quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Retomar a luta na UNIFESP Guarulhos

Assembleia Unifesp Guarulhos:

Organização do movimento estudantil para responder aos problemas estruturais do campus provisório!
Garantir o retorno da Universidade para o bairro dos Pimentas/Guarulhos!

No dia 11 de dezembro ocorreu no campus de Guarulhos uma assembleia geral de estudantes para responder ao descontentamento dos estudantes à falta de estrutura do campus provisório, principalmente com a falta de água, o retorno ao Pimentas e a colaboração com a ditadura militar por parte do ex-reitor da Unifesp, Walter Albertoni. Foram aprovadas: Ato na Congregação do dia 12 de dezembro, audiência pública com a reitora em janeiro, mesa de discussão para balanço do movimento de 2012.

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) incorporou a convocação da assembleia e compôs a sua mesa. Em sua defesa, responsabilizou a direção do campus pela falta de estrutura do prédio, buscando isentar a gestão “plural e democrática” da atual reitoria. Ignorou o fato do contrato com o Torricelli ter sido imposto por ela: um contrato de 15 milhões de reais para a rede privada de ensino. O fato é que a diretoria acadêmica é composta por uma burocracia servil, que, com seus interesses elitistas, sequer avaliou as condições do colégio Torricelli/Anhanguera na sanha de sair do bairro dos Pimentas. Diante da imposição da reitoria a gestão do DCE sequer se opôs a saída do bairro dos Pimentas para o centro de Guarulhos, anunciou como um fato inquestionável e acabou por ficar ao lado da reitoria.

Há uma crise na burocracia da Unifesp. A reitora, que se reivindica dos movimentos sociais, está impossibilitada de realizar uma gestão ‘plural e democrática’ sem confrontar os interesses da burocracia conservadora do campus de São Paulo, que se opõe à universidade no bairro pobre. Quando é colocada entre a defesa dos estudantes, principalmente os de Guarulhos, e a defesa da “governabilidade”(a defesa da burocracia) faz demagogia para os estudantes e fica ao lado dos demais burocratas. O acordo com a rede privada Torricelli/Anhanguera no centro de Guarulhos foi uma imposição ‘aparentemente’ da reitora, mas que favoreceu aos interesses dos sabotadores da universidade no bairro pobre dos Pimentas/Guarulhos, pertencentes a burocracia conservadora do campus São Paulo. Esta mesma reitora fez demagogia sobre os processos políticos contra os estudantes, quando mentiu ao dizer em audiência pública que havia retirado os processos administrativos, sendo que apenas parou para mudar a comissão de sindicância.

Durante os encaminhamentos da assembleia, os professores conservadores, com o medo da mobilização estudantil, liberaram os estudantes para votarem contra a greve, sendo que nem havia a proposta de greve. Esta ingerência dos professores é um ataque à decisão da maioria, um ataque à democracia estudantil. Utilizaram os estudantes como massa de manobra em defesa de seus interesses. É necessário que o movimento retome as assembleias estudantis e dê uma resposta em defesa da independência organizativa e política do movimento. Se os professores querem manobrar, então que paremos toda a faculdade nos dias de assembleia, para que todos possam participar de maneira democrática e não como massa de manobra que apenas vota, não propõe, não discute e não realiza nenhuma ação prática em defesa dos próprios estudantes. Somente com os instrumentos de decisão da maioria e com a ação direta será possível responder aos problemas enfrentados na Universidade e os boicotes das burocracias servis e autoritária.

Os estudantes devem se organizar para decidir os rumos da Unifesp/Pimentas. A luta de cinco meses de greve em 2012, em defesa da universidade pública, não podem ser jogadas no lixo. Devem exigir que a reitoria se comprometa publicamente a retornar ao bairro dos Pimentas. É necessário também retomar o comitê de mobilização, para que rearticule a luta estudantil em defesa dos lutadores e das condições de estudo e permanência. É através dele que poderemos articular a intervenção dos estudantes na audiência pública com a reitora (que deverá dar uma boa resposta à demagogia feita no cara a cara com a Soraya, onde ela disse defender a luta dos estudantes) e rearticular o movimento para que faça um balanço da luta de 2012 e organizar a luta de 2014.

Que a reitora extinga os processos administrativos na universidade contra os lutadores

A reitora Soraya Smailli, em passado recente, anunciou que os processos administrativos contra os estudantes que lutaram pela melhoria das condições de infraestrutura para o ensino e a permanência do campus Pimentas, abertos na gestão de Walter Albertoni, tinham sido encerrados. Porém recuou da sua afirmação, explicando que tais sindicâncias não poderiam ser encerradas sem os pareceres das respectivas comissões responsáveis por sua análise, segundo recomendação da Controladoria Geral da União (CGU).

A reitora da universidade manifestou-se oficialmente em maio deste ano que é “contrária a qualquer medida repressiva contra manifestações de membros da comunidade acadêmica”. Por que então sindicâncias que foram abertas com a intenção de punir disciplinarmente estudantes envolvidos nas manifestações de 2012 são mantidas, ainda mais abertas pelo carrasco Albertoni, recém descoberto simpatizante da ditadura dos militares?

No debate “cara a cara com Soraya”, realizada em 03/12 no campus da medicina, a reitora reivindicou que foi a luta dos estudantes que conquistou melhorias para o campus. Mas quando foi indagada sobre os estudantes dos Pimentas, que estão sendo processados por lutarem em defesa de condições mínimas de infraestrutura, disse que isso era passado. Ora, a reitora defende a luta dos estudantes ou só faz demagogia?

Não defender os processados sob o argumento de seguir as orientações para manter a governabilbidade, como diante do CGU, só demonstra que esta gestão é tão subserviente ao Estado quanto as demais. Se defende que “a instauração de processos criminais contra aqueles que lutavam em defesa de reivindicações para a Unifesp como um todo não é o caminho para resolver conflitos de caráter político no âmbito da universidade”, então a reitora deveria imediatamente tomar posição em defesa de todos os estudantes que estão sendo perseguidos, extinguir os processos e sindicâncias referentes às greves, manifestações e ocupações políticas, pois visavam a melhoria das condições de ensino e construção de uma verdadeira universidade no bairro dos Pimentas. Deve, inclusive, defender ativamente a absolvição dos estudantes processados criminalmente na Justiça, que voltarão a depor nos tribunais em janeiro de 2014.

Fortalecer o Comitê Estadual Contra a Repressão

Já são centenas de processados na UNIFESP, na USP, na UNESP, UFMT, UNILA, dentre outras, com direito a demissões, prisões e eliminações de estudantes. O ano de 2014 promete um avanço no cerco repressivo aos movimentos com a lei de segurança nacional e a lei marcial para a copa do mundo. As manifestações de rua sofrem grande ataque do aparato estatal, depois da poeira de junho baixar. Alguns operários grevistas das obras do PAC estão presos há mais de um ano.

O ataque repressivo da burguesia aos movimentos de estudantes e trabalhadores precisa de uma resposta organizada e de conjunto. Construa o Comitê Estadual de Luta Contra a Repressão, que surgiu a partir da iniciativa dos fóruns de processados da UNIFESP, USP, UNESP e dos trabalhadores da fábrica ocupada de Campinas, Flaskô com a perspectiva de organizar a defesa política e jurídica dos lutadores nacionalmente. Por enquanto é estadual e já foram realizados dois atos públicos (em agosto e setembro) com a participação de movimentos por moradia.

Pela liberdade imediata de todos os presos políticos!

Pelo fim dos processos contra estudantes e trabalhadores!

Pelo fim do genocídio da população negra, dos trabalhadores do campo e indígenas!

Blog do comitê: http://comitecontrarepressao.wordpress.com

Resposta às eleições autoritária da reitoria da USP

Estudantes ignoram a consulta fajuta da reitoria!

A consulta indicativa para a eleição do reitor da USP, realizada dia 10/12, contou com cerca de 3% de adesão dos estudantes (2.469, num total de 76.837). Muito diferente da adesão de docentes (49%) e funcionários (47%). Entre os docentes e estudantes, venceu a chapa de Marco Antonio Zago, atual pró-reitor de pesquisa. Entre os funcionários, venceu Wanderley Messias da Costa, superintendente de Relações Institucionais, candidato apoiado pelo atual reitor/interventor, Grandino Rodas, e que tem como vice a ex-reitora Suely Vilela. Essa consulta não tem nenhum poder de decisão. Vai valer mesmo é a eleição que ocorrerá dia 19/12, em que votam os membros das congregações e conselhos centrais (2 mil membros), e se formará a lista tríplice, que será submetida ao governador, que é quem elege de verdade.

O que mostrou a consulta

Houve participação de boa parte de professores e funcionários. Expressa o interesse corporativista, de apoiar um dos candidatos que lhe promete alguma vantagem particular. O pró-reitor de pesquisa é quem comanda a distribuição das bolsas e recursos à pesquisa. Os professores se moveram para apoiá-lo em benefício próprio. O candidato apoiado pelo atual reitor promete manter a política salarial de plano de carreira e prêmios aos funcionários. É por aí que ganhou seu apoio.

Os estudantes em geral ignoraram a consulta. Uma pequeníssima parte, provavelmente incentivada pelos seus professores, os seguiu a apoiar o candidato Zago.

Mais uma política fracassada: a defesa envergonhada do voto nulo pela direção do DCE

O CCA de 07/12 discutiu o que fazer diante da consulta. Defendemos que se tratava de denunciar que era uma farsa e chamar o boicote, em defesa do governo tripartite na universidade. As direções do DCE e dos CAs, sem consultar as bases nem organizar assembleias de curso ou geral, foram na conversa do sindicato docente (Adusp) e defenderam a participação na consulta, por meio do voto nulo em defesa das diretas para reitor. O voto nulo expressava concretamente a rejeição aos quatro candidatos, mas não ao processo em si.

É preciso que se diga que não moveram uma palha para colocar em prática essa resolução. No dia da votação, depois do almoço, postaram uma nota na internet defendendo o voto nulo.

Os estudantes ignoraram a consulta. E somente 904, dos 2.469, votaram nulo.

A posição da direção do DCE, submetida à direção docente, não expressou os estudantes. E não combateu a farsa montada pela reitoria/C.O.

A apatia deixa a burocracia de mãos livres na eleição de fato

Ao não convocar as assembleias de curso nem a geral, ao não organizar uma campanha contra a farsa da atual eleição para reitor, a direção deixa a casta burocrática e o governo de mãos livres para imporem o novo reitor. O que se fará dia 19/12, dia da votação nas congregações? Nós temos defendido que se organize um movimento para inviabilizar a farsa. O DCE e o CCA (dirigidos pelo PSOL e PSTU) aprovaram um pedido aos representantes discentes para que votem nulo, ou seja, se negam a organizar um movimento convocando amplamente os estudantes para agir. Debruçam-se sobre a intervenção em processo eleitoral onde “os candidatos não representam o acúmulo construído pelos estudantes”, demonstrando assim que, para eles, o principal problema são os candidatos e não o processo eleitoral.

Os estudantes deram seu recado à direção do DCE, ignorando a consulta. É preciso ouvir e organizar o protesto contra a escolha antidemocrática do reitor. É preciso transformar a rejeição passiva (ignorar a consulta) em rejeição ativa com a inviabilização da votação no dia 19/12. É com a ação direta que os estudantes poderão avançar a luta contra a estrutura de poder antidemocrática.

É o governo tripartite quem expressa a luta pela real autonomia e democracia universitárias

Foi no dia do Conselho Universitário que aprovou a mudança no formato das eleições para reitor que os estudantes responderam ao autoritarismo com a defesa do governo tripartite, com mandatos revogáveis e submetido à assembleia geral universitária. E foi na segunda assembleia geral, a mais cheia de toda a greve, que, aos gritos de “sem reitor”, se ratificou a bandeira.

Agora, após o golpe do DCE que conseguiu colocar esta bandeira em segundo plano, nos encontramos diante da eleição autoritária sem uma resposta à altura. Os gritos de “sem reitor” estão sendo abafados por essa política de defesa de um reitor que “represente o acúmulo construído pelos estudantes”. É a isso tem que servido a linha do DCE da democratização com as eleições paritárias, que foi posta em total oposição à luta por um governo soberano das três categorias. Acabaram por se submeter à burocracia chamando o voto [nulo] no processo eleitoral autoritário quando a tarefa era, e ainda o é, colocar os estudantes em movimento contra a burocracia universitária.

O movimento estudantil deve retomar a defesa do governo tripartite, eleito com mandato revogável, eleito com voto universal e submetido à assembleia geral universitária. É esta bandeira, defendida com o método da ação direta, que avançará o movimento estudantil na luta pela defesa da real autonomia e democracia universitárias.

Recepção dos calouros: já estão velando a luta de 2013, em 2014 já estará sepultada

Depois de um ano com as grandes mobilizações de junho e julho, da greve e ocupação da reitoria da USP em outubro/novembro, envolvendo 50 cursos, da prisão e tortura de estudantes da USP pela tropa de choque em 12/11, as direções do DCE e CAs se propõem a reeditar as calouradas festivas e despolitizadas, às vezes sob um verniz “de luta”. Colocar como tema a copa, os 50 anos da ditadura, a universidade em geral, a democracia de forma abstrata, é distracionismo diante da luta que travamos. É preciso levar aos que ingressam a discussão e propostas de ação para combater o autoritarismo e a repressão que se manifestam na USP. É isto o que procuraremos fazer, ainda que contra a tendência geral festiva e despolitizante.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Resposta às eleições para reitor na USP

A consulta da reitoria é uma farsa
Boicote por um governo tripartite

Os estudantes da USP fizeram uma grande mobilização em 2013. As primeiras assembleias da greve aprovaram a bandeira do governo tripartite, subordinado à assembleia geral universitária, sob os gritos de “sem reitor”. Uma parte importante dos estudantes se colocou pelo fim do poder da casta burocrática e conquista da real autonomia universitária, que só pode acontecer por meio do governo dos que estudam e trabalham na universidade. Os estudantes mobilizados superaram nesse momento a política de democratização da estrutura autoritária, defendida pela direção do DCE (PSol/PSTU), que pretendia pressionar a reitoria e o Conselho Universitário para chegar a um acordo ao redor de eleições diretas e paritárias para reitor e realização de uma estatuinte sob o poder da burocracia universitária, portanto jamais democrática e muito menos soberana. Mas as manobras da direção do DCE e sua política conciliatória e corporativista acabaram se provando falidas para conquistar a democracia na universidade. O desmonte da greve, por meio da renúncia às reivindicações que levariam a um choque com a reitoria (principalmente o governo tripartite), da aceitação política da imposição do termo de acordo da reitoria, das negociações por curso, da renúncia às manifestações de rua e unidade com os demais movimentos, tudo isso impediu que a grande mobilização impusesse uma derrota à casta burocrática que governa autoritariamente a USP a mando do governo. As eleições fajutas que na verdade levarão o governador a nomear o futuro reitor continuam. Elas começam agora com uma consulta demagógica e sem nenhum poder de decisão, onde votam estudantes, professores e funcionários em três dos quatro nomes que se inscreveram na disputa. Mas serão os membros das congregações, conselhos centrais e do C.O. quem de fato excluirá um deles da lista tríplice que será encaminhada ao governador.

CCA vota pela capitulação à farsa do Rodas

O Conselho de Centros Acadêmicos (CCA) discutiu no dia 07/12 o que fazer diante da consulta fajuta. Havia dois caminhos a seguir: ou se denunciava essa farsa defendendo o boicote ou se a legitimaria chamando os estudantes a votar. Os membros dos CAs, sem que houvesse qualquer decisão a esse respeito nas bases, votaram pela participação na consulta, defendendo o voto nulo.

Há uma grande diferença entre o boicote à consulta e o voto nulo nela.

O boicote significa a rejeição a essa farsa.

O voto nulo é a rejeição dos quatro candidatos inscritos.

É evidente que os quatro candidatos inscritos são todos farinha do mesmo saco. São chapas da própria burocracia, de grupos que disputam entre si o manejo arbitrário da universidade, respeitado o controle do governo. Na campanha, fazem uma série de críticas à gestão da qual participaram e promessas que não mudam em nada a universidade. São privatistas, elitistas, defensores do que há de mais retrógrado em relação ao ensino superior. Nessa disputa, não há quem possa ser apoiado pelos estudantes.

Mas, ao defenderem a participação na consulta, os dirigentes do movimento estudantil abrem a possibilidade de que, se houvesse um candidato “menos pior”, poderia ser apoiado nessa farsa. E se negam a denunciar o processo antidemocrático em si.

Essa posição é consequência de sua política de democratização da estrutura autoritária. Nem mesmo diante de uma farsa tão flagrante, essas direções são capazes de se contrapor. A defesa de que se escreva na cédula de votação “diretas para reitor” é a capitulação final dessas correntes, que desmontaram a greve estudantil. Concluem implorando para que possam participar das decisões da casta burocrática que governa autoritariamente a universidade a mando do governo e dos capitalistas.

Contra essa capitulação, defendemos o boicote à consulta fraudulenta, em defesa do governo tripartite na universidade, eleito pelo voto universal, de mandato revogável e subordinado à assembleia geral universitária, isso é a real democracia e autonomia universitária, e só será conquistado com a mobilização, que derrotará a burocracia autoritária e conquistará o controle da universidade pelos que estudam e trabalham.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Carta ao DCE e CAs sobre as eleições para reitor na USP

Carta ao DCE e aos Centros Acadêmicos

É necessária uma luta contra as eleições antidemocráticas em andamento

As frações burocráticas estão em disputa pela reitoria da USP. Os candidatos buscam arrastar os setores das burocracias locais ao redor de promessas. Costuram compromissos com os grupos que controlam as partes da universidade em troca de apoio. No final, dos quatro candidatos, três estarão na lista tríplice a ser submetida ao governador, que é quem de fato escolhe o reitor. Assim se concluirá a farsa. Na verdade, a disputa neste momento é a de quem será excluído dessa lista. A seguir, será de quem é o melhor instrumento de aplicação das imposições do governo à universidade. Essa disputa é oposta às reais necessidades dos que estudam e trabalham.

No próximo dia 10, a burocracia está chamando uma consulta para apontar os candidatos mais votados ao Conselho Universitário. Essa consulta é mais uma peça dessa farsa. Ela é meramente consultiva, palpiteira, o C.O. não tem nenhum compromisso em aplicá-la. Além disso, só concorrem aqueles que já se inscreveram no processo antidemocrático mantido pelo C.O. em 1º de outubro.

No dia 19 de dezembro, os burocratas das congregações e conselhos centrais vão votar e montar a lista tríplice, às costas dos estudantes, trabalhadores e professores. É preciso denunciar amplamente essa farsa e o autoritarismo da burocracia e do governo. Por isso, chamamos o DCE e os Centros Acadêmicos à que façam uma campanha de boicote a essa eleição e a essa consulta. Que convoquem assembleias nos cursos, e onde possível uma assembleia dos três setores, de forma a organizar nas unidades os protestos contra a farsa. Que defendam nessas assembleias a inviabilização da votação fajuta. Que retomem a defesa da real democracia e autonomia universitárias, que só podem existir por meio de um governo tripartite, eleito pelo voto universal, com mandato revogável e subordinado à assembleia geral universitária.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Um balanço da luta por democracia na USP

A luta por democracia na USP não se esgotou: foi desmontada pela direção

As duas principais lições que deu esse movimento: a política conciliadora e corporativista de pressão sobre a burocracia para obter a democratização da estrutura autoritária a partir de um acordo se mostrou falida; a real democracia e autonomia universitárias dependem da destruição do poder autoritário e constituição de um governo tripartite subordinado à assembleia geral universitária, o que depende de uma luta profunda contra a burocracia e o governo, e a unidade com os movimentos dos explorados contra os exploradores.


A greve estudantil por democracia na USP não acabou pela via da decisão democrática de uma assembleia geral. Em três assembleias, a direção do DCE (PSol/PSTU) tentou votar o fim da greve, da ocupação e a aceitação do termo imposto pela reitoria. Fracassou. O golpe de misericórdia foi dado dia 21/11, quando essa direção rompeu com a assembleia e a abandonou. Não houve votação do fim da greve. Ela acabou aos poucos, por conta da política da direção do DCE. Em oposição a isso, um setor dos estudantes, que se manifestou vigorosamente desde a assembleia de 1º de outubro, aprovando a bandeira do governo tripartite, aos gritos de “sem reitor”, se manteve firme e se mostrou disposto a enfrentar a reitoria e o governo até o fim.

Como a direção acabou com a greve e abriu caminho para a reintegração de posse da reitoria

As medidas da direção do DCE que levaram a greve ao desmonte:

1) Manobrou para deixar de lado as reivindicações que se chocavam com a reitoria (principalmente o governo tripartite e a dissolução do C.O., mas também outras como a contratação de professores necessários) e só negociar aquelas que a burocracia já tinha dado sinais que poderia ceder (as diretas pela LDB e a devolução dos blocos K e L à moradia eram promessas de Rodas, e a estatuinte tem o apoio da maioria do C.O.);

2) Negociou reivindicações locais e assim retirou cursos e unidades da greve antes de obter qualquer conquista geral (vide Educação Física, Relações Internacionais e São Carlos);

3) Acatou a violência do governador contra o movimento, com a repressão desfechada em 15/10, e passou a limitar as manifestações ao interior da universidade;

4) Ajudou a quebrar o isolamento da reitoria, que teve seu pedido de reintegração de posse rejeitado em 1ª e 2ª instâncias, enquanto não negociava – o reitor iniciou então uma farsa de negociação (fora da USP), onde não concedia nada, reafirmava promessas anteriores e garantia a repressão – cabia à direção denunciar que a negociação era uma farsa e que a reitoria não estava cedendo nada de concreto: ao não fazê-lo, criou as condições políticas para a reitoria reivindicar novamente a reintegração e obtê-la no judiciário;

5) Passou a defender o fim da greve e fazer campanha por isso dentro e fora da USP, mesmo diante de um termo de acordo rejeitado POR UNANIMIDADE na assembleia de 31/10. O movimento foi sendo atacado nas assembleias de curso. A direção se apoiou no setor conservador, antigreve em geral, para ir acabando com a greve em cada unidade.

6) Diante da reintegração de posse da reitoria pela Tropa de Choque e prisão arbitrária, com tortura, de dois estudantes da USP, manteve chamando o fim do movimento e se contrapondo à ida às ruas. Esses novos fatos mereciam uma resposta firme dos estudantes e poderiam alavancar a mobilização, mas foram sufocados pela política da direção.

Uma política falida diante da luta pelo controle da universidade pelos estudantes, professores e funcionários

A trajetória da direção do DCE durante a greve se orientou para o objetivo de reformar a atual estrutura de poder da universidade, através de um acordo com a casta burocrática que resultasse numa maior participação de estudantes e funcionários nos organismos decisórios. Procurou para isso se apoiar na disputa entre as frações burocráticas, indicada anteriormente pelas declarações do reitor de mudar a forma de eleição aplicando a LDB à USP e realizando eleições diretas (70% professores, 15% estudantes e 15% funcionários). O movimento pretendido pela direção do DCE não se colocava pela destruição da atual estrutura de poder autoritária. Por isso essa direção se contrapôs, já na primeira assembleia, no dia da ocupação da reitoria, às bandeiras de Governo Tripartite subordinado à assembleia geral universitária, e Dissolução do C.O. Essas reivindicações, apoiadas pela maioria de estudantes que então se mobilizaram, levariam necessariamente a um profundo conflito com a casta burocrática e autoritária que governa a universidade.

A direção do DCE pretende se potenciar no interior da burocracia universitária e influenciar os órgãos de poder. Por isso, coloca-se pela defesa da democratização da estrutura autoritária, a ser defendida por meio de pressão limitada do movimento estudantil sobre a casta dirigente da universidade.

A política da democratização não leva a uma mudança no poder, por mais ampla que seja a reforma pretendida (e a anunciada pela direção do DCE é bem pequena). Os burocratas que detêm o poder, parasitas da instituição pública, controladores autoritários dos recursos públicos e canal de favorecimento das parcerias privadas, privatistas, elitistas, expressão do obscurantismo e reação na educação, podem apresentar cisões internas e se colocar por reformas de aparência democrática. Mas não cederão o poder, nem o dividirão. Será preciso tomar o poder de suas mãos por meio da força da mobilização. Essa é a perspectiva política da defesa do Governo Tripartite, oposta à linha de democratização, que se provou falida nesta mobilização.

A importância da aprovação pela assembleia do governo tripartite

O fato de a assembleia ter aprovado a noção de que a universidade deve ser dirigida pelos três setores é um enorme passo adiante. Questiona o fundamento antidemocrático burguês de que os professores devem deter o monopólio do controle da universidade. Na realidade, nem são os professores que exercem o poder universitário, mas os seus quadros burocráticos, principalmente aqueles mais vinculados ao Estado e ao empresariado e até mesmo a iniciativa privada, que também compõe o C.O.. O governo tripartite rompe esse monopólio e se opõe ao burocratismo.

A autonomia universitária resulta do rompimento do controle do Estado burguês e da burocracia docente sobre a universidade. Estudantes, funcionários e professores mobilizados e unificados pela assembleia universitária impõem seu controle, portanto seu governo. Esse é o conteúdo do governo tripartite, eleito pelo voto universal. Em circunstância mais avançada das conquistas, a própria assembleia universitária poderá eleger o governo da universidade. É obrigatório o critério de revogabilidade do mandato pela assembleia universitária.

A autonomia universitária é uma bandeira transitória de luta pelas transformações socialistas. É democrática porque se trata de uma tarefa que deveria ser realizada pela própria burguesia. O seu caráter de transição indica que faz parte de um conjunto de tarefas que levam à luta das massas pelo socialismo. Não poderá ser realizada plenamente no âmbito do capitalismo. Somente o programa da classe operária poderá responder às tarefas democráticas não cumpridas pela burguesia, entre elas a autonomia universitária.

A luta pelo controle de quem estuda e trabalha da universidade é a via para se romper a camisa de força imposta pelo capitalismo putrefato à educação. A autonomia universitária estabelece o governo da universidade por estudantes, professores e funcionários. A mudança na relação de poder na universidade, portanto, política, permitirá assumir coletivamente o objetivo de vincular verdadeiramente a educação à produção social, sob a direção do proletariado.

A autonomia universitária só poderá ser imposta com uma luta conjunta com as massas exploradas que hoje se encontram fora da universidade. As lutas do movimento estudantil não podem ser corporativistas, é preciso buscar a unidade com os movimentos. Unir-se aos setores em luta a cada momento. A exemplo das lutas conta a repressão policial que têm ocorrido recentemente.

Um passo importante para a unidade da juventude oprimida é a luta por educação pública e gratuita para todos em todos os níveis, que só será possível com a expropriação do ensino privado, sob controle dos que estudam e trabalham, ou seja, AUTÔNOMA em relação aos governos. Assim, essa luta se liga à defesa do Governo Tripartite.

É necessária uma luta contra as eleições antidemocráticas em andamento

As frações burocráticas estão em disputa pela reitoria da USP. Os candidatos buscam arrastar os setores das burocracias locais ao redor de promessas. Costuram compromissos com os grupos que controlam as partes da universidade em troca de apoio. No final, dos quatro candidatos, três estarão na lista tríplice a ser submetida ao governador, que é quem de fato escolhe o reitor. Assim se concluirá a farsa. Na verdade, a disputa neste momento é a de quem será excluído dessa lista. A seguir, será de quem é o melhor instrumento de aplicação das imposições do governo à universidade. Essa disputa é oposta às reais necessidades dos que estudam e trabalham.

No próximo dia 10, a burocracia está chamando uma consulta para apontar os candidatos mais votados ao Conselho Universitário. Essa consulta é mais uma peça dessa farsa. Ela é meramente consultiva, palpiteira, o C.O. não tem nenhum compromisso em aplicá-la. Além disso, só concorrem aqueles que já se inscreveram no processo antidemocrático mantido pelo C.O. em 1º de outubro. Os que estudam e trabalham devem boicotar essa consulta, e, quando pressionados a participar (funcionários), anular o voto escrevendo na cédula: por um Governo Tripartite!

No dia 19 de dezembro, os burocratas das congregações e conselhos centrais vão votar e montar a lista tríplice, às costas dos estudantes, trabalhadores e professores. É preciso denunciar amplamente essa farsa e o autoritarismo da burocracia e do governo. Convocar assembleias nos cursos, melhor se forem dos três setores, de forma a organizar nas unidades os protestos contra a farsa. Defender nessas assembleias a inviabilização da votação fajuta. Retomar a defesa da real democracia e autonomia universitárias, que só podem existir por meio de um governo tripartite, eleito pelo voto universal, com mandato revogável e subordinado à assembleia geral universitária.