo a plenária da assembleia. Ao invés de se apoiar no coletivo da assembleia para denunciar e combater a direção do DCE, que usava o movimento feminista para atacar o PCO como partido, tentou resolver a questão no nível da truculência individual. Assim, sua atitude não obteve apoio da plenária, e a direção do DCE, com maior número de militantes, impôs seu cala-boca. Pior ainda, ao derrubar a caixa de som, forneceu o pretexto que a direção do DCE buscava para se safar da implosão da assembleia, que já tinha anunciado antes disso.

O resultado da atitude que posou de radical foi contribuir para que a direção fizesse o que já pretendia, acabar com a assembleia e não convocar outra, e que teve sua tarefa facilitada pelo erro do PCO. Erro que foi inclusive assumido como autocrítica pelo seu militante logo após o aborto da assembleia. Embora a tenha repentinamente retirado pouco depois.

Quando criticamos o PCO (e não é a primeira vez que o fazemos), o fazemos em defesa da ação coletiva, e contra as atitudes individuais alheias á democracia estudantil (derrubar o som da assembleia por exemplo). Mas destacamos que a responsabilidade pelo encerramento da assembleia é da direção do DCE, que armou urna provocação com as acusações de machismo e usou as atitudes erradas do PCO como pretexto.

A serviço de quê está o feminismo do PSol/PSTU

O feminismo do PSol/PSTU é aquele que culpa os homens pela opressão à mulher. Ou seja, desconhecem que a opressão à mulher tem raízes na realidade social, na sociedade dividida em classes (a mulher foi a primeira classe oprimida da humanidade), e que a luta contra a opressão ã mulher é parte da luta de classes. Tratam a violência contra a mulher como uma questão meramente cultural, ideológica, associada ao sexo.

A consequência prática é que não combatem a opressão real sobre a mulher. Por exemplo, não organizam a luta pelas reivindicações próprias e específicas da mulher dentro da universidade (tais como creches gratuitas para as mães estudantes), nem se colocam na defesa de mulheres atacadas pela repressão (vide o caso da Amanda, eliminada da USP por processo político e despejada com seu bebê do bloco A). Mas se levantam agressivamente se alguém de sua frente política é criticada seja lá como for. E usam o feminismo como escudo para práticas muitas vezes deploráveis, tais como o cordão de mulheres que serviu,. em 27/10/11 na FFLCH, para conduzir os estudantes acusados de consumo de drogas ao camburão da polícia (temos fotos para provar).

O caso denunciado na assembleia de 11/04 é uma dessas situações. Pretendem transformar a acusação de um suposto discurso de um militante do PCO contra uma militante do PSol (discurso que muda de local e de forma e conteúdo a cada vez que é descrito) em uma verdadeira inquisição contra o partido como um todo. Anunciam uma campanha “contra o machismo”, cujo conteúdo é de ataque ao PCO, e não a atitude de um de seus militantes. Essa é a democracia que dizem defender.

O prejuízo maior é do movimento estudantil

Estamos vivendo um momento de aumento da repressão na universidade e fora dela. A ameaça de criminalização dos estudantes e trabalhadores, enquadrando-os por formação de quadrilha, é o mais duro ataque ao direito democrático de mobilizar para defender as reivindicações. Há a necessidade de um amplo movimento de massa nas ruas para derrotar o governo do PSDB/ministério público/reitoria. Esse movimento depende de realização de assembleias gerais de estudantes para discutir, deliberar e colocar em prática essa mobilização. A renúncia da direção do DCE em tocar essa luta é uma colaboração passiva com a repressão e o autoritarismo. Quem mais perde são os estudantes e a universidade pública, pois sem mobilização não é possível força para derrotar a burocracia autoritária que governa a universidade para o governo e os capitalistas.

Rechaçamos a inquisição do feminismo burguês e o uso da luta das mulheres para encobrir a política da direção do DCE. Rechaçamos o uso da calúnia coma método de luta política. Rechaçamos a busca da polícia e dos tribunais para resolver conflitos internos ao movimento. Criticamos o uso de métodos alheios à democracia estudantil usados pelo PCO.

Reafirmamos que é por meio da mobilização independente, autônoma, e da democracia estudantil que poderemos resolver as diferenças e conflitos no nosso meio e avançarmos na luta contra a repressão e em defesa de nossas reivindicações.