quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tropa de Choque desocupa reitoria da Unesp e prende 119 estudantes

Mais uma vez Alckmin/PSDB viola a autonomia universitária

Tropa de Choque desocupa reitoria da Unesp e prende 119 estudantes

Na madrugada deste dia 17 de julho de 2013, a Tropa de Choque desocupou o prédio da reitoria da Unesp, que tinha sido ocupado por cerca de 120 estudantes no dia anterior. A polícia entrou quebrando portas e arrastou os estudantes para três ônibus, levando-os presos para a 2ª delegacia de polícia, liberando-os pouco depois do registro da ocorrência. Em algumas horas, a reitoria/governo, o judiciário e a polícia articularam a chamada “reintegração de posse”. E a ocorrência pode servir de base a novos processos contra os estudantes.

A nova ocupação da reitoria (já tinha havido uma em 27/06) foi uma medida de força tomada pelos estudantes, discutida em plenária estadual no dia 14/07, para pressionar a reitoria e o governo do PSDB a atenderem as reivindicações de seu movimento, que exige permanência estudantil, equiparação das bolsas e salários aos da USP e Unicamp, paridade nas instâncias deliberativas de permanência estudantil da universidade, fim dos processos políticos contra estudantes e contra o Pimesp. Atualmente, são 14 dos 34 campi que estão em greve há mais de um mês, sendo que alguns estão há 3 meses!

A vice-reitora passou a negociar com os estudantes, prometeu atender em parte as reivindicações durante a última ocupação, mas nada de concreto aconteceu. Na nova negociação deste dia 16/07, só mais mentiras. Por isso, os estudantes mantiveram a decisão de reocupar a reitoria. A ocupação do prédio no centro de São Paulo visava a projetar o movimento para fora da universidade, e com isso aumentar a pressão sobre o governo intransigente. A resposta de Alckmin veio por meio da corporação especializada em reprimir movimentos, a Tropa de Choque no interior da universidade.

O movimento estudantil, no seu conjunto, tem de exigir: fim da repressão, fora a polícia da universidade, liberdade a todos os presos políticos, atendimento das reivindicações dos que estudam e trabalham!

O governo Alckmin tem aplicado de forma autoritária sua política privatista, elitista e de precarização das universidades públicas paulistas. A destruição da permanência estudantil repercute na expulsão de estudantes de baixa renda da universidade. O Pimesp foi sua resposta elitista e racista à aprovação da lei de cotas, impondo um curso intermediário entre o ensino médio e superior, precarizado e favorecedor dos capitalistas do ensino a distância e impondo condições absurdas de aprovação. A disparidade entre bolsas e salários das universidades serve de elemento de divisão, enfraquecimento do quadro profissional e favorece a terceirização. A repressão por meio de processos políticos visa a cortar as cabeças das lideranças estudantis e impor o terror contra os que se mobilizam. Tudo isso é feito por meio do autoritarismo da casta burocrática, comprada pelo governo e capitalistas para impor suas medidas no interior da universidade. As direções das universidades, manejadas pelo governo, se chocam com os interesses da maioria, impondo suas medidas ditatorialmente. Inclusive com auxílio da Tropa de Choque agindo dentro da universidade, como também já ocorreu recentemente na USP.

O movimento da Unesp começou antes das manifestações de junho. Mas tem permanecido isolado dos demais estudantes das estaduais paulistas, em grande parte por causa da política corporativista das direções de DCE e maiorias dos CAs da USP e Unicamp. Com toda a mobilização que aconteceu em junho, é absurdo que as direções não tenham convocado assembleias gerais de estudantes e organizado a unidade na luta com a Unesp. Com toda a repressão que tem sido desfechada contra os movimentos, em particular contra os estudantes, é inaceitável que não exista empenho em unir a luta em defesa dos processados e perseguidos políticos!

O movimento da Unesp se choca concretamente com a política de Alckmin e manifesta a ausência de autonomia e democracia universitárias. Por trás das necessidades dos estudantes pobres, está a necessidade de que a universidade esteja sob controle coletivo de quem nela estuda e trabalha, organizados na assembleia geral universitária soberana e com um governo tripartite subordinado a ela, de forma a poder decidir como se organiza e onde se gastam as verbas da universidade, que devem vir do governo sem nenhuma ingerência. Trata-se de uma conquista a ser alcançada por meio da luta geral dos estudantes, e em unidade com os movimentos dos explorados. Somente colocando a universidade ao lado dos explorados contra os exploradores se alcançará a real autonomia universitária. A base dessa autonomia é a mobilização e a organização da assembleia geral universitária, por onde se alcançará a real democracia universitária.

É preciso cercar o movimento da Unesp de apoio e solidariedade. E torná-lo em base para uma luta mais geral e unificada contra o governo ditatorial/repressivo de Alckmin/PSDB. A convocação massiva dos estudantes da USP e Unicamp é necessidade imediata! Mas se trata das organizações gerais dos estudantes (UNE, ANEL) chamarem à luta o conjunto do movimento estudantil. No desenvolvimento dessa luta, se criarão as condições para a unidade com o movimento operário e as lutas populares. Desde que se levantem as bandeiras que correspondem às reais necessidades dos explorados e oprimidos, em oposição e de forma independente da burguesia, seus partidos, governos e organizações. Que se organizem as mobilizações com os métodos próprios dos explorados. Que se organizem esses movimentos sobre a base da democracia direta e de base, com assembleias e comandos por local de estudo, trabalho e moradia.

Derrotemos a ofensiva policial de Alckmin/PSDB contra o movimento estudantil!

Pelo atendimento imediato das reivindicações!

Nenhuma punição aos estudantes em luta pela universidade pública!