quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Farsa eleitoral na FFLCH e defesa da Amanda - USP

A farsa se revelou: Sergio Adorno é indicado pela Congregação da FFLCH, à revelia da consulta

    O chamado colégio eleitoral da FFLCH (Congregação + Departamentos + Comissões) indicou na última segunda-feira, 24/09, os nomes da lista tríplice a ser enviada ao reitor-interventor para a escolha final do diretor da faculdade. Como já era previsto, os burocratas que mandam na faculdade não deram a menor bola para o resultado da consulta que eles mesmos organizaram com a finalidade de dar uma fachada democrática ao processo antidemocrático de escolha do diretor da faculdade.
    A consulta indicou o nome do professor Osvaldo Coggiola. Mas o colégio eleitoral votou assim: 122 votos para Sergio Adorno, 69 votos para João Roberto Gomes de Faria (que nem sequer concorreu na consulta) e só 47 votos ao prof. Coggiola.
    A farsa se revelou. A consulta só servia para iludir uma parcela de estudantes, professores e funcionários com uma lorota: a de que esse mecanismo poderia servir para tornar menos antidemocrático o processo de escolha. Mas o que se viu é que a quase totalidade dos membros do colégio eleitoral ignorou o resultado da consulta organizada por eles mesmos e indicou o nome identificado com a política privatista, elitista e de precarização da universidade do reitor-interventor Grandino Rodas.
    Poucos dias antes, em 20/09, esse mesmo colégio eleitoral teve de suspender a votação por conta de um protesto dos estudantes, que reivindicavam a anulação dessa escolha e a convocação de novas eleições. Durante esse protesto, comprovou-se pela prática o acerto da resolução votada na plenária de estudantes da FFLCH em 18/09, que não apoiava nenhum dos candidatos. O candidato “de esquerda”, Coggiola, assumiu a defesa do processo antidemocrático e a condenação da manifestação estudantil. Pouco depois, assinou um manifesto conjunto com o candidato pró-Rodas com o mesmo conteúdo, enviado pelo e-mail institucional da faculdade a todos.
    Defendemos desde a assembleia de base da Letras uma resolução que caracterizava o processo como um todo (incluída a consulta) como antidemocrático, reivindicamos um posicionamento dos candidatos acerca das reivindicações estudantis e condicionamos a posição dos estudantes, que só poderia ser a de nossos fóruns legítimos (assembleia de curso e plenária da faculdade), a um posicionamento público acerca de nossas necessidades.
    O adiamento da realização da escolha, por força da pressão estudantil, e o fato da burocracia universitária ter sido obrigada a se posicionar a respeito foi um avanço. Ainda não tivemos força suficiente para transformar a escolha do diretor num processo que expresse a vontade da maioria dos que estudam e trabalham. Para isso, é preciso aumentar a mobilização ao redor de nossas reivindicações, que colocarão de forma concreta a necessidade de liquidar com a atual estrutura de poder antidemocrática, que serve à ingerência da burguesia e de seus governos sobre a universidade, e impor a real autonomia e o controle coletivo dos que estudam e trabalham.


    Propostas de resolução à plenária de estudantes da FFLCH:

    1) A plenária de estudantes da FFLCH reafirma sua caracterização acerca do caráter antidemocrático da escolha do diretor da faculdade, aí incluída a consulta realizada à margem de estudantes, funcionários e da maioria dos professores. A votação feita pelo colégio eleitoral em 24/09/12 provou que a consulta era uma farsa e que o que valeu de fato foi o processo antidemocrático estatutário, que no final determina que o reitor é quem de fato impõe o diretor.
    2) A plenária caracteriza o adiamento da votação, por força da pressão da mobilização estudantil, e imposição à burocracia de se posicionar acerca do problema (inclusive com uma declaração conjunta dos candidatos pelo e-mail institucional) como um avanço, um passo progressivo no caminho do objetivo de abolir a atual estrutura de poder antidemocrática e substitui-la pelo controle coletivo dos que estudam e trabalham, que é a real democracia universitária.
    3) A plenária reafirma a proposta de convocação de uma assembleia conjunta de estudantes, professores e funcionários da faculdade para discutir e deliberar sobre a questão.


    Pela anulação da decisão do CCA/FFLCH que proíbe o DCE de convocar a base para discutir e deliberar

    O Conselho de Centros Acadêmicos (CCA) da FFLCH votou por maioria no último dia 21/09 uma resolução que afirma que somente os CAs ou o CCA da FFLCH podem convocar os estudantes para discussão e deliberação, procurando impedir que o DCE possa fazê-lo.
    A resolução ataca a organização geral do movimento estudantil, pois o DCE, independente de qual seja sua gestão (à qual nos opomos), é uma instância geral do movimento estudantil e deve atuar em todos os espaços do movimento.
    A resolução de limitar a convocação de estudantes apenas ao CA de seu curso ou ao CCA de sua faculdade tem por objetivo a preservação do controle burocrático de sua direção local sobre o movimento estudantil.
    A plenária da FFLCH deve reafirmar que o movimento não tem dono, que os cursos não são feudos e que a luta dos estudantes pode e em muitos casos deve ultrapassar as direções.
    Por isso, a resolução do CCA que limita a atuação do DCE deve ser revogada pela plenária, que é soberana para isso.

Amanda foi eliminada da USP e está ameaçada de despejo, junto a seu filho de dez meses, por ter lutado por moradia para TODOS!
Agora é hora de TODOS lutarem em defesa de Amanda, impedindo seu despejo!

    Em dezembro de 2011, em meio às férias e próximo ao Natal, com a universidade esvaziada, o reitor-interventor Rodas, através de uma comissão processante, eliminou da USP 8 estudantes, entre eles Amanda Freire. O crime cometido por esses estudantes supostamente foi o de terem participado do movimento de ocupação de parte do bloco G, antes entregue pela reitoria ao Banco Santander, e retomado o espaço como moradia estudantil. Daí o nome de Moradia Retomada. O movimento aconteceu no início de 2010.
    A medida se baseou num regimento de 1972, elaborado em plena ditadura militar, que contém a pena de eliminação (expulsão sem direito a nenhum futuro vínculo de qualquer natureza com a USP). Esse regimento, que na época expressava a relação repressiva que dominava o país, foi ressuscitado pela reitoria para fundamentar a onda repressiva atual. Há centenas de processos políticos em andamento contra estudantes e dirigentes sindicais na USP, todos eles baseados nesse mesmo regimento. Todos eles acusam os estudantes por terem defendido a autonomia universitária (contra a presença da PM no campus), a democracia universitária (fim dos processos políticos) ou por terem participado de ações coletivas (catracaço no bandejão, ocupação da reitoria, piquetes em greves etc.). Os processos são ataques às bandeiras e métodos de luta dos movimentos. Por isso, eles são ataques a TODOS, embora formalmente se dirijam individualmente a dezenas de estudantes e funcionários. A Adusp, sindicatos de professores, está sob a ameaça de processo por ter se manifestado na imprensa sobre denúncias contra a administração da universidade.
    Amanda lutava por si e por uma necessidade de TODOS: o direito à moradia estudantil. Por isso foi processada e eliminada. Agora, a reitoria quer despejá-la do CRUSP, ela e seu filho de dez meses, pelo mesmo motivo. Embora essa crueldade seja manifestada sobre sua pessoa, nela está contido um ataque a todos e ao direito de todos de se mobilizarem por suas reivindicações. É por isso que é dever de TODOS saírem em defesa de Amanda. Impedir seu despejo com a ação coletiva.
    Por isso, convocamos todos a participarem da manifestação pela permanência de Amanda, na manhã de segunda (01/10) no bloco A do CRUSP.
    E pelo fim dos processos e perseguições políticas na USP. Pela reintegração do diretor sindical Brandão, demitido político. Pela reintegração aos quadros da universidade dos oito estudantes eliminados. Pela revogação do regimento da ditadura militar. Pela real autonomia e democracia universitárias!

Processos = Ataques às bandeiras do ME

    O regimento disciplinar de 1972 é um instrumento jurídico da ditadura militar que serviu para perseguir os lutadores naquela época. A atual reitoria da USP está fazendo uso da mesma ferramenta, pois pratica também a repressão contra os movimentos, parte de uma ofensiva repressiva geral que tem atacado greves, sindicatos, movimentos de sem-terra e sem-teto.
    Os processos são um ataque da reitoria às bandeiras e métodos de luta do ME. Não se trata apenas de perseguição a quem pensa diferente, como defende a direção do DCE. Não há uma unidade ideológica entre os processados que seja objeto do ataque da reitoria/governo. Os processados são a expressão da luta pela autonomia universitária, por moradia, pelas liberdades democráticas de organização e manifestação, para lutar por tudo isso participaram dos movimentos de ocupação, greve e catracaço, e por isso estão na mira da burocracia. Trata-se de um ataque ao conjunto do movimento e sendo assim, defendemos que seja dada uma resposta unitária de todos à burocracia.
    A defesa dos processados deve se ligar à defesa do conteúdo e das bandeiras do movimento que esses companheiros expressam. As nossas bandeiras (fim dos processos, fim do regimento de 72 e fora PM) precisam ser reerguidas bem alto. Nossa campanha não se limita à solidariedade aos presos. Ela deve partir para a retomada da mobilização do ano passado pelas reivindicações que foi abortada no início desse ano. Nossos métodos: Assembleias, greve, ocupações, manifestações de rua. É esse o caminho para reverter os ataques da reitoria e levar o ME à vitória.
    O regimento de 1972 será derrotado pela força da mobilização. A repressão aos movimentos é uma tendência geral. A lei anti-greve, as multas aos sindicatos, prisões e até mesmo assassinatos, são demonstrações disso. Cabe ao ME estudantil dar o primeiro passo rumo à unificação de todos esses setores na luta contra o Estado opressor.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Estudantes barram votação antidemocrática de diretor na FFLCH

Estudantes barram votação antidemocrática de diretor na FFLCH
Nova manifestação HOJE, segunda-feira, 24/09/12, a partir das 8 horas, no vão da História e Geografia!

    Na última quinta-feira, 20/09, cerca de 150 estudantes realizaram um protesto contra a escolha do diretor da FFLCH. A manifestação inviabilizou a realização da votação, que foi adiada. Essa manifestação foi convocada a partir de uma plenária de estudantes da FFLCH, chamada pelos CAs, precedida de assembleias e convocada nas salas de aula nos cursos.
    A direção da faculdade e os candidatos foram obrigados a se pronunciar a respeito pelo email institucional. Os candidatos Sergio Adorno e Osvaldo Coggiola, num manifesto conjunto, condenaram a manifestação estudantil e defenderam o processo antidemocrático atual. O que prova o acerto da resolução da plenária de estudantes da FFLCH de não apoiar nenhum dos dois candidatos, pois nenhum deles se comprometeu com as reivindicações estudantis, dentre elas a de democracia na escolha dos dirigentes da universidade em todos os níveis.
    Essa votação se restringe aos membros da Congregação, comissões e conselhos departamentais. Ela indica uma lista que ainda é submetida à escolha final do reitor. Os estudantes, funcionários e a maioria dos professores são excluídos do processo de votação. Ainda que seja precedida de uma “consulta à comunidade”, no final o que vale mesmo é a decisão do reitor, sobre a base da “votação” feita por uma ultraminoria. Por isso ela é totalmente antidemocrática e deve ser rechaçada.
    A manifestação estudantil reivindica a anulação do processo atual e a realização de novas eleições, desta vez de fato democráticas. O Conselho de Centros Acadêmicos da FFLCH aprovou no dia 21/09 um chamado de uma plenária de estudantes, professores e funcionários para organizá-las.
    Para fazer valer a vontade da maioria, vamos todos nos manifestar diante da nova “votação” agendada: TODOS AO VÃO DA HISTÓRIA E GEOGRAFIA! ABAIXO A ESCOLHA ANTIDEMOCRÁTICA DO DIRETOR! PELO CONTROLE COLETIVO DA FACULDADE PELOS QUE ESTUDAM E TRABALHAM!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Eleições para diretor da FFLCH USP

13 de setembro de 2012
Eleições para diretor da FFLCH e a democracia universitária

    Estudantes, professores e funcionários; defendemos a eleição direta, universal, secreta para constituir o governo da universidade e a revogabilidade do mandato por aqueles que se elegeram. O mesmo se aplica às unidades, como a FFLCH. A definição da autoridade universitária e de toda a administração do campus por quem trabalha e estuda é parte da autonomia universitária. Mas, na presente eleição para diretor, não estamos diante disso e não expressaremos com nosso voto a democracia universitária.
    As eleições e as candidaturas apresentadas são uma caricatura de democracia. As regras ultrarrestritivas para apresentar candidaturas, o voto qualificado do professor, o diminuto peso proporcional do voto estudantil, a lista tríplice (que formalmente não será apresentada, pois há um acordo de que só se levará ao reitor o nome vencedor da consulta) e a decisão final da escolha pelo reitor tornam as eleições do diretor uma farsa. Não contribuímos com a luta pela autonomia e democracia universitárias apenas votando numa consulta e elegendo mais um representante da burocracia. Devemos afirmar os princípios democráticos exigindo eleições livres, com o direito de apresentar as candidaturas de acordo com a inserção na universidade, não importando os títulos e as classificações burocráticas.
    Não nos enganemos com aqueles que querem apenas mudanças cosméticas na estrutura e funcionamento da universidade. Que não vão além da defesa da representação paritária. Lutamos pela democracia e autonomia universitárias plenas.
    Eleger um diretor não é um fim em si mesmo. A gestão da faculdade deve ser arrancada das mãos da burocracia, do Estado e dos politiqueiros da burguesia. Uma verdadeira eleição expressa o poder real dos três setores: estudantes, funcionários e professores, portanto com maioria estudantil. Deve caminhar por formar um governo tripartite da unidade, parte da mesma estrutura de poder na universidade. A noção de que somente os professores – e principalmente os doutores – podem dirigir a universidade é uma premissa emanada do Estado e, portanto, da classe burguesa. O governo da universidade é essencialmente político, cuja diretriz social é fundamental para o ensino e para a administração da instituição.
    Com base nessa compreensão, defendemos que se deve formar uma autoridade tripartite, eleita diretamente, pelo voto universal e secreto. Rechaçamos a impostura de que a elite pensante encarna a autoridade natural do processo de ensino e de funcionamento institucional da universidade. Essa premissa se baseia na autoridade burocrática e no controle externo da universidade pelos governos, portanto, em última instância, pelos partidos da burguesia.
    Nosso movimento estudantil se encontra aquém quanto à luta pela democracia e autonomia universitárias, bem como da defesa do ensino público e gratuito, vinculado à produção social. Mas esse é o caminho que terá de percorrer, impulsionado pela degradação da educação. Os conflitos, como o que vivemos na USP no final do ano passado, exigem a constituição da assembleia universitária, organismo máximo de poder e soberania. Um dos obstáculos a sua convocação se encontra no profundo conservadorismo do corpo docente. Não obstante, nos deparamos com um obstáculo fundamental que é a defasagem política existente entre as massas estudantis desorganizadas e as condições objetivas de desintegração do ensino, que colocam o movimento estudantil na dependência das ações da burocracia universitária, ou seja, a reboque dos professores.
    A luta pela independência política dos estudantes e por tornar o movimento estudantil uma força decisiva nas mudanças passa pela luta em torno da autonomia e democracia universitárias. Ou os estudantes assumem a tarefa de controlar coletivamente o ensino, ou a burocracia acadêmica, que é um apêndice do Estado, continuará a comandar a degradação da educação.
    Os estudantes não podem desconhecer que o poder de uma casta de docentes sobre a universidade emana da economia e da política capitalistas. Distinto seria e será, no momento em que a classe operária passar a exercer seu poder sobre a sociedade em sua tarefa histórica de substituir a sociedade de classe pela sociedade sem classes.
    A defesa da autonomia universitária, do fim do ensino mercantil, da implantação do sistema único, estatal, gratuito e controlado por quem estuda e trabalha e da superação da divisão entre a teoria e a prática, entre o ensino e a produção social, vem do programa da classe operária. Nenhuma outra classe – nem a burguesia, nem a pequena-burguesia – pode defender a transformação da educação e a educação transformadora do homem a não ser a classe operária.
    É essa posição que apresentamos aos estudantes, professores e funcionários da FFLCH. Não nos deixemos arrastar pela farsa democrática das eleições para diretor. Levantemos o programa de democracia e autonomia universitárias.

A consulta na FFLCH

    A escolha do diretor na FFLCH não rompe com a estrutura vigente no restante da universidade. A inscrição dos candidatos, feita em plena semana de feriado (sem aulas e sem estudantes), estabeleceu apenas dois nomes oficiais na disputa: Sergio Adorno (Ciências Sociais), e Osvaldo Coggiola (História). Seus programas foram enviados a professores, estudantes e funcionários, via e-mail.
    Para os estudantes, diante da farsa eleitoral em que são chamados a votar sem poder interferir na inscrição dos candidatos, tendo seu peso reduzido na votação através do critério da paridade (vide o que ocorreu na FEA, onde a maioria esmagadora votou contra as catracas mas venceu a sua instalação por causa dessa paridade), não cabe apoiar ou palpitar como deve ser exercida a administração no quadro de uma estrutura antidemocrática vigente. O que não quer dizer que não se deva fazer nada.
    É possível discutir e aprovar em assembleia uma posição coletiva dos estudantes diante da escolha do diretor. Reivindicar por exemplo que os candidatos se pronunciem acerca das reivindicações dos estudantes e da própria falta de democracia na universidade. Essa proposta permite que se exponham as intenções dos candidatos e se os leve a compromissos com as reivindicações. No caso de se negar a assumi-las, não cabe apoiar com o voto, cabe é organizar a luta contra quem se declara contra as necessidades estudantis. No caso de se comprometer com as demandas estudantis, pode-se chamar criticamente o voto no candidato e exigir o cumprimento dos compromissos assumidos publicamente. Que certamente dependerão é da força da mobilização, e não de qualquer discurso.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A luta pela construção do prédio da UNIFESP Guarulhos no Pimentas e a eleição para reitor

10 de Setembro de 2012
A luta pela construção do prédio e a eleição para reitor
Apresentação

    Este Boletim da Corrente Proletária Estudantil trata de dois problemas: a luta pela construção do prédio e a eleição para reitor. Mas há um ponto essencial que permeia os acontecimentos ocorridos na Unifesp de Guarulhos: a criminalização do movimento estudantil.
    O embate entre os estudantes e a burocracia universitária, que envolveu o governo federal, resultou na invasão policial do campus, prisão de dezenas de estudantes e processos administrativos e judiciais. Aconteça o que acontecer a história da implantação da Unifesp está marcada pela combatividade dos estudantes que se destacaram espontaneamente na luta, das posições desenvolvidas pelas correntes que atuam no movimento e pela brutal repressão.
    O comando da greve sustentou a luta por cinco meses, suportando todo tipo de pressão e enfrentando com valentia a incursão da polícia federal e estadual. O reitor e a camarilha de docentes que se vale de postos na     burocracia (departamentos, conselhos, congregação, etc.) apoiaram sua inflexibilidade, expressando a inflexibilidade do governo Dilma Rousseff, na repressão policial. Os meios pacíficos, como mandar cartas aos estudantes, usar os professores para convocar osalunos a voltarem às aulas, etc. não conseguiram demover os grevistas.
    A esperança da reitoria era de esvaziar o movimento pelo tempo e pela ameaça de perda do semestre. Contou com a despolitização e desorganização que ainda predominam no meio estudantil. A passividade de uma boa parcela seria o antídoto natural contrário à greve. Como se vê, a reitoria e o governo federal detinham bons trunfos para vencer pelo cansaço e pelas pressões institucionais. Mas se depararam com um imponente obstáculo: um comando formado por estudantes destemidos e convencidos de que a Unifesp de Guarulhos somente seria colocada em pé por meio da luta estudantil.
    Essa vanguarda não se forjou de uma hora para outra. Desde 2007, quando ingressou a primeira turma, a bandeira de uma verdadeira universidade pública e gratuita foi levantada bem alto no bairro pobre dos Pimentas. Não por acaso, as primeiras prisões e processos vêm de 2008. Os estudantes ameaçados de expulsão evidenciam o avanço da criminalização dos movimentos sociais - das greves operárias às ocupações camponesas, passando pela luta estudantil.
    Quanto às correntes que atuaram na greve, nem todas organizaram a ocupação e nem todas sofreram o peso da repressão policial. O PSTU e PCB taxaram o comando de esquerdismo e sectarismo. Não somente não organizaram a resistência aos ataques da reitoria e do governo, como indevidamente nos combateram. Não puderam aceitar, devido a sua política oportunista, que a ocupação servisse de esteio da greve. Lamentavelmente, não contribuíram para a dura resistência.
    Esse percurso dos acontecimentos não deve ser obscurecido. Agora, estamos diante do embate com a camarilha de professores que pretende se apropriar de nossa conquista e transferir o campus da Unifesp ou desmembrá-lo. É preciso quebrar a manobra dos sabotadores.
    A assembleia que decidiu pelo fim da greve padeceu de fraqueza política. Não assumiu a responsabilidade de manter o movimento organizado perante o anúncio de que enfim a reitoria ativaria a construção do prédio central. Novamente o PSTU e o PCB jogaram contra a organização ao vencerem com a proposta de a assembléia não discutir nada além das propostas de fim ou de continuidade da greve. Valeram-se do cansaço da greve e da despolitização da parcela majoritária da assembleia, que durante a greve ficou passiva.
    Temos pela frente, portanto, a tarefa de reestruturar o movimento sobre dois pontos: construção imediata do campus de Guarulhos, sem desmembramento, e defesa dos estudantes ameaçados pelos processos. Além disso, não podemos ficar alheios às eleições para reitoria. Trata-se de atuar no pleito defendendo as reivindicações do movimento e desmascarando a falsa democracia. Trata-se de reativar as assembleias e restabelecer o curso das decisões coletivas.
    A Corrente Proletária Estudantil chama os estudantes a fortalecer a luta pelas bandeiras que impulsionaram a luta desde 2007 e a participar em nossas formulações e campanhas. Organizem-se na Corrente Proletária Estudantil.

Diante das eleições, fazer uma campanha em defesa das reivindicações

    Nenhum candidato defende um programa de autonomia e democracia universitárias. Nenhum candidato se colocou contra a invasão policial do campus. Nenhum deles se levantou em defesa dos estudantes processados. Nenhum se colocou contra a criminalização do movimento social.
    Chamamos os estudantes, os professores (aqueles que guardam independência perante a burocracia) e os funcionários a constituírem um comitê de defesa da autonomia e democracia universitárias, de luta pela edificação da Unifesp do bairro dos Pimentas, pela imediata retirada dos processos administrativo e judicial contra os estudantes lutadores. Por uma universidade controlada por quem estuda e trabalha!

    Eleições para reitor e a democracia universitária

    Estudantes, professores e funcionários; defendemos a eleição direta, universal, secreta para constituir o governo da universidade e a revogabilidade do mandato por aqueles que se elegeram. A definição da autoridade universitária e de toda a administração do campus por quem trabalha e estuda é parte da autonomia universitária. Mas, na presente eleição para reitor, não estamos diante dessa tarefa e não expressamos com nosso voto a democracia universitária.
    As eleições e as candidaturas apresentadas são uma caricatura de democracia. As regras ultrarrestritivas para apresentar candidaturas, o voto qualificado do professor, o menor peso proporcional do voto estudantil, a lista tríplice e a decisão final da escolha pelo governo tornam as eleições do Reitor uma formalidade e uma farsa. Não contribuímos com a luta pela autonomia e democracia universitárias elegendo mais um representante da burocracia. Devemos afirmar os princípios democráticos exigindo eleições livres, com o direito de apresentar as candidaturas de acordo com a inserção na universidade, não importando os títulos e as classificações burocráticas.
    Não nos enganemos com aqueles que querem apenas mudanças cosméticas na estrutura e funcionamento da universidade. Que não vão além da defesa da representação paritária. Lutamos pela democracia e autonomia universitárias plenas.
    Eleger um Reitor não é um fim em si mesmo. A gestão da universidade deve ser arrancada das mãos da burocracia, do Estado e dos politiqueiros da burguesia. Uma verdadeira eleição expressa o poder real dos três setores: estudantes, funcionários e professores. Deve caminhar por formar um governo tripartite da universidade. A noção de que somente os professores – e principalmente os doutores – podem dirigir a universidade é uma premissa emanada do Estado e, portanto, da classe burguesa. O governo da universidade é essencialmente político, cuja diretriz social é fundamental para o ensino e para a administração da instituição.
    Com base nessa compreensão, defendemos que se deve formar uma autoridade tripartite, eleita diretamente, pelo voto universal e secreto. Rechaçamos a impostura de que a elite pensante encarna a autoridade natural do processo de ensino e de funcionamento institucional da universidade. Essa premissa se baseia na autoridade burocrática e no controle externo da universidade pelos governos, portanto, em última instância, pelos partidos da burguesia.
    Nosso movimento estudantil se encontra em um estágio muito atrasado quanto à luta pela democracia e autonomia universitárias, bem como da defesa do ensino público e gratuito, vinculado à produção social. Mas esse é o caminho que terá de percorrer, impulsionado pela degradação da educação. Os conflitos, como o que vivemos na Unifesp Guarulhos, exigem a constituição da assembleia universitária, organismo máximo de poder e soberania. Um dos obstáculos a sua convocação se encontra no profundo conservadorismo do corpo docente. Não obstante, nos deparamos com um obstáculo fundamental que é a defasagem política existente entre as massas estudantis desorganizadas e as condições objetivas de desintegração do ensino, que colocam o movimento estudantil na dependência das ações da burocracia universitária.
    A luta pela independência política dos estudantes e por tornar o movimento estudantil uma força decisiva nas mudanças passa pela luta em torno da autonomia e democracia universitárias. Ou os estudantes assumem a tarefa de controlar coletivamente o ensino, ou a burocracia acadêmica, que é um apêndice do Estado, continuará a comandar a degradação da educação.
    Os estudantes não podem desconhecer que o poder de uma casta de docentes sobre a universidade emana da economia e da política capitalistas. Distinto seria e será, no momento em que a classe operária passar a exercer seu poder sobre a sociedade em sua tarefa histórica de substituir a sociedade de classe pela sociedade sem classes.
    A defesa da autonomia universitária, do fim do ensino mercantil, da implantação do sistema único, estatal, gratuito e controlado por quem estuda e trabalha e da superação da divisão entre a teoria e a prática, entre o ensino e a produção social, vem do programa da classe operária. Nenhuma outra classe – nem a burguesia, nem a pequena-burguesia – pode defender a transformação da educação e a educação transformadora do homem a não ser a classe operária.
    É essa posição que apresentamos aos estudantes, professores e funcionários da Unifesp. Não nos deixemos arrastar pela farsa democrática das eleições para reitor. Levantemos o programa de democracia e autonomia universitárias.

    As eleições e a luta pela Unifesp de Guarulhos

    As eleições devem estar marcadas pela luta que travamos por construir o edifício da Unifesp e por conquistar condições de estudo. Nossa jornada começou no alvorecer da implantação do campus de Guarulhos pelo Reuni. Mas na greve que recém terminou conseguimos expor para a sociedade as reivindicações e até mesmo a burocracia reconheceu sua justeza. O que quer dizer que o movimento estudantil mais uma vez se levantou como força social viva, distintamente dos docentes que não se mexeram. Pelo contrário, uma parcela dos professores nos atacou e pressionou os estudantes a quebrarem a greve. Fracassaram, felizmente!
    O governo e o reitor se viram premidos a retirar da gaveta o edital de licitação e mostrar a verba para a construção do prédio. Nossa greve, ocupação e firmeza diante da repressão policial obrigaram a burocracia a se curvar diante da evidência de que se estava protelando a construção definitiva do campus. Obrigou também que um grupo de sabotadores ao projeto da Unifesp no bairro dos Pimentas viesse à luz do dia pleitear a sua mudança para o centro de São Paulo. Agora, já não falam no fim do campus de Guarulhos, mas em seu desmembramento.
    O vergonhoso e estúpido argumento social e geográfico exposto pelos sabotadores evidenciou o tamanho de seus cérebros e das forças reacionárias da burocracia universitária, submetidas à politicagem do governo federal e estadual de São Paulo. É claro que a mentalidade burguesa de que seria desperdiçar dinheiro em uma universidade que atrairia estudantes pobres e incultos fez e faz parte da reação armada pelo grupinho de professores. Os iluminados não poderiam se dar conta do ridículo que foi e é usar o argumento de que o objetivo de construir uma universidade de “excelência acadêmica” não poderia ser realizado se o campus ficasse em um bairro ermo, distante do centro cultural, pobre e violento.     A mentalidade discricionária contra o bairro pobre é típica de setores mais arcaicos e obscurantistas da burguesia e da pequena burguesia. Não por acaso, esse mesmo setor acusou a vanguarda aguerrida de violenta por ter ocupado a universidade. E se valeu da invasão policial do campus para defender sua posição aparentemente pacífica de que o bairro dos Pimentas não é lugar para uma universidade de “excelência acadêmica”. Os acontecimentos mostram que tais educadores, pesquisadores e intelectuais não piscam em apoiar a violência policial contra os estudantes em luta. Por aí vemos o que ensinam, pesquisam e como usam seu “elevado intelecto”.
    É nesse contexto que os estudantes são chamados a votar neste ou naquele candidato da burocracia. Vamos exigir que se pronunciem abertamente sobre a convocação da polícia pelo Reitor. Que digam que estão pela condenação dos estudantes ou pela suspensão imediata dos processos. Que se posicionem pelo campus unitário dos Pimentas ou contrários à sua construção. Que digam em sua campanha o que acham do famoso dossiê dos sabotadores. Haverá algum candidato que se disponha a vir em uma assembleia estudantil e se comprometer com as reivindicações do movimento? Diante da miséria política e do obscurantismo intelectual, agrava-se ainda mais a caricatura da democracia eleitoral.
    No entanto, entendemos que é preciso convocar uma assembleia e convocar os candidatos a se presentarem. Exigiremos que se comprometam com as reivindicações do movimento. Caso nenhum compareça, cabe à assembleia se posicionar pelo voto nulo programático.
    Viva a greve estudantil! Viva a ocupação da universidade!
    Pela retirada de todos os processos contra os lutadores!
    Fim da criminalização dos movimentos sociais!
    Pela construção do prédio da Unifesp no bairro dos Pimentas!
    Em defesa da democracia e autonomias universitárias!


Derrotar os adversários da Unifesp Guarulhos

    A greve estudantil iniciada no dia 22 de março e encerrada em 23 de agosto teve um objetivo claro: o governo federal tem o dever de construir uma verdadeira universidade em Guarulhos. Os estudantes não admitiram desde a implantação do campus que se apresentasse uma caricatura de ensino público pelo Reuni. Os jovens apóiam a expansão do sistema estatal em sua luta pelo ensino gratuito e pelo fim do ensino pago (sistema privado). Por isso mesmo, não admitem a farsa. Eis por que, desde 2007, não demos trégua ao governo e à burocracia universitária, exigindo a edificação do campus e a criação de condições de estudo.
    Em resposta, sofremos dura repressão. Contamos com inúmeros estudantes indiciados e processados. O governo federal do PT e a burocracia autoritária querem nos punir com expulsões. A retaliação não esmagou, porém, a aspiração dos estudantes empenhados em pôr em pé uma verdadeira instituição de ensino superior.
    A greve de 5 meses terminou com uma conquista: obrigou o governo e a burocracia a retomar o edital de construção do prédio central, apresentando a verba de R$ 46 milhões. Mas dois acontecimentos se contrapuseram ao seu prosseguimento. Nenhuma das 11empresas habilitadas à concorrência compareceu no dia em que teriam de apresentar suas propostas. Enquanto isso, foi lançado um documento de um grupo de professores contestando a permanência do campus no bairro dos Pimentas.
    Não se trata de mera coincidência. Estava lançada uma ação de cúpula para se apropriar da conquista da greve e desviá-la de seu objetivo. Certamente, o não comparecimento das empreiteiras fez parte da manobra dos sabotadores. Como se vê, os estudantes passaram a ter um novo problema pela frente – derrotar os sabotadores que se mostraram adversários da edificação da Unifesp em um bairro distante dos meios sociais da classe média. O bairro dos Pimentas abriga uma população pobre e miserável.
    Os doutos iluminados estiveram convencidos de que uma Unifesp no bairro dos Pimentas faria uma seleção social prejudicial ao que denominam de “excelência acadêmica”. Os primeiros colocados no vestibular desistiriam do campus geograficamente adverso e seus lugares seriam ocupados pelos de menor classificação. Evidentemente, o que seria bom para os estudantes mais pobres, que não tiveram possibilidade de se dedicar aos estudos e se viram alijados das escolas mais bem aparelhadas para a concorrência no vestibular, seria péssimo para os altos estudos universitários, ministrados por professores que primam pela “excelência” exigida pelo currículo Lates e pelas normas do MEC. O difícil acesso ao campus dos Pimentas prejudica o tempo de estudo da elite docente. A falta de segurança nesse ermo de Guarulhos lhes assombra e lhes tira o sono.
    Esses não são problemas que afligem os estudantes que se lançaram a uma greve longa. O que nos atinge é estudar em uma universidade que sequer tem um prédio próprio. Basta que se contem os anos desde a inauguração da Unifesp em 2007, para se ver que já era tempo do governo federal ter cumprido com o que se propôs a fazer. Isso não aconteceria se a universidade fosse destinada aos jovens ricos de classe média.
    Os sabotadores que agora levantam a bandeira de tirar a Unifesp de Guarulhos para levá-la ao centro de São Paulo têm a oportunidade para realizar sua aspiração de “excelência acadêmica”. Nós lutamos, somos golpeados pelo reitor e pela polícia, e, no momento em que aparecem os R$ 46 milhões, os sabotadores se lançam contra a Unifesp dos Pimentas.
    Diante da resistência estudantil e de setores da política petista de Guarulhos, baixaram a bandeira da transferência da Unifesp e levantaram outra – a de desmembramento do campus. Estamos diante de uma negociata entre setores da burocracia e talvez de politiqueiros do PT e PSDB.
    O vice-diretor da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), Glaydson José da Silva, diz que o campus pertence a Guarulhos. Nisso ninguém mexe. Apenas a EFLCH sai. E por quê? Porque, por um lado, “é melhor para a escola cumprir seu papel de formação e pesquisa de excelência na área de Humanas, que tem suas especificidades”; por outro, “muitos dos alunos trabalham e têm baixo poder aquisitivo” e “que é preciso levar em conta as dificuldades de distância e acesso.
    Fantástica resposta. O campus de Guarulhos pode ficar com cursos que não têm a especificidade da EFLCH, que exige “excelência” de pesquisa. Esse interesse acadêmico pela excelência casa com as dificuldades de acesso dos estudantes pobres. Ora, senhor Glaydson, que o governo crie as condições de transporte e permanência. Vocês não estão preocupados com os estudantes pobres! Estão aflitos com suas próprias comodidades.
    Tomemos outra ponderação do senhor Glaydson, que assombra qualquer pessoa com um mínimo de noção lógica. Perguntado pelo jornal “O Estado de São Paulo”, que vem dando voz aos sabotadores, se “o episódio que resultou na prisão de alunos influencia o debate”, responde: “A falta de instalações adequadas embasa as reivindicações, mas a ação violenta de um pequeno grupo radical foi possivelmente um agravante para os que querem sair do bairro, não porque a violência seja do bairro.
    Os estudantes organizados no comando decidiram ocupar dependências da universidade em resposta à posição do governo e da burocracia que fecharam os ouvidos para o movimento e que esperavam assim quebrar a greve. A essa medida coletiva o sabotador chama de violência de um grupo radical. Quem exerceu a violência foi a reitoria e a burocracia docente que a rodeia, convocando a polícia a invadir o campus e pisoteando a autonomia universitária. Os estudantes em luta foram e são vítimas do autoritarismo e da mentalidade policial que tomou conta de parcela dos professores. Caso tivessem se unido à greve estudantil e mostrado firmeza na defesa da bandeira de autonomia universitária, teriam reforçado o movimento e ajudado a conquistar com mais brevidade a decisão de edificar o prédio da Unifesp.
    Mas o pior de sua declaração é atribuir à “ação violenta de um pequeno grupo um agravante para os que querem sair do bairro”. Quanta indignidade! Assuma, senhor Glaydson, que o pequeno grupo de professores, que compõe a burocracia universitária, despejou uma série de preconceitos e prejuízos contra a população do bairro dos Pimentas. Entre os quais, que é violento. Agora, já não é o Pimentas, mas os estudantes radicais os responsáveis pela ideia de transferência da Unifesp. Quanta falsificação que o senhor espalha por meio do jornal O Estado de São Paulo. A maior das violências pode vir a ocorrer: os lutadores que se sacrificaram para pôr em pé o prédio da Unifesp serem expulsos e os agentes dos preconceitos burgueses transferirem ou desmembrarem o campus de Guarulhos e se aproveitarem dos recursos conquistados com a greve.
    A assembleia que suspendeu a greve sob o sinal de que finalmente o governo federal resolveu concretizar a licitação errou em não estabelecer um novo marco da luta contra os sabotadores. Não poderia ter suspendido a greve sem assumir a responsabilidade de controlar a construção do prédio e a implantação de medidas que possibilitem os estudantes pobres de estudarem. Mas temos condições de resistir a essa apropriação indébitas de nossa conquista por parte de vocês, do grupinho que assenta a “excelência acadêmica” nas diferenciações sociais da juventude.
    Aos professores que não aceitam a impostura e que estão conosco pela edificação da Unifesp Guarulhos, sem desmembramento, chamamos a resistir. Nossa greve, nossas prisões e nossos sacrifícios não podem ser descartados pelo grupinho elitista. Estudantes e professores devem exigir que a Unifesp continue com o ingresso de novos estudantes. Não aceitemos a posição do reitor de que se deve adiar a entrada dos calouros para 2014. Trabalhemos por convocar uma Assembleia Universitária representada pelos três setores para tomar em suas mãos os destinos da Unifesp de Guarulhos.
    Nada de transferência ou desmembramento do campus Guarulhos!
    Iniciar imediatamente as obras da Unifesp dos Pimentas!
    Assegurar o acesso e permanência dos estudantes!
    Colocar a Unifesp sob o controle da Assembléia Universitária!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Balanço XI congresso de estudantes da USP - IME

Balanço do XI congresso de estudantes da USP - IME

    A corrente proletária participou do congresso com um delegado do IME, eleito a partir da chapa Poder Estudantil. Para nós é importante que os estudantes tenham clareza de todo o processo, por isso começaremos nosso balanço desde sua construção.

Construção do congresso e a tiragem de delegados

    O XI Congresso de Estudantes da USP foi convocado pela direção do DCE (Gestão Não Vou me Adaptar – frente PSOL/PSTU) com o tema “Democracia na USP”. Tal tema desde o início esteve oposto à mobilização e a luta dos estudantes do final de 2011. A direção estudantil votou em um CCA e depois em uma assembleia geral que o tema fosse “democracia” em abstrato contra os eixos do movimento estudantil do ano passado (“Fora PM”, “Fim dos processos políticos” e “Fora Rodas”).
    No IME, as inscrições de chapa aconteceram no final do semestre passado, aos 45 minutos do segundo tempo. A pífia divulgação que foi feita aconteceu no site do DCE. No pouco tempo que nos restou, tentamos organizar uma chapa e surgiu a Poder Estudantil. No inicio deste semestre lançamos um manifesto pedindo a reabertura das inscrições de chapa e o adiamento das eleições, para que o processo fosse mais democrático. Reivindicamos também que houvesse um debate entre as chapas, para que os estudantes pudessem conhecer as diferentes linhas políticas que estavam em disputa. Nenhuma de nossas reivindicações foi aceita. Ocorreu apenas um debate pré-congresso, que claramente servia para propagandear a linha política do DCE. Com isso, o centro acadêmico, que organizou as eleições, privilegiou a chapa que surgiu dele próprio, pois tinham a mesma linha política e inclusive vários membros do DCE. Mesmo assim, a chapa foi construída com base nas relações de amizade e não na discussão política: não elaborou um programa político discutido pela chapa. A Poder Estudantil, elaborou um programa e um manifesto, os quais foram divulgados o mais amplamente que se pode.
    Terminado o período de abertura das urnas em uma sexta-feira, ao invés de imediatamente se apurar o resultado, as urnas foram guardadas no CAMAT para apuração apenas na segunda-feira. Pior do que o fato das urnas terem dormido um final de semana no CA, foi a apuração ter sido adiada mais uma vez. De fato, apurou-se apenas na terça-feira. E novamente, os estudantes ficaram alijados do processo: o resultado simplesmente não foi divulgado. Um companheiro da Poder Estudantil participou da apuração e soubemos que foram eleitos 21 delegados, sendo 2 deles nossos.
    É importante que as chapas e os delegados deem retorno para os estudantes sobre seus posicionamentos, para que estes possam avalia a sua corretude e se os delegados tirados estavam de acordo com o que propagandearam. É de suma importância também que os delegados que não compareceram a alguma atividade se justifiquem publicamente. Por isso, publicamos ao final um box com a justificativa do companheiro da Poder Estudantil que não pode comparecer as atividades por questões de saúde. Esperamos que todos os outros delegados que se ausentaram de alguma atividade façam o mesmo.

    As plenárias e os debates durante o congresso

    O congresso contou com dois debates, uma festa, uma atividade cultural (leia-se segunda festa), um painel e apenas dois grupos de discussão (GDs). Reivindicamos mais GDs, pois é neles que o estudante tem espaço para intervir e discutir politicamente de forma direta com estudantes de outros cursos e de outras linhas políticas. Tentamos já na plenária de abertura reivindicar essa questão básica, pois não havia um GD específico sobre conjuntura e em congressos anteriores já se teve dias com os três períodos reservados apenas para GDs. Mas todas nossas propostas da plenária de abertura foram votadas em bloco e, graças a isso, sequer pudemos explicá-las para que fossem apreciadas e votadas pelo plenário. Para piorar a situação, o GD de sábado, sobre movimento estudantil, teve o tempo reduzido pelo horário do almoço.
    Na plenária final do congresso “por democracia” três pontos merecem destaques: 1) A proposta antidemocrática da mesa de eliminar as declarações de abstenção (travestida de “escrever a abstenção para ser divulgada no site do DCE”); 2) Não se ter viabilizado um caderno de resoluções para os delegados; 3) mais da metade das resoluções sobre movimento estudantil (aquele que teve o GD curto) não terem sido votadas sem que houvesse um esforço por parte do DCE para viabilizar a votação.
    O congresso desvinculado da luta e das bases estudantis expressou sua incapacidade de ser democrático. O direito de declaração de abstenção é elementar e garante que se expressem aqueles que ou não tiveram sua posição expressa na votação ou mesmo que fossem contra a própria votação. Este direito quase foi ceifado pela gestão do DCE. O caderno de resoluções é o mínimo que um delegado precisa ter para poder se posicionar com clareza; é fácil se perder nas votações se você apenas ouve da mesa a leitura das propostas, principalmente as propostas que nenhum outro delegado apresenta destaque e é lida apenas uma vez. Mesmo com uma indicação do primeiro dia da plenária final para que se viabilizasse isso, não foi feito (e a comissão organizadora, composta pelo DCE e vários CAs, inclusive o CAMAT, sequer se pronunciou sobre a questão no dia seguinte).
    Expressou também a incapacidade de organizar e fortalecer a luta. Só ter votado as principais polêmicas sobre movimento, uma campanha genérica e um debate sobre os processos e não ter encaminhado a organização da luta de fato, o fortalecimento dos fóruns de base (assembleias) e mais da metade das propostas sobre o movimento é uma mostra disso. Congressos anteriores já se estenderam por mais de um fim de semana para garantir a votação de todas as propostas. A nota no site do DCE sobre o XI congresso é uma boa amostra da falta de manifestações de ação direta: serão realizados um debate e uma campanha (de divulgação do andamento dos processos) em setembro; e um plebiscito a respeito das diretas para reitor e da estatuinte, em outubro. E nada de ação direta. Pior, já coloca como tarefa do movimento organizar a calourada(!) de 2013, para “iniciar o ano com um grande mobilização em torno da democracia na USP”. Isso porque diziam, para acabar com a greve do começo do ano, que 2012 seria “um ano de uma grande mobilização”. Para a direção do movimento (PSOL/PSTU) uma “grande mobilização” não é sinônimo de ação direta, ou seja, é uma grande hipocrisia.
    É necessário retomar a organização em assembleias, atos de rua massivos, greves, piquetes etc., para fortalecer o movimento. Não é só com um debate, uma campanha com boletim e cartazes que faremos a reitoria recuar em seus intentos de eliminar o movimento estudantil da universidade. Menos ainda, se conseguirá assim a tal “democracia”. Somente retomando o movimento do final de 2011, ampliando-o para além da universidade com os demais movimentos sociais, em especial o movimento operário, poderemos barrar os processos e impor uma derrota de fato à reitoria e ao governo.


Justificativa de ausência no XI congresso

    Eu, Roberto, delegado eleito pela chapa PODER ESTUDANTIL infelizmente não pude comparecer ao XI Congresso de Estudantil da USP porque o HU (Hospital Universitário) marcou um exame para ser realizado na manhã de sexta-feira (segundo dia do congresso). Infelizmente a preparação desse exame exige que o paciente não saia de casa no dia anterior ao exame e pelo menos 12 horas após o exame. Consegui fazer o credenciamento ainda na sexta-feira a noite, pois moro no CRUSP e o deslocamento foi possível. Porém na manhã de sábado eu não estava bem e não pude participar do segundo e último grupo de discussão (GD). Pelas regras do congresso é necessário participar de pelo menos um GD para participar como delegado na plenária final que aconteceu no sábado e domingo.
Lamento o acontecido e sei que é uma grande falta, mas infelizmente o não comparecimento ao HU faria eu esperar mais alguns meses para o exame visto que já estava no aguardo desde de junho do presente ano.

domingo, 9 de setembro de 2012

Balanço XI congresso de estudantes da USP - Farma

Balanço do XI Congresso de Estudantes da USP – Farma

    Nos dias 23 a 26 de agosto ocorreu o XI Congresso de estudantes da USP, instância máxima do movimento estudantil. O congresso é um fórum representativo, isto é, funciona através da eleição de delegados nos cursos e acontece ordinariamente a cada dois anos. Este ano foi definido um tema para ele: “Democracia na USP”, que carregava junto as pautas “Diretas para reitor” e “Estatuinte”. A escolha do tema foi feita pela gestão do DCE para se contrapor às pautas políticas elaboradas pelo movimento massivo e radicalizado do final de 2011 (“Fora Rodas”, “Fora PM”, “Fim dos processos de perseguição política contra estudantes e trabalhadores”). Isso pôde ser visto quando votou as propostas de tema uma contra a outra em CCA (Conselho de Centros Acadêmicos) e em uma assembleia Geral de Estudantes.
    Um congresso deve organizar a luta dos estudantes e elaborar um programa político para os dois anos seguintes. Neste aspecto é importante que as eleições dos delegados ocorram com base na discussão política, de disputa de programas para o movimento. Isso não aconteceu na Farmácia. O período de inscrições de chapas foi curto e no fim do prazo estipulado pela comissão organizadora do congresso, sequer aconteceu um debate pré-congressual. Formou-se apenas uma chapa, que não apresentou nem discutiu um programa político como base de sua construção, se baseou apenas nas relações de amizade.
    Isso se refletiu na participação dos delegados da farmácia no congresso. Nem todos participaram das atividades, inclusive das plenárias, onde se votam as propostas levadas aos GDs (Grupos de Discussão). Também ainda não se declararam quanto às ausências. É importante que estes estudantes, como representantes da Farma, façam um balanço público de seus posicionamentos e justifiquem suas ausências. O CA também deve fazer um balanço do congresso, desde a construção (prazos, temas, debates etc.) até suas deliberações, inclusive da própria participação.

Como foi o Congresso

    O congresso contou com dois debates, uma festa, uma atividade cultural (leia-se segunda festa), um painel e apenas dois grupos de discussão. Estes grupos eram o espaço para intervenção e discussão de forma direta com estudantes de outros cursos e de outras linhas políticas. Em congressos anteriores já se teve dias com os três períodos reservados apenas para GDs. Para piorar a situação, o GD de sábado, sobre movimento estudantil, teve o tempo reduzido pelo horário do almoço.
    Na plenária final do congresso “Por Democracia” três pontos merecem destaque:
    1) A proposta antidemocrática da mesa de eliminar as declarações de abstenção (travestida de “escrever a abstenção para ser divulgada no site do DCE”);
    2) Não se ter viabilizado um caderno de resoluções para os delegados;
    3) Mais da metade das resoluções sobre movimento estudantil (aquele que teve o GD curto) não terem sido votadas sem que houvesse um esforço por parte do DCE para viabilizar a votação.
    O congresso desvinculado da luta e das bases estudantis expressou sua incapacidade de ser democrático. O direito de declaração de abstenção é elementar e garante que se expressem aqueles que ou não tiveram sua posição expressa na votação ou mesmo que fossem contra a própria votação. Este direito quase foi ceifado pela gestão do DCE.
    O caderno de resoluções é o mínimo que um delegado precisa ter para poder se posicionar com clareza. É fácil se perder nas votações se você apenas ouve da mesa a leitura das propostas, principalmente as propostas que nenhum delegado apresenta destaque e é lida apenas uma vez. Mesmo com uma indicação do primeiro dia da plenária final para que se viabilizasse isso, não foi feito (e a comissão organizadora, composta pelo DCE e alguns CAs, sequer se pronunciou sobre a questão no dia seguinte).
    Expressou também a incapacidade de organizar e fortalecer a luta. Só ter votado as principais polêmicas sobre movimento, uma campanha genérica e um debate sobre os processos e não ter encaminhado a organização da luta de fato, o fortalecimento dos fóruns de base (assembleias) e mais da metade das propostas sobre o movimento é uma mostra disso. Congressos anteriores já se estenderam por mais de um fim de semana para garantir a votação de todas as propostas. A nota no site do DCE sobre o XI congresso é uma boa mostra da falta de manifestações de ação direta: serão realizados um debate e uma campanha (de divulgação do andamento dos processos) em setembro e um plebiscito a respeito das diretas para reitor e da estatuinte, em outubro. E nada de ação direta. Pior, já coloca como tarefa do movimento organizar a calourada (!) de 2013, para “iniciar o ano com uma grande mobilização em torno da democracia na USP”. Isso porque diziam, para acabar com a greve do começo do ano, que 2012 seria “um ano de uma grande mobilização”. Para a direção do movimento (PSOL/PSTU) uma “grande mobilização” não é sinônimo de ação direta, ou seja, é uma grande hipocrisia.
    É necessária a organização em assembleias, realização de atos de rua massivos, greves, piquetes etc., para fortalecer o movimento. Não é só com um debate, uma campanha com boletim e cartazes que faremos a reitoria recuar em seu intento de eliminar o movimento estudantil da universidade. Menos ainda, se conseguirá assim a tal “democracia”. Somente retomando o movimento do final de 2011, ampliando-o para além da universidade com os demais movimentos sociais, poderemos barrar os processos e impor uma derrota de fato à reitoria e ao governo.