terça-feira, 31 de julho de 2012

Ao IME-USP sobre as eleições delegados para o XI congresso de estudantes

Eleições no IME

    Nos dias 24, 25 e 26 de agosto, acontecerá o XI congresso de estudantes. Ele tem uma especificidade que é ter um tema: “Democracia na USP”. O congresso é a instância máxima do movimento estudantil e é quem define seu programa para os próximos dois anos. Responde aos problemas mais gerais com análise e caracterização da conjuntura nacional e internacional. Posiciona os estudantes, por exemplo, frentes às greves do funcionalismo e das obras do PAC, que pipocam por todo o Brasil. Arma politicamente os estudantes, por exemplo, frente aos problemas gerais da educação, como a exclusão da maioria do ensino superior, o predomínio do ensino superior privado, a chaga do ensino à distância, os filtros de acesso e permanência. E também sobre as questões específicas, como a repressão e perseguição políticas dentro da USP, a presença da polícia no campus, a privatização do circular (BUSP), dentre outras. Define questões da estrutura de organização do movimento estudantil, como a periodicidade das assembleias gerais e das eleições para DCE, os meios de autofinanciamento etc.
    Diferentemente das assembleias, onde cada estudante tem direito a um voto, no congresso quem vota são apenas os delegados eleitos em cada unidade. Os delegados devem se organizar necessariamente em chapas. Nós integramos a chapa Poder Estudantil, uma das que disputam no IME. Aqui, as eleições estão marcadas para acontecer na semana do dia 06 de agosto.

Programa político

    Defendemos que as eleições ocorram com base na disputa de programas políticos e não baseado em uma corrida de popularidade. Fazemos parte da Poder estudantil por estarmos de acordo com seu programa. É imprescindível que os estudantes tenham clareza de qual política irá representá-los no congresso. Por isso viemos junto aos estudantes divulgar a tese da corrente proletária para o XI congresso, que pode ser adquirida em mãos com o distribuidor deste boletim ou acessando o nosso blog (http://proletariaestudantil.blogspot.com/2012/07/tese-da-corrente-proletaria-estudantil.html).
    Todos sabemos que a USP é a universidade pública mais antidemocrática do país e que mantém um regimento disciplinar da época da ditadura. Porém a direção do movimento estudantil que engendrou o tema do congresso, a gestão do DCE “Não vou me adaptar” (frente PSOL/PSTU), usa-o para distrair os lutadores. Apesar da aparência radical e de esquerda que posam, na prática colocam o tema da democracia em oposição às bandeiras e métodos de luta levantados contra o autoritarismo pelos estudantes no final de 2011 (contra a PM no campus, contra os processos políticos e pela saída do reitor autoritário). Prova disso é que já colocaram em votação a proposta de “democracia na USP” contra os eixos do movimento do ano passado em duas ocasiões: em um Conselho de Centros Acadêmicos (CCA) e em uma assembleia geral de estudantes.
    Defendemos a luta dos estudantes e o método da ação direta como meios para arrancar da burocracia, que detém o poder da universidade, e do governo as suas reivindicações. Reivindicamos a luta de 2011 pelo fim da repressão política com o “Fora PM da USP” e “Fim dos processos a estudantes e trabalhadores”. Ligamos a luta por democracia com a pela real autonomia universitária. A universidade com esta estrutura de poder autoritária responde aos interesses de uma minoria, a classe dominante. Sem autonomia em relação a essa minoria, que domina o Estado e molda a estrutura de poder na universidade, não pode haver democracia.
    É com o intuito de defender a mobilização e a luta dos estudantes por suas reivindicações, e contra o autoritarismo, que nos propomos a participar como delegados do XI Congresso de Estudantes da USP pelo IME. Convidamos todos aqueles que tenham interesse para que venham discutir nosso programa e apoiar nossa chapa.


Adiamento das inscrições de chapa e das eleições

     No IME as inscrições de chapa para o congresso foram pseudo divulgadas. Ficaram sabendo delas apenas aqueles que são mais próximos do CAMAT ou aqueles que viram sua divulgação no site do DCE(!?). O congresso tem por tema a “democracia na USP”, mas já começa antidemocrático por não ser devidamente divulgado à participação de todos. Este problema pode ser, senão resolvido, amenizado com uma nova reabertura de inscrições de chapa e o adiamento das eleições. Nossa proposta é a de que haja inscrições de chapa até o dia 08/08 (quarta), que no dia 09/08 (quinta) se realize um debate entre as chapas, para que os estudantes possam conhecer suas diferenças, e que as eleições ocorram nos dias 14, 15 e 16 de agosto. Outro fator que é importante para o adiamento é que a pós-graduação volta às aulas no dia 06. É importante abrir espaço para sua participação e que exista tempo para que eles conheçam as chapas.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Tese da corrente proletaria estudantil ao XI Congresso de Estudantes da USP

Tese ao XI Congresso de Estudantes da USP

a) Universidade de classe

    Vivemos em uma sociedade de classe, em que a maioria assalariada é explorada pelos detentores dos meios de produção (burguesia). A universidade reflete as contradições dessa sociedade, sofrendo ora a intervenção direta, através dos mecanismos de controle estatal, como a legislação, a polícia etc.; ora indireta, com uma estrutura de poder moldada para atender aos interesses gerais da classe dominante.
    Uma minoria de professores titulares detém o poder da universidade, aplicando a política do Estado em seu interior, de acordo com os anseios da classe dominante. Disso resulta a caracterização de que a universidade não é autônoma, apesar da casta burocrática possuir algumas limitadas prerrogativas enquanto camada privilegiada.
    Na USP, a escolha do reitor é feita pelo governador a partir de uma lista tríplice indicada pela burocracia (Rodas, em particular, foi indicado por José Serra/PSDB), a FIESP tem participação direta no Conselho Universitário (CO), assim como o agronegócio e a federação do comércio. Apesar dos qualificativos costumeiros, como de “centro de excelência”, o que vemos é uma produção de conhecimento atrelada à lógica do mercado e não às necessidades gerais da população.
    Cresce a cada dia a privatização “por dentro” nas públicas, através de fundações de direito privado e da terceirização. A criação de patentes é um exemplo, já que mobiliza pesquisadores, fazendo uso do patrimônio público, para no final produzir um conhecimento que permanece sob controle privado. O novo regimento da pós-graduação da USP segue a mesma orientação mercadológica, com um viés tecnicista e profissionalizante, favorecendo a infiltração de demandas empresariais em detrimento da livre investigação científica.
    A estrutura autoritária, então, coloca-se como uma necessidade da burocracia universitária para preservar sua posição enquanto agente dos governos e da burguesia. É certo também que ela tenta mascarar sua real função, como se dirigisse a universidade de forma autônoma e de acordo com critérios técnicos, tudo fundamentado pelo discurso da meritocracia. Porém, nenhuma reforma é capaz de mudar sua essência, ou seja, não é possível “democratizar” uma estrutura erguida com o fim de submeter a maioria à minoria.
    O autoritarismo tem diversas faces, desde medidas de controle do acesso aos campi até a violência física (a exemplo da utilização da polícia para dissolver manifestações), passando pelos processos criminais e administrativos - que têm conduzido à eliminações e demissões dos lutadores. Com isso, Rodas busca acabar com os movimentos de resistência à sua política elitista e privatista.
    O SINTUSP (sindicato dos trabalhadores da USP) está com toda sua diretoria ameaçada por lutar contra a precarização do trabalho (arrocho salarial, terceirização etc.). São vítimas de processos políticos que visam à demissão por justa causa. Membros da direção da Adusp (sindicato docente) estão sendo perseguidos politicamente por denunciarem o mal uso do dinheiro público pela burocracia universitária.
    O mesmo vem acontecendo com os estudantes. Há processos referentes às ocupações da reitoria de 2007 e 2011 e da moradia retomada. São reprimidos por defenderem a permanência estudantil, contra a presença da PM no campus e contra os processos que se acumulam a cada levante. Oito já foram eliminados e mais de 50 estão na mira.

b) A “democratização” da universidade

    A direção do DCE convocou o XI Congresso de Estudantes sob o tema “Democracia na USP”. Esforça-se por comparecer diante de sua base como expressão de uma política de esquerda, capaz de provocar mudanças na universidade em favor da maioria. Para isso, propõe discutir duas bandeiras centrais: uma estatuinte livre e soberana e eleições diretas para reitor.
    O tema da “democracia”, entretanto, é colocado em oposição às bandeiras e métodos de luta levantados pelos estudantes no final de 2011 (contra a PM no campus, contra os processos políticos e pela saída do reitor autoritário). Assim, o chamado “congresso temático” está sendo organizado ao redor de uma política distracionista, oposta na prática às bandeiras e métodos de luta do movimento real.
    A USP preserva uma série de aspectos da estrutura de poder criada pela ditadura militar, que estão traduzidos em seus estatutos (reformados em 1988) e no seu regimento disciplinar (preservado mesmo depois disso). O que não quer dizer que a convocação de uma estatuinte seja a resposta correspondente. Na verdade, a única estatuinte possível hoje seria a dirigida por Rodas, pela burocracia universitária e pela PM, o que certamente nos colocaria em situação pior.
    A abertura de uma estatuinte não teria como levar à real democracia universitária, pois não seria capaz de romper por si só o controle dos governos e do poder econômico sobre a universidade. Não haveria correlação de forças para derrotar o enorme aparato em favor da burocracia (governo, mídia, polícia etc.). Mesmo considerando a hipótese da conquista de uma composição política favorável no interior da estatuinte, seu caráter “livre e soberano” ainda assim dependeria da burocracia acatar suas decisões, o que obviamente não ocorreria caso contrariassem seus interesses.
    Modificar a forma como o reitor é escolhido, mantendo-se a estrutura de poder vigente, também não solucionaria o problema. Ainda mais quando se sabe que a proposta da direção aparece condicionada a outra, de paridade nos organismos de administração da universidade. Não será modificando a proporção entre os representantes de estudantes, funcionários e professores no interior de uma estrutura que conserva a ingerência do Estado e do capital que se alcançará a democracia universitária.
    Em outras palavras, partir do fato de que é absurda a maneira como é “eleito” o reitor e partir do princípio de que todos os cargos sejam elegíveis (e submetidos a revogação dos mandatos) não pode nos conduzir mecanicamente à defesa de bandeiras que nos colocam numa posição de conciliação com a burocracia, quando a tarefa que se coloca é combatê-la.
    Hoje as bandeiras de estatuinte e diretas pra reitor aparecem no movimento como uma imposição das direções, de cima pra baixo. São apresentadas como reivindicações democráticas radicais, mas na prática servem para combater o radicalismo do movimento, desviando os que estudam e trabalham das bandeiras decisivas no momento atual, colocando como prioridade reivindicações abstratas, à margem da vida dos estudantes.
    O autoritarismo se destaca na conjuntura como o problema mais candente que devemos enfrentar. A razão disso é que esse autoritarismo hoje se expressa por meio da violência policial e da perseguição política aos movimentos. Mas a direção estudantil, ao não lhe dar combate imediato em nome de uma campanha por “democracia”, impede que se dê um passo na luta contra a repressão, permitindo que esse mesmo autoritarismo se perpetue, pois ele não será removido de outra forma que não seja a do levante massivo e unitário.

c) Destruição da universidade de classe

    Não pode haver democracia universitária sem a real autonomia. Ou seja, o controle coletivo da universidade por quem estuda e trabalha, em oposição à ingerência dos capitalistas e seus governos, é a forma de concretizar a real democracia universitária.
    As tentativas de “democratizar” a atual estrutura de poder autoritária, ampliando a participação de estudantes e funcionários nos gabinetes empoeirados da burocracia autoritária (paridade) não são capazes de efetivar a democracia universitária. O objetivo do movimento estudantil deve ser outro: destruição da atual estrutura de poder e da conquista da real autonomia universitária, ou seja, do controle coletivo da universidade pelos que estudam e trabalham.
    O caminho para se avançar nessa direção é o da mobilização pelas reivindicações mais sentidas, que se chocam com o autoritarismo da casta burocrática que dirige a universidade e colocam a questão do poder de forma concreta. O recente conflito do movimento estudantil contra a maior ingerência externa sobre a universidade, expresso nas bandeiras de expulsão da PM e fim dos processos políticos, levou a se levantar a bandeira de Fora Rodas.
    Pela prática, os estudantes percebem a necessidade de varrer com a casta parasitária, substituindo o poder burocrático pelo dos organismos de massa, e de romper com a influência dos governos e do poder econômico, empregando a autonomia contra eles, concretizada no controle coletivo por quem estuda e trabalha. A assembleia geral universitária se torna assim meio de mobilização, decisão coletiva e democrática, e embrião do poder da maioria. Ela é quem deverá exercer o governo da universidade, com um governo tripartite (professores, estudantes e funcionários) submetido a ela.
    Porém, é um erro supor que o autoritarismo da USP seja um fenômeno particular ou que possa ser superado nos limites de seus campi. Menos ainda por métodos dissuasivos. A burguesia controla diretamente a maior parte das universidades brasileiras, pois é proprietária de 90% das instituições, com 75% das vagas, aproximadamente. A universidade pública é minoritária dentro do já reduzido universo de acesso ao ensino superior para a juventude.
    A conquista da real autonomia e democracia universitárias está ligada à conquista do ensino público e gratuito para todos, em todos os níveis. Ou seja, terá de passar pela destruição do ensino privado, através da estatização sem indenização da rede particular e controle coletivo por quem estuda e trabalha. Isso porque o controle privado se constitui numa barreira intransponível para a maioria, que não pode pagar – o que vale somente para aqueles que conseguem concluir o ensino médio.
    A estatização e a destruição da universidade de classe não poderão se realizar através de uma luta isolada. Pelo contrário, são combates que terão de se inserir num quadro mais amplo de transformação da sociedade rumo ao socialismo. Dessa maneira, o movimento de estudantes e trabalhadores das universidades só avançará na luta se caminhar para a unidade com os demais explorados, sob a direção da classe operária. Essa unidade criará a força capaz de impor a derrota geral ao Estado burguês e aos capitalistas e conquistar a real autonomia e democracia universitárias.

d) Um balanço do movimento. Ou: como NÃO lutar pela democracia universitária

    O XI Congresso dos Estudantes tem de levar em conta um balanço crítico do movimento estudantil na USP no último período.
    A atual direção do DCE (Não Vou Me Adaptar, PSol/PSTU) é de continuidade da gestão anterior (PSol). A direção psolista procurou se basear no controle dos aparatos dos CAs para desenvolver sua política. Eliminou as assembleias gerais e as substituiu pelos Conselhos de Centros Acadêmicos, onde tem maioria estável. Negou-se a responder aos ataques movidos pelo reitor-interventor em várias frentes, manifestados em políticas privatistas, elitistas e de precarização do ensino público.
    Em unidades que se levantaram à revelia da política conciliadora da direção (como na EACH), os movimentos foram mantidos isolados e divididos. Em resposta à ocupação de parte do bloco G pela moradia retomada, negou-se a convocar assembleia, generalizar a luta e combater os processos contra estudantes, que resultaram depois na eliminação de oito deles.
    Em resposta às medidas da reitoria, tomou como referência a imprensa e não os estudantes. O maior exemplo disso foi a resposta ao convênio USP-PM, em que se negou a convocar assembleia e tomou por base a “opinião” dos estudantes decretada pelo Estadão e pela Veja, que seria amplamente favorável à intervenção policial, sendo desmentida posteriormente pela forte luta que se ergueu.
    A resposta dos estudantes da FFLCH à prisão de três acusados por porte de maconha, com uma ampla manifestação contrária à presença da polícia e as prisões (27 de outubro), detonou uma onda de mobilização completamente avessa à política da direção. Logo após a prisão, feita por meio da repressão aos estudantes que ali protestavam, realizou-se espontaneamente uma assembleia, que decidiu ocupar o prédio administrativo da FFLCH. A direção se apavorou e passou desesperadamente a procurar meios de por fim ao movimento.
    Conseguiu arrastar uma parcela de estudantes contrários à ocupação para uma assembleia que votou apertado o fim dela, mas que logo a seguir votou pela ocupação da reitoria. A direção, ao perceber que venceria a proposta de nova ocupação, abandonou a assembleia em meio à contagem de votos, declarando-a encerrada. Pior que isso, boicotou a ocupação e fez campanha contra ela, numa frente com a reitoria e a direita (polícia, Veja, Estadão etc.).
    A violenta desocupação da reitoria por um enorme contingente policial (8 de novembro), em meio às negociações, levou a uma assembleia de milhares, que votou, contra a posição da direção, pela greve imediata e formação de um comando de greve, expressão das bases mobilizadas.
    As assembleias de curso reagiram massivamente, com centenas em cada uma votando pela expulsão da PM, fim dos processos e saída do reitor-interventor, e elegendo dezenas de delegados de base alheios à política da direção do DCE. Um grande movimento se colocou em pé. Manifestações de milhares nas ruas e assembleias multitudinárias expuseram a mentira do apoio da maioria estudantil à entrada da PM na universidade.
    A direção do DCE tentou viabilizar um caminho de conciliação com a reitoria, através do chamado “plano alternativo de segurança” a ser negociado e da discussão de uma estatuinte distracionista, que desviasse os estudantes da luta concreta para a discussão abstrata de democracia sob a ditadura de Rodas e do governo do PSDB. Fracassou. E passou a boicotar o comando, que se tornou a direção de fato do movimento.
    Nas férias, o reitor-interventor continuou seus ataques, mas o comando não foi capaz de responder. A calourada ficou nas mãos dos CAs. O comando se deixou levar pela política festiva de calourada, tentando esquerdizá-la sem mudar sua essência. O início do primeiro semestre de 2012 teve assembleias de curso concorrendo com as aulas, ao que se somaram vários fatores de pressão contra a greve. A primeira assembleia geral refletiu uma divisão entre os estudantes, mas votou o fim da greve. As eleições do DCE foram controladas pelos CAs e deram vitória folgada à atual direção.
    A expulsão de estudantes e novos processos motivou uma mobilização limitada, que encontrou na direção do DCE um freio disposto a canalizar tudo para a conversa mole do congresso temático sobre democracia. Sem a pressão do movimento, a reitoria amplia sua ofensiva. Anuncia mais repressão e mais autoritarismo. E mais medidas privatistas e elitistas. O movimento estudantil tem de responder com luta às medidas do reitor/governo, e isso implica romper com a política conciliadora e distracionista da atual direção.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ao 33º Encontro Nacional de Estudantes de Letras

Fim dos processos políticos aos estudantes da UNIFESP Guarulhos!
Fora a PM das universidades!

    Os estudantes da UNIFESP Guarulhos estão em greve numa forte luta em defesa do ensino público. Desde 22 de março, início da paralisação, a burocracia universitária e o governo têm reprimido a luta política com ameaças, prisões e processos. No entanto, o movimento estudantil mostra resistência à precarização da Universidade imposta pelo REUNI que fez a expansão universitária em 2007 sem verbas suficientes para garantir a infraestrutura universitária e a permanência.
    A Polícia Militar foi acionada pela Diretoria Acadêmica e Reitoria diversas vezes: na primeira ocupação, na segunda ocupação com a entrada da tropa de choque e da Polícia Federal. No dia 14 de junho, a PM invadiu o campus usando balas de borracha, bombas de efeito moral e bateu nos manifestantes.
    Um acordo entre a universidade e polícia foi estabelecido para reprimir os estudantes grevistas que estão sendo acusados por constrangimento ilegal, pichação e depredação do patrimônio público. Ocorre a ingerência direta do estado sobre a universidade, ferindo a autonomia universitária. Todas as acusações falsas têm como objetivo criminalizar o movimento estudantil, que luta por uma verdadeira universidade, a atual caricatura sequer tem salas para realização das aulas.
    O reitor Walter Manna Albertoni declarou publicamente que punirá os estudantes. Para isso, criou a Comissão de Sindicância indicando todos os membros para constituí-la. Mesmo que grande parte da comunidade universitária tenha rechaçado algum tipo de retaliação, a Reitoria e governo mantêm os processos políticos contras os lutadores. São 48 estudantes processados em 2008, 46 do dia 06 de junho da segunda ocupação e mais 26 do dia 14 de junho.
    Convocamos o movimento estudantil nacional a lutar contra a repressão aos estudantes da Unifesp Guarulhos. A punição aos militantes pode significar uma derrota para o M.E. brasileiro. A cada dia que passa, o governo e a burguesia aumentam a opressão de classe, reprimem também os movimentos sociais, a exemplo da expulsão e processos aos estudantes da USP, a violência do Estado em Pinheirinho, em São José dos Campos, e os ataques às greves das obras do PAC.
    Estudantes presentes ao 33º ENEL, é nossa tarefa fortalecer a luta em defesa do ensino público e nos colocarmos contra a perseguição política defendendo a liberdade de manifestação contra a presença da PM nas universidades, o autoritarismo e as políticas privatistas da burguesia e dos governos.

Proposta do governo é reprovada pelos professores.
É necessário avançar na mobilização e radicalizar nos métodos de luta!

    A maioria dos professores das universidades federais rejeitou a proposta do governo, uma vez que simplesmente não atende às reivindicações de melhoria nas condições de ensino e pesquisa, aprofunda a precarização da carreira docente e sequer repõe as perdas inflacionárias do período 2010-2015. O ministro da Educação, Aloízio Mercadante (PT), no entanto, já adiantou à imprensa que o governo não tem margem orçamentária para negociar algo a mais com os grevistas. Ou seja, tudo indica que manterá na reunião do dia 23/07 a mesma intransigência demonstrada até agora.
    A greve tem grande adesão em todo o país, com a adesão de estudantes e técnicos-administrativos ocorrendo ao mesmo tempo. O método grevista tem sido fundamental para projetar a luta, embora ainda inexista uma unificação real, além de se colocar como necessidade o avanço na radicalização do movimento para quebrar a linha dura do governo petista. Passos importantes foram dados nesse sentido, como se deu com as ocupações de reitorias nas últimas semanas. Contudo, tal saída não pôde se generalizar devido ao freio das direções, especialmente dos estudantes, como a UNE, que se nega a enfrentar de forma contundente o governo que defende.
    Cumpre ainda destacar a importância de defender os setores estudantis que se lançam com heroísmo em defesa de suas reivindicações, em especial os companheiros da Unifesp-Guarulhos, que enfrentam a mesma intransigência que emana do governo federal, além de estarem sofrendo uma dura repressão, com a ameaça concreta de várias expulsões. Cabe a defesa dos camaradas com uma grande campanha contra a repressão, mas sem dúvida o essencial está na necessidade de o movimento avançar nacionalmente e radicalizar ainda mais nos métodos de luta.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

À assembleia da UNIFESP-Diadema

Unidade dos três setores para vencer a intransigência do governo federal

    O governo federal se mostra intransigente em atender a pauta do movimento grevista dos estudantes, professores e técnico-administrativos. Anunciou que não terá reajuste salarial e que o plano de carreira aos docentes será implementado somente em 2013, com a proposta do governo anunciada até 31 de agosto. Somando a isso, o governo vem ameaçando com corte de ponto dos docentes que se mantiverem em greve. Quanto ao profundo sucateamento das universidades federais, o ministro da educação, Aloísio Mercadante (PT), afirma que os problemas enfrentados pelas universidades devem-se à atual fase de crescimento e “por isso são comparáveis à dor do parto”.
    O Reuni é parte da política de privatização e sucateamento das universidades públicas. A “dor do parto” de Aloísio Mercadante não é uma fase temporária, é um processo de beneficiamento dos capitalistas de ensino que acabam de ganhar a bagatela de 17 bilhões em perdão de dívidas. Os 10 anos do governo do PT mostram sua incapacidade em cumprir com as tarefas democráticas de educação, moradia, saúde, e no atual quadro de crise do capitalismo, em que o Brasil vem sentido mais intensamente seus efeitos; vide o freio no setor industrial, só em São Paulo houve um recuo de 3,2 % no emprego, influenciando significativamente nos postos de trabalho na indústria no país, que apresenta uma queda de 1,7%; o governo não atende às reivindicações do movimento e subsidia o grande capital.
    Somente as massas nas ruas terão a força que dobrará o governo federal, e os estudantes são a força social capaz de projetar a defesa da universidade pública aos demais assalariados. Mas para isso aqueles que estão na linha de frente do movimento devem se colocar pela defesa da unidade entre os que estudam e trabalham, através da assembleia dos três setores, para decidir a pauta única, que de fato unifique a todos sem submeter um setor pelo outro, e ações unitárias com força para derrotar o governo e as reitorias. É necessário tirar um calendário unificado de luta, um ato para o começo de agosto, que concretize a unidade dos três setores e supere as tendências de direções corporativistas em conciliar com o governo.
    O Comando Nacional de Greve dos Estudantes, dirigido pela Anel, tem procurado impor ao movimento a bandeira distracionista dos 10% do PIB para a educação já. A nossa luta é contra a política privatista do governo. Não se trata de uma questão de mero financiamento. Essa reivindicação não resolverá o problema da grande maioria (85%) que está fora do ensino superior, dominado pelo setor privado. A defesa da universidade pública para todos passa pela luta pelo fim do ensino privado (estatização sem indenização da rede privada e controle coletivo por quem estuda e trabalha).

Unifesp Guarulhos

    O governo se mantém intransigente não abrindo negociação com docentes e estudantes em greve. Contudo, o que está em jogo não é a negociação, e sim o atendimento da pauta de reivindicação.
    Na maioria das universidades federais, a infraestrutura é inadequada, e a permanência estudantil não foi garantida pela expansão sem verbas do Reuni.
    Os estudantes do campus Guarulhos, em greve há 113 dias em defesa do ensino público, enfrentam processos políticos desde 2008, somam-se os processos de 2012, parte da perseguição política em curso. O reitor Albertoni criou a comissão de sindicância e afirmou que punirá os estudantes.
    O movimento unificado deve ter como prioridade o fim dos processos políticos, fim das punições aos estudantes. Não podemos trocar concessões das reitorias e do governo de qualquer natureza pelas cabeças dos companheiros.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

À assembleia da Unifesp Guarulhos

Reitoria não atendeu a pauta de reivindicação
Reabertura imediata do campus da EFLCH!
Fim de todos os processos políticos e da sindicância!

    Há 106 dias lutamos por uma pauta de reivindicações em defesa da universidade pública e de melhores condições de estudo. Nas reuniões da Comissão de Negociação dos dias 27 de junho e do dia 02 de julho, a Reitoria não atendeu à pauta reivindicatória de infra-estrutura, acesso, permanência e fim da repressão ao movimento estudantil, com a extinção de processos e da sindicância em curso.
    O que se tem de concreto é o convênio com a Ponte Orca para transporte universitário, porém ainda não é a reivindicação de transporte público realizada pelos estudantes para que a população também tenha acesso. A intenção da Reitoria e governo é dar um caráter privado a este tipo de transporte com o uso exclusivo pelos estudantes, mesmo sabendo que os micro-ônibus saindo a cada 8 minutos farão o percurso em diversos horários vazios se se restringirem aos estudantes. Existe também demanda por transporte para o bairro dos Pimentas, não tendo sentido o acesso à Ponte Orca restrito à comunidade da UNIFESP.
    Segundo o Reitor, o terreno para moradia estudantil será desapropriado até o dia 25 de julho, data limite para participação da EFLCH no concurso de moradias universitárias. A solução emergencial e mais adequada encontrada para o bandejão foi de ter um prédio de alvenaria feito com estrutura pré-fabricada. No entanto, a PRAE levará esta proposta para o Reitor Albertoni. A pauta de reivindicação ainda não foi atendida, a Reitoria tenta resolver a crise criando comissões de acompanhamento. Não podemos voltar às aulas sem o atendimento das reivindicações, sem que o campus esteja realmente funcionando e os problemas cotidianos estejam resolvidos.
    O Reitor se mantém intransigente, inclusive com a ameaça de encerrar as negociações. Não marcou a próxima reunião e afirmou, ainda, que marcará uma próxima se ele julgar necessária. Os estudantes cederam três vezes indo a São Paulo, e Albertoni não veio nenhuma vez a Guarulhos.

    Unidade da luta para derrotar a burocracia e o governo federal

    Nós, estudantes da Unifesp de Guarulhos, que somos a ponta de lança do movimento das federais, devemos tomar a frente do Comando Nacional de Greve estudantil e impulsionar a unidade grevista dos estudantes. A ANEL, que se coloca como direção desse comando, impõe a defesa dos “10% do PIB já”. Essa bandeira é distracionista e não expressão do movimento real de choque com a política de privatização do ensino público e favorecimento dos capitalistas da educação.
    É necessário buscar também a unidade na luta com os professores e com os técnicos administrativos que também estão em greve, organizando um calendário de manifestações e atos conjuntos das três categorias, convocando a classe operária e demais assalariados a comparecerem nesses atos e unir forças contra a mercantilização do ensino.
    O movimento deve levar consigo à mesa de negociação a força das massas nas ruas, erguendo alto a bandeira de defesa do fim do ensino privado, responsável pela profunda precarização das universidades públicas. Somente assim combateremos a intransigência, manifesta pela burocracia acadêmica e pelo governo federal em atender as reivindicações do movimento dos estudantes, professores e técnicos administrativos.

    Reitor reafirma que haverá punição aos estudantes

    Em reunião do dia 27, Albertoni confirmou a entrevista do Jornal Folha de SP, reafirmando que haverá punição aos estudantes em greve. Punir os estudantes é criminalizar o movimento estudantil contra o direito de greve e de manifestação. O Reitor manteve a Comissão de Sindicância, mesmo a PRAE e o CAE não a aceitando. Explicita, assim, sua postura autoritária e antidemocrática contra os estudantes que há mais de três meses defendem o ensino público e gratuito.
    A repressão é própria do Estado burguês, que usa da violência reacionária para impor sua ditadura de classe, para impor o poder de uma minoria sobre a maioria. É o que temos visto ser despejado contra as greves (repressão e lei antigreve), contra os sem-terra (assassinatos) e contra os sem-teto (despejos bárbaros). A burocracia universitária utiliza dessa violência para manter-se como casta dominante dentro da universidade. Essa casta expressa o poder dos governos e poder econômico sobre a universidade. Como minoria, só podem impor suas medidas de forma autoritária, antidemocrática. Dessa forma, não existe uma real autonomia universitária, pois os governos e o poder econômico manejam a universidade através da casta burocrática autoritária. Só pode haver de fato democracia universitária sob a real autonomia universitária, ou seja, através do controle coletivo da universidade pelos que estudam e trabalham. Esse controle e essa autonomia se concretizam na soberania da assembleia geral universitária, com voto universal.
    Nós, estudantes da Unifesp de Guarulhos, ao defendermos nossa universidade, nos colocamos contra os interesses e o poder dessa minoria, que responde nos tirando o semestre, atirando balas de borrachas contra nós, nos prendendo e processando. O controle da universidade deve ser arrancado das mãos dessa minoria que a destrói, sendo a repressão aos lutadores parte dessa ofensiva reacionária. Aqueles que estudam e trabalham devem tomar para si o controle da universidade.
    Exigir:
    1) Reabertura imediata do campus!
    2) Atendimento imediato da pauta de reivindicação!
    3) Fim de todos os processos políticos e sindicâncias contra os estudantes. Extinção da comissão de sindicância.

Boletim Nacional #16 - Julho de 2012


    A mobilização grevista do campus de Guarulhos da Unifesp tem enfrentado situações de repressão cada vez mais violentas, arquitetadas pela burocracia universitária. Após a assembleia intercampi da Unifesp, realizada em 14 de junho, os estudantes saíram em passeata pelo bairro dos Pimentas, concluindo o ato em frente à diretoria acadêmica, com palavras de ordem que defendiam o imediato atendimento da pauta de reivindicações, a greve nacional dos docentes, o fim da repressão e a saída do diretor acadêmico Marcos Cézar. Utilizando o pretexto de ele próprio e seus funcionários se sentirem acuados e de uma suposta depredação de paredes, computadores e janelas por parte da mobilização estudantil, solicitou a intervenção da Polícia Militar (PM), que desfechou uma violenta repressão ao ato político, concluindo com diversos feridos e 26 presos.
    A partir desse momento a burocracia acadêmica começou a construir uma grande farsa do fato, disseminando na imprensa e nos meios oficiais que a intervenção da PM, “que fazia a segurança no bairro”, teve o objetivo de “conter os manifestantes e garantir a integridade física de todos os presentes, inclusive de alunos” e a “depredação do patrimônio público e constrangimento ilegal” (vide Nota Oficial da Reitoria da Unifesp, 18/06). Desde a incrível coincidência da tropa presente, que apenas “fazia a segurança no bairro”, possuir inúmeras bombas de gás lacrimogênio e efeito moral a armas de balas de borracha, com munições suficientes para descarregar sobre centenas de pessoas, até as acusações de que os manifestantes “entraram no prédio quebrando vidros, móveis e computadores, intimidando e acuando não apenas o diretor acadêmico como também professores no local, ameaçando, inclusive, ocupar o prédio” foram desmentidas por um vídeo divulgado pelos grevistas e postado na internet onde, clareza incontestável, mostra o ato político pacífico dos estudantes, todos do lado de fora da diretoria acadêmica, sendo covardemente atacados pela PM.
    Transportados pelo ônibus da Prefeitura, os 26 alunos foram trancafiados na Superintendência da Polícia Federal – três deles não foram reconhecidos, pasmem, por professores delatores que foram até o cárcere realizar o “reconhecimento” – por cerca de 24 horas, sob as acusações de depredação do patrimônio público, constrangimento ilegal e formação de quadrilha, sendo esta última não aceita pela Justiça. O movimento não abriria mão de ver seus companheiros de luta na rua, em liberdade, e por isso montou uma vigília por tempo indeterminado na frente da Superintendência, enfrentando a pressão da PM, que provocava um confronto que justificasse a dispersão dos manifestantes. A eles se juntaram estudantes solidários da USP. Segundo informações dos advogados de defesa, o delegado da PF estava convicto em enviar os estudantes ao Centro de Detenção Provisória.
    A descrição mais fiel possível aos fatos é necessária e obrigatória, pois faz parte da luta política que o movimento grevista deve enfrentar contra a mentira e a calúnia propagada pela burocracia universitária, pela imprensa burguesa e pelo Estado. Quando ressaltamos que a manifestação desenvolvia-se pacificamente, e as imagens confirmam exatamente isso, desmentimos a falsa afirmação de que os estudantes iniciaram a violência e obrigamos a burocracia universitária e a Polícia Militar a responder por que agiu com tanta sede de sangue.
    Da constatação de que o ato era pacífico não se pode depreender que sejamos defensores do método pacifista. Defendemos a violência revolucionária das massas oprimidas contra seus opressores, em contrapartida ao espírito pacifista burguês e pequeno-burguês. A explicação mais plausível é a de que a violenta repressão foi premeditada pela burocracia universitária, encarnada principalmente na figura de Marcos Cézar, visando à prisão e fichamento dos estudantes e seu indiciamento nas esferas administrativas e judiciais, principalmente dos líderes do movimento.
    Este ataque não demonstrou apenas o autoritarismo da burocracia. Revelou a inexistência de autonomia frente ao Estado burguês e o verdadeiro conteúdo da presença da Polícia em um campus universitário. Constituiu um recado da intolerância empregada pelos Marcos Cézar, Walter Albertoni & Cia. às lutas pelas reivindicações elementares e fundamentais dos professores estudantes e funcionários, na medida em que estas se constituam como confronto político e ameaça à estabilidade e à própria existência da burocracia. Reflete também o aumento da escalada repressiva da burguesia e seu Estado aos movimentos de trabalhadores e estudantes, repressão esta intimamente atrelada ao agravamento da crise mundial do capitalismo e suas consequências sobre a economia brasileira. Ou seja, é um reflexo da luta de classes.
    Apesar do encerramento do semestre letivo no campus, e a consequente redução do número de estudantes participando das mobilizações, a conjuntura nacional é favorável ao movimento grevista dos estudantes da Unifesp, principalmente de Guarulhos. Na certa, podem ser chamados de vanguarda deste processo de mobilização nacional contra as medidas de destruição e privatização do ensino público. A greve nacional dos docentes de ensino superior e a paralisação de praticamente todas as universidades federais, com a adesão de estudantes e, mais recentemente, da federação nacional dos funcionários, pode tornar-se um movimento amplo e unitário contra o governo, na defesa da escola pública.
    • Imediato atendimento das reivindicações de melhorias de infraestrutura do campus Guarulhos da Unifesp, como a construção do prédio definitivo, do bandejão e da moradia estudantil;
    • Fim das sindicâncias e dos processos administrativos e judiciais contra estudantes; fim da Comissão Disciplinar da burocracia aberta no dia 18 de junho;
    • Pelo imediato atendimento das reivindicações dos docentes e funcionários.


Governos de Lula e Dilma mostram o fracasso do reformismo em atender às necessidades da educação

    O Brasil vive hoje uma situação em que 56 universidades federais estão em greve de professores, com quase quarenta em greve estudantil. A greve dos estudantes da Unifesp de Guarulhos completou no dia 20 de junho 90 dias. Os técnico-administrativos das universidades estão em greve nacional desde o dia 11 de junho. Trata-se de um movimento que se choca com a política privatista do PT, diante da situação calamitosa das universidades públicas.
    O governo e seus lacaios burocratas acadêmicos respondem com violência reacionária e trabalham para criminalizar o movimento dos que estudam e trabalham, a exemplo dos estudantes da Unifesp de Guarulhos, que foram reprimidos pela PM no dia 06 de junho, com 46 estudantes presos, e no dia 14, com mais 26, inclusive com tentativa de acusá-los de formação de quadrilha. Para o Estado burguês, levantar-se em defesa da universidade pública é coisa de criminoso.
    Esses fatos expressam o fracasso do reformismo em cumprir com umas das tarefas democráticas que é o direito à educação. Essas universidades estão desde 2003 submetidas à Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), um projeto implementado pelo governo federal de Lula/PT cujo discurso era ampliar o acesso e a permanência na educação superior. No entanto, às portas de sua finalização, prevista para 2012, o quadro que encontramos é de caricaturas de universidades, onde as necessidades mais elementares de ensino e trabalho não são atendidas.
    O REUNI serviu de cortina de fumaça da política privatista de Lula e mantida pelo governo de Dilma. Por trás dessa expansão está a mercantilização e a desnacionalização do ensino superior. A realidade vivida pela juventude hoje é que apenas 14,4% tem acesso à formação superior, sendo que 89,4% das instituições são privadas. Ou seja, a juventude se depara com uma educação falida: de um lado, são as escassas vagas em universidades caindo aos frangalhos e, de outro, é empurrada a pagar pelo seu direito.
    O governo de Dilma/PT continua golpeando a educação pública, primeiro ao aprovar o investimento até 2020 de 8,5% do PIB e segundo ao anistiar R$ 17 bi em dívidas das faculdades privadas. Está evidente a franca defesa da valorização do capital pelo Estado, que não é capaz de atender às reais necessidades da educação, pois os 8,5% do PIB não resolverão o problema da imensa maioria da juventude fora das escolas, em especial do ensino médio e superior.
    O perdão das dívidas dos capitalistas do ensino somado aos cortes nos investimentos públicos e ao destino de 47,7% do orçamento ao pagamento da dívida pública se chocam frontalmente com as reivindicações do movimento, que se levanta por melhores condições de ensino e trabalho. Os professores das universidades federais estão desde 2010 em negociação com o governo, que não cumpriu com o acordo miserável de 4% de reajuste e agora se recusa a atender a reivindicação de plano de carreira com incorporação das gratificações. O Estado tem dinheiro para entregar aos capitalistas, mas não tem para a educação.
    Os quase dez anos de governo do PT comprovam que o capitalismo é irreformável. Demonstra a capitulação do reformismo diante do grande capital. As duras repressões sofridas não apenas pelo movimento estudantil, mas também aos outros setores, como aos camponeses, aos operários das obras do PAC, o Pinheirinho, as desocupações do centro de São Paulo dentre outros, são a manifestação do esgotamento histórico do reformismo, que necessita cada vez mais fazer uso da violência para manter o poder nas mãos da minoria.
    Que todos os assalariados apoiem e se unifiquem ao movimento em defesa da educação pública. Pelo investimento integral que atenda as necessidades da educação em todos os níveis. Pela expropriação, sem indenização de toda a rede privada de ensino. Pelo atendimento imediato às reivindicações do movimento.

Debate sobre financiamento de 8 ou 10% do PIB obscurece a necessidade de combater integralmente o PNE


    Foi aprovado o texto base do PNE de 2011 a 2020 na Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE), passando o investimento de 7,5 para 8% do PIB nos próximos 10 anos. A UNE cumpriu seu papel governista e fez manifestações exigindo a aprovação imediata do PNE. Os inúmeros destaques deverão ser analisados no dia 26 de junho.
    Ivan Valente/PSol votou contra o relatório e apresentou um destaque que fixa o percentual de 10% do PIB a ser aplicado em educação. Outro voto contrário foi do PDT que denunciou a farsa dos 50% do pré-sal para a educação previstos no texto. Como os recursos do pré-sal serão aplicados em ativos no exterior, não estarão disponíveis para investimentos em educação. Parlamentares do PCdoB, PDT, PP, PSDB e até DEM já anunciaram que vão pegar carona na proposta dos 10%. Para o relator Ângelo Vanhoni (PT/PR), porém: “A nação pode ficar tranquila, pois, com 8% de investimento direto do PIB, vamos consolidar um novo patamar da educação e da construção do conhecimento no Brasil”.
    Desde a apresentação do PNE do governo Dilma, no fim de 2010, a burocracia sindical se empenhou em obscurecer os fundamentos privatistas do PNE e a bancarrota do ensino com a discussão sobre verbas. A UNE mobilizou suas forças para sustentar a política do governo como um todo, reivindicou ampliação do ProUni, reforçou a máscara da “inclusão” por meio das limitadas políticas afirmativas e assistencialistas, aceitou a implantação do ensino a distância. Propuseram 10% do PIB para a educação até 2020, em oposição à proposta do governo, enquanto a ANEL defendia os 10% já. Em essência, ambas as propostas abandonam o combate à mercantilização da educação. Obscurecem que a crise da educação reside no domínio dos interesses privados e deve ser combatida com o programa da defesa do ensino público e de expropriação, sem indenização, do ensino privado e constituição de um sistema único, laico, gratuito e que seja capaz de unir teoria e prática. O PNE é privatista e excludente e deve ser combatido integralmente pelo movimento estudantil.

Câmara aprova MP para anistiar R$17 bilhões em dívidas das faculdades particulares

    Mais uma medida do governo federal confirma o favorecimento ao ensino privado. Como se não bastasse a compra de vagas nas privadas (Prouni) e a precarização do ensino público por meio do Reuni, junto com inúmeros “incentivos” que vão de doação de terrenos a moratórias concedidos pelos governos municipais, estaduais e federal, foi aprovado no dia 12 de junho, na Câmara, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies), que entrou de contrabando na Medida Provisória 559/12. Com o Proies, os mercadores do ensino que estiverem em apuros poderão converter suas dívidas com o Fisco federal em bolsas de estudo. A medida agora irá para o Senado.
    Ao aderir, as faculdades contam com uma moratória de 12 meses e podem pagar até 90% de suas dívidas com certificados emitidos pelo Tesouro Nacional recebidos em contrapartida pelas bolsas concedidas. Para ganhar mais esta benesse, as faculdades devem fazer parte do PROUNI, Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo.
    Tal medida demonstra que o Estado serve aos interesses dos capitalistas, favorecendo, no caso, os vendedores de diplomas. Provavelmente o Proies ajudará a sanar um setor da educação privada para torná-lo vantajoso a uma nova etapa de aquisições e fusões por parte do capital financeiro (o programa é vetado às mantenedoras controladas por pessoa física ou jurídica não residente no Brasil). Ao mesmo tempo, o governo arrocha o salário dos docentes e técnicos, mantém as universidades públicas na penúria e manda prender aqueles que se levantam contra esta situação. A campanha nacional pela estatização do sistema privado de ensino, sem indenização e sob o controle dos que estudam e trabalham é urgente!

Coneg da UNE: Direção da entidade usa o encontro pra fingir que luta em defesa da greve estudantil nas federais

    Realizou-se entre os dias 15 e 17/06 o Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da UNE, no Rio de Janeiro. Estiveram presentes na plenária do encontro representantes da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) e da Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra). Isso porque as universidades federais se encontram numa grande greve, exigindo dos estudantes uma resposta política organizada.     No discurso, a direção da UNE se colocou em defesa do movimento grevista e de maior integração entre as categorias. Foram aprovadas resoluções sobre o fortalecimento da participação estudantil e suas bandeiras na greve. Falou-se numa pauta de “valorização e reforma da universidade”, de “ampliação da assistência estudantil” e “defesa dos 10% do PIB para a educação”. São resoluções que revelam que a direção foi emparedada pela campanha da mídia em relação à situação nas universidades federais e pressionada também pelas bases em luta, obrigando-a a se pronunciar.
    O que não apareceu nos discursos oficiais da entidade, contudo, foi o balanço sobre a política educacional dos governos Lula e Dilma. Nenhuma resolução de condenação do REUNI, programa que trouxe como conseqüência o sucateamento das universidades federais. Muito menos uma crítica à coexistência entre o ensino público e o privado, com a proliferação deste em detrimento daquele.
    A direção estudantil majoritária (PCdoB-PT-PPL) não fez balanço algum desses aspectos, pois está atrelada ao governo petista. Atua no movimento grevista como um colchão, amortecendo o impacto da revolta da juventude em relação à política educacional da gestão Haddad, continuada por Mercadante. Tem impedido uma unificação real da mobilização, constituindo um obstáculo para a luta.
    Aprovou-se também o documento “UNE Brasil+10”, que tinha por objetivo “imaginar e construir a realidade do Brasil dentro de 10 anos”, numa clara referência ao PNE (Plano Nacional da Educação). Outro item aceito pelo plenário foi uma “mensagem da UNE em relação ao meio ambiente e a sustentabilidade”, motivada pela realização da conferência Rio+20. Em essência, o documento se coloca em defesa do “desenvolvimento sustentável”, sem identificar a origem dos problemas ambientais no próprio capitalismo.
    O conselho, que deveria servir para impulsionar a greve estudantil nacional, rompendo o corporativismo e caminhando para uma unidade real, acabou servindo de elemento de distração, para fazer de conta que a UNE está favorável à expansão da luta e despejar um monte de demagogia ambientalista – basta lembrar da participação de Aldo Rebelo (do mesmo partido que é a força majoritária na entidade estudantil, o PCdoB) na elaboração do novo Código Florestal, que só favoreceu os grileiros, madeireiras e as oligarquias em geral.

Bahia:
Fortalecer a luta em defesa da universidade pública! Que o governo e a reitoria atendam as nossas reivindicações imediatamente!

    O governo federal tem imposto uma política de destruição do ensino público e gratuito, através de medidas mercantilistas e privatistas, que beneficiam setores do capital nacional e internacional, que exploram a educação como mercadoria nas escolas e universidades privadas. Enquanto isso, nas IFES impõe-se a criação de vagas sem recursos correspondentes para as condições de trabalho e estudo, o que tem levado a choques cada vez maiores com estudantes, professores e servidores, quando se colocam em defesa da educação pública e questionam tais medidas.
    Os dados são impressionantes: 88% das instituições de ensino superior são privadas (aproximadamente 7 vezes mais que as públicas!); 74,2% das matrículas estão nas redes privadas contra 16% das IFES; 78% do número de ingressantes estão nas redes privadas; apenas aproximadamente 33% dos ingressantes das IFES conseguem concluir. Essa realidade é resultado de anos a fio de subsídios às universidades privadas e de desagregação das públicas. No atual governo de Dilma Rousseff (PT) avança a privatização. Em dezembro do ano passado, foi aprovada a Lei 12.550/2011 que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) com o objetivo claro de privatizar os Hospitais Universitários (HUs).
    Para fazer valer essa política, os governos encontram seus aliados na burocracia dirigente da universidade que utiliza da repressão e perseguição aberta ou velada contra estudantes, professores e servidores, que se colocam em defesa da universidade pública e reivindicam melhores condições de estudo e trabalho. O que ocorre atualmente com mais força na USP e Unifesp, em São Paulo, tende a se expandir para todo o país, na medida em que o movimento grevista coloque em cheque a política mercantilista e privatista do governo Dilma (PT) e governos estaduais.
    Não apenas a burocracia universitária, como também as direções sindicais governistas, conciliadoras e festivas comungam da política governamental e a fortalecem quando tenta de todas as maneiras bloquear o inconformismo das bases, como é o caso da direção do sindicato dos professores (APUB/Proifes). A atual diretoria já fez de tudo para quebrar a reorganização da oposição e, agora, manobra constantemente para impedir o avanço do movimento grevista.     Primeiramente, tentou desmoralizar a oposição nas listas de debate dos cursos e da UFBA com a ideia de que se tratava de um grupelho golpista e fundamentalista. Quando viram que o “grupelho” expressava a necessidade de organização, mobilização e luta da categoria e encontrava cada vez mais apoio nas bases, tentou-se evitar qualquer iniciativa de adesão à greve nacional. Uma expressiva maioria de professores presentes à assembleia chamada pela direção da APUB aprovou a greve em 29 de maio. Não satisfeita, a direção do sindicato rejeitou compor o Comando de Greve, desconheceu completamente a decisão soberana da base e se utilizou da imprensa para convencer os professores a rechaçarem a greve e continuar trabalhando. Inventou um referendo que não existe em lugar nenhum do mundo para sufocar a greve. Agora, diante da legitimidade da greve, pretende discipliná-la, impondo as suas condições, ou seja, para as condições legais para seu definitivo esmagamento.
    Como nas outras tentativas, a direção burocrática da APUB não conseguirá destruir a nossa greve. Ao contrário, a situação atual coloca aos professores, estudantes e servidores a necessidades de criar um Comando Unificado que possa centralizar a luta e fortalecê-la com uma pauta de reivindicações comuns, sem desconsiderar as reivindicações particulares, para conquistarmos a vitória. A unidade na luta concentrará num só combate as nossas forças diante das medidas que estão por vir. Não temos dúvidas de que nos bastidores estão preparando uma nova investida contra o movimento grevista. Responderemos com unidade e combatividade, isto é, com a luta.

O que significa defender o estalinismo no movimento estudantil?

    O movimento estudantil em várias universidades nordestinas, sobretudo do interior, está sob a condução burocrática do PCR (Partido Comunista Revolucionário). Esta corrente reivindica o legado de Stalin, seus métodos e suas teorias. É preciso compreender o que isso significa e combater seus efeitos desmobilizadores no movimento estudantil.
    O surgimento do estalinismo expressa a degeneração da revolução socialista. Do ponto de vista político, é a substituição da direção revolucionária pela burocracia reacionária. Toda a velha geração de bolcheviques foi golpeada por processos, prisões e assassinatos. Criaram-se privilégios aos burocratas que agarraram-se aos postos estatais. Teoricamente, o estalinismo corresponde ao abandono do internacionalismo proletário – pilar central do socialismo científico, criado por Marx e Engels – pois, mediante a defesa da possibilidade da edificação do socialismo em um só país, Stálin e sua camarilha deformaram a estratégia revolucionária e renegaram o socialismo.
    Após um longo percurso de traição à classe operária mundial, passando pelo fechamento da internacional comunista como forma de demonstrar a boa vontade de Stalin em coexistir pacificamente com o imperialismo e da capitulação aos países capitalistas, o estalinismo se mostra perfeitamente adaptado à forma de domínio da burguesia. No Brasil, os estalinistas nunca reivindicaram a revolução socialista e a independência da classe operária. Pelo contrário, desde sua fundação em 1922, o Partido Comunista caracterizou, falsamente, o pais como feudal e defendeu que o proletariado deveria ser dirigido por uma ala progressista da burguesia para realizar inicialmente uma revolução democrático-burguesa. Como consequência política defendeu a subordinação do proletariado à burguesia, prostituindo o programa marxista.
    Na década de 1960, o estalinismo mergulhou na aventura foquista, pregando a luta armada, mas ainda sob a direção do programa nacionalista burguês. O PCR surgiu em 1966 de uma divisão do PCdoB e somou as orientações maoístas e guevaristas. De 1981 a 1995 o PCR se dissolveu no MR-8, grupo liderado por Orestes Quércia no interior do MDB. Depois desta trajetória tortuosa, volta a assumir o nome de PCR e atuar no movimento estudantil.
    O estalinismo do PCdoB já demostrou seu esgotamento histórico, virou um apêndice do PT e já defende propostas nitidamente pró-imperialistas. A refundação do PCB tenta fazer reviver o velho estalinismo de forma envergonhada, enquanto o PCR o faz de forma escancarada.
    Além de todos os equívocos teóricos e táticos que levaram o proletariado mundial a graves derrotas e a uma crise de direção que perdura até hoje, os estalinistas do PCR adotam como prática os métodos de difamação, deformação histórica e política de conciliação com setores “progressistas” da burguesia e da burocracia universitária.
    É neste contexto que devemos compreender sua política de defesa de fim da gratuidade do restaurante do IFBA (Instituto Federal da Bahia) ou seu imobilismo na greve da UFCG-PB. Um agrupamento burocrático necessariamente teme o movimento das bases, pois este é o momento em que os estudantes percebem sua política vacilante e suas práticas aparelhistas.

UEL/Paraná:
Dificuldades para estruturar uma Oposição Unificada

    A frente de oposição à atual direção do DCE, constituída durante as lutas na universidade há mais de um ano, é uma necessidade reconhecida pelos estudantes como meio para reorganizar o movimento, expulsar da entidade os grupos vinculados à política governista e enfrentar a orientação privatista do governo. Entretanto, a sua estruturação como movimento organizado é retardada pelo boicote do PSTU e PSOL à definição da divulgação de uma plataforma mínima de reivindicações que sirva de eixo para esse movimento.
    O Psol/PSTU defendem o “diálogo” com os estudantes. Chegaram ao cúmulo de propor a exclusão da palavra “capitalismo”, substituir “burguesia” por “elite” e “socialismo” por “sociedade mais justa” etc.
    Mas tudo isso não passam de manobras para impedir que o documento conjunto saia com influência da política da Corrente Proletária Estudantil de defesa da educação pública, contra a orientação privatista do Estado. Preferem abortar a ação frentista para impedir qualquer projeção da nossa corrente, mesmo que isso reforce a permanência do PT/PCdoB no comando do DCE!
    Outra forma de boicotar a estruturação da oposição unificada é a de embarcar e privilegiar manifestações pontuais sobre questões específicas – como as filas no Restaurante Universitário – tornando-as um fim em si mesmo, e apostando que essas manifestações se superponham às plenárias onde se estrutura a Oposição Unificada.
    A Corrente Proletária na Educação/POR intervém disciplinadamente nas plenárias em que se discute a oposição unificada e defende que as reivindicações pontuais como a permanência estudantil (moradia, restaurante e passe livre) não podem ser tomadas isoladamente, pois dessa forma perde-se a possibilidade de fazer da luta por elas uma ponte para a compreensão de que se trata de manifestações da orientação privatista do Estado e da colaboração da burocracia universitária com a destruição da educação.

Paraná:
Frente estudantil de luta pela Educação pública

    Ocorreu em Londrina-PR, no dia 16 de junho, mais um encontro da FELEP - Frente Estudantil de Luta pela Educação Pública, caracterizando-se como “fórum de discussão e organização da luta do movimento estudantil do Paraná”. Nascido à sombra de parte do movimento docente estadual, aquele dirigido pelo Andes e sob orientação do oportunismo eleitoreiro do PSOL
    Reunindo cerca de 30 estudantes de diversas universidades do Estado como UNIOESTE (campi de Toledo, Rondon, Cascavel, F. Beltrão, Foz do Iguaçu), UFPR, UEM, UEL, UTFPR-Londrina, UNESPAR, EMBAP e UNILA, o encontro avançou na aprovação de uma carta de princípios denunciando a privatização do ensino. Foi basicamente um encontro das vanguardas. Estavam lá representantes as correntes Barricadas/PSOL, PSTU, União da Juventude Comunista, estudantes não alinhados e a Corrente Proletária na Educação.
    O ponto mais importante do encontro foi a aprovação da Carta Manifesto da Frente. A Corrente Proletária defendeu que o movimento deveria se estruturar como um meio para enfrentar o ensino privado e das diversas formas de destruição do ensino público, fazendo a denúncia consequente do governo e da burocracia universitária como agentes do capital. A caracterização de que o Estado burguês promove a privatização do ensino também mudou o eixo do manifesto que até então somente apontava para uma crítica eleitoreira ao governo Beto Richa (PSDB).
    Contudo, o reformismo da maioria das correntes prevaleceu na postura de conciliação com o ensino privado ao resistir à colocação da estatização de todo o sistema privado para defender a bandeira de “redução das mensalidades”, sob o argumento de que “as privadas existem”.
    O método de luta da ação direta também ficou esclarecido no documento inicial de formação da Frente como única forma de luta capaz de expor a contradição dos interesses dos opressores e dos oprimidos. A proposta divisionista da Anel, de reivindicá-la como alternativa à UNE não passou. Na carta ficou estabelecida que seria uma frente de luta pela escola pública contra os ataques do governo.
    A Corrente Proletária na Educação considera importante a disposição dos estudantes na construção de Frente. Porém, avalia que é necessário afastar a orientação eleitoreira das correntes para formular as reivindicações que coloquem o ME na luta contra a privatização e defesa da universidade autônoma, laica e vinculada à produção social.

Ceará:
Universidades Estaduais do Ceará paralisaram por melhores condições de ensino

    No dia 20 de junho as Universidades Estaduais do Ceará paralisaram as atividades. A manifestação foi convocada pelo sindicato dos professores e DCEs. O objetivo era marcar uma audiência pública com o Secretário de Ciência e Tecnologia e entregar a pauta de reivindicação por contratação de mais professores e assistência estudantil. A audiência foi negada.
    A realidade das universidades estaduais não é diferente das universidades Brasil afora, a diferença é apenas de grau. A carência chega a 640 professores, que somados a quantidade de substitutos mostram como tem sido as condições de ensino e pesquisa. Além disso faltam salas de aula, RU, Bibliotecas, laboratórios, as diminutas bolsas de trabalho são de míseros R$ 270 etc.
    A Corrente Proletária Estudantil interveio no movimento denunciando a repressão aos estudantes da UNIFESP, o projeto privatista dos governos Dilma e Cid Gomes (PSB/PT) e apontando para a unidade estudantil-docente, que neste momento protagonizam uma greve nacional junto com servidores em defesa do ensino público. Esse é o único caminho para derrotar os governos.

UFC/Ceará:
Assembleia estudantil da UFC decreta greve em apoio ao movimento nacional e contra o REUNI

    Na tarde do dia 21/6 os estudantes da UFC fizeram uma importante assembleia, apesar da direção do DCE (PT, PC do B e PDT) que não mobilizou. Se considerarmos o fato de que os campi do interior não estiveram presentes, apesar de serem os mais afetados pelo REUNI, de estarmos no final do semestre letivo, os mais de 200 estudantes demonstraram que a greve nacional deve ser fortalecida contra os planos privatistas do governo do PT.
    A CPE defendeu com afinco a deflagração da greve. Os governistas se apegaram ao fato da assembleia não ter o quórum. Porém, diante de uma greve nacional de professores, servidores e estudantes o ME não poderia permanecer em compasso de espera. Motivos não faltavam para que os estudantes fizessem uma greve na UFC: nos campi, principalmente do interior, falta transporte, bibliotecas, RU, residências, professores etc. O fato de reunir centenas de estudantes em uma assembleia em condições tão adversas revela que há na base uma tendência de luta que a aprovação da greve pode dar vazão.
    Parte das correntes de oposição à diretoria do DCE, no entanto, estiveram vacilantes. O PSOL/Barricadas concordou com o DCE de que a posição da assembleia era apenas um indicativo que seria homologado no conselho de entidades marcado para a semana seguinte. Apostar em um conselho de entidades onde o DCE teria a maioria é se prender a formalidade que nesse momento está contra o movimento. Nós, ao contrário, defendemos a greve independente do quórum, pois a assembleia é soberana. Defendemos que fossem tirados os delegados para o comando nacional de greve e para o comando local, enquanto o PSTU defendeu que os quatro que se colocaram para os dois cargos revezassem entre si, pois queriam evitar a votação e a derrota. O mesmo posicionamento teve a UNIPA/RECC. Ambos foram derrotados.
    Agora o movimento tem a difícil tarefa de encaminhar um calendário de mobilização que certamente será boicotado pela direção do sindicato dos professores ligado ao PROIFES e que não pode ser votado por conta da dispersão da plenária. O Comando Local de Greve deve se colocar na linha de frente na defesa de uma pauta unificada entre professores, servidores, estudantes, além dos gráficos e rodoviários que estão em mobilização e sofrem com a criminalização por parte dos patrões e governos.
    Viva a greve nacional estudantil! Unidade entre estudantes, professores e servidores!

USP/São Paulo:
Ao apagar das luzes, o reitor Rodas prepara uma mudança do estatuto

    Está convocada para o dia 26 de junho uma reunião extraordinária do Conselho Universitário (CO), com pauta única: mudanças no estatuto da USP. Entre os pontos que podem ser alterados, estão os que tratam da eleição do reitor e vice-reitor. Há a possibilidade de que um golpe esteja em andamento, já que pode ser aprovada a reeleição do reitor, vedada pelo atual estatuto.
    Outros aspectos decisivos da estrutura de poder também podem ser alterados. Rodas utiliza o antidemocrático CO, no final de semestre, quando a universidade começa a esvaziar, para impor mudanças de acordo com seus interesses. Trata-se de mais uma medida autoritária, que pode tornar a estrutura de poder ainda mais retrógrada.
    Os estudantes e trabalhadores devem se organizar para impedir a realização desse CO extraordinário. Para isso, o DCE precisa convocar imediatamente uma assembléia geral dos estudantes, divulgar o que está acontecendo e articular os centros acadêmicos em torno de uma campanha unitária. Não dá para esperar até o XI Congresso dos Estudantes, marcado para ocorrer em agosto, quando Rodas ataca agora.
    Devemos responder com mobilização. A assembléia geral dos estudantes é quem pode discutir e organizar essa resposta. É preciso chamá-la com uma convocação massiva. E ela deve aprovar:
    1) Inviabilização do “CO estatuinte” golpista;
    2) Um chamado aos professores e funcionários de unificação ao redor desta luta;
    3) Uma campanha contra todas as medidas autoritárias e repressivas do reitor: fim dos processos contra estudantes e trabalhadores; não à instalação de torres de vigilância e cancelas nas entradas; não ao novo massacre do Pinheirinho ao lado da USP (entrega à PM do terreno da comunidade São Remo).

USP/São Paulo:
Justiça anula eliminação de estudante da USP

    No final do ano passado, a reitoria tornou público o ato administrativo que eliminava o estudante de Geografia, Yves de Carvalho Souzedo, além de mais sete companheiros, acusados de participar da ocupação do térreo do bloco G do CRUSP (conjunto residencial da USP), ocorrida entre 2010 e 2012. Agora, a 6ª Vara de Fazenda Pública concedeu mandado de segurança, assinado pela juíza Alexandra Fuchs de Araújo, permitindo que o estudante retorne ao curso.
    Para a juíza, o processo não verificou e comprovou o que cada participante da invasão teria cometido. Disse ainda que a decisão da USP, com uma pena tão grave (“eliminação”), não poderia ser aplicada sem registro de reincidência. O silêncio do estudante, que se negou a dar explicações, não poderia resultar em imputação dos fatos como verdadeiros. Fuchs observou também que outros cinco participantes da ocupação não foram condenados.
    Essa última observação é um claro apontamento de que o processo é, na verdade, uma peça de perseguição política, já que houve uma seleção consciente dos alvos a serem atingidos. De acordo com a juíza, “aqueles que depois vieram a integrar outra chapa (AMORCRUSP), oposição da chapa Aroeira que teria organizado a invasão, foram absolvidos, sem que houvesse nenhuma apuração concreta dos fatos”.
    O mandado de Fuchs determina que se cassem definitivamente todos os efeitos do ato administrativo. Porém, este “definitivamente” não nos parece tão absoluto, afinal, a reitoria terá prazo de vinte dias para recorrer da sentença, contados após publicação no Diário Oficial. Fora isso, na prática a USP tem se negado a reintegrar o estudante.
    Aqui se encontra o nó da questão: os meios legais e institucionais não podem ser rejeitados por princípio, e sim ser submetidos ao método da ação direta. E para essa linha se concretizar é preciso que os estudantes se organizem. O que parece óbvio, contudo, passa despercebido pela direção do DCE (gestão “Não vou me adaptar”, PSol-PSTU), que se recusa a convocar uma assembléia geral. Sem uma campanha vigorosa contra a repressão, mais a reitoria se verá livre para prosseguir com seus ataques.

Bolívia:
Reitor da Universidade San Francisco Xavier (Bolívia) manda prender universitários

    Na Universidade San Francisco Xavier, assim como nas demais, impera a tirania e intolerância dos reitores. O reitor Walter Arizaga as usou contra o dirigente estudantil Víctor Flores, estudante de sociologia e membro da URUS (União Revolucionária dos Universitários Socialistas), corrente estudantil do POR, e o mandou à prisão com acusação criminal. O delito do companheiro é exigir cátedra paralela, gratuidade da educação, infra-estrutura, orçamento, respeito ao co-governo etc. Parece coisa de loucos, mas assim acontecem as coisas.
    Nas universidades, o princípio de autoridade foi imposto a pauladas. Contra a liberdade de crítica e pensamento, as autoridades vomitam seu constrangimento grotesco. As autoridades são inquestionáveis e todos se perguntam por que soltam tanta espuma pela boca. A razão é uma só, a excessiva concentração de poder aumenta seus interesses materiais e por isso estão dispostos a defendê-los com todos os recursos ao seu alcance.
    Esta é a universidade de “excelência” e de “qualidade”, resultado da aplicação da política liberal no ensino superior. Esta política foi aprofundada pela Lei “Avelino Siñani – Elizardo Perez”, do governo do MAS, e justificada graças a todas as agressões que o ignorante Evo Morales lança contra o movimento universitário.
    Este novo abuso contra o movimento estudantil do reitor de San Francisco Xavier só pode ser enfrentado pela ação decidida e organizada dos estudantes de base. Nós, estudantes, devemos expulsar os ditadorezinhos junto às camarilhas. Mas esta ação não pode ser simples espontaneidade, deverá ser resultado de um movimento politicamente claro.
    Para acabar com as camarilhas, primeiro há que derrotar a política que as sustenta. Esta política é a burguesa, incapaz de desenvolver o país e que só oferece politicagem, entreguismo, roubo e destruição.
    A política da classe operária é a chamada para guiar os estudantes, incorporá-los à luta pela transformação social e encontrar nela nosso futuro. A luta pelo governo operário e camponês nos dará a possibilidade de avançar para a nova universidade, verdadeira base onde se fundamentará a ciência e a cultura.
    Exigimos a liberdade imediata do companheiro Víctor Flores! Morra a tirania das camarilhas! Viva a liberdade de pensamento e expressão!




É comum a militância porista ser interrogada sobre o nome de nossa corrente estudantil. Causa estranheza principalmente a junção de duas palavras: “proletária” e “estudantil”. Geralmente respondemos só o essencial: somos jovens militantes que atuam no seio do movimento estudantil defendendo um programa proletário, socialista. A referência à classe operária no nome da organização tem por objetivo escancarar o conteúdo de nossa política, a partir de sua raiz de classe. Essa formulação, entretanto, carece de uma explicação mais aprofundada. Com esse objetivo, decidimos publicar uma carta de Leon Trotsky sobre a questão, como contribuição ao debate. Trata-se de um texto de 10 de dezembro de 1938, que faz parte dos arquivos pessoais de James P. Cannon. A assinatura é de “Hansen”, um dos pseudônimos usados pelo revolucionário bolchevique.


Um nome revolucionário para um grupo juvenil revolucionário

    Queridos amigos,
    Dizem-me que houve oposição à proposta de chamar a organização juvenil de “Legião da Revolução Socialista”, já que ao trabalhador norte-americano não “agrada” nada que cheire a revolução, ação ilegal, hostilidade à democracia etc. Estes argumentos são incomparavelmente mais importantes que a questão em si do nome.
    Há tempos a experiência histórica tem demonstrado que aquele que não considera oportuno ostentar abertamente seu nome político não possui a coragem necessária para defender suas idéias, já que o nome não é algo acidental, senão a condensação das idéias. Por isso Marx e Engels se diziam comunistas e nunca gostaram do nome de social-democratas. Por isso Lênin abandonou a camisa suja da social-democracia e adotou o nome de Partido Comunista para sua organização, por ser mais intransigente e militante. Agora, novamente temos que afastar os nomes que têm sido prostituídos e eleger um novo. Não temos que buscá-lo nos adaptando aos preconceitos das massas. Pelo contrário, temos que nos opor a estes preconceitos com um nome adaptado às novas tarefas históricas.
    O argumento mencionado é incorreto em seu aspecto teórico, político e psicológico. A mentalidade conservadora de um grande setor de trabalhadores é uma herança do passado e forma parte do “norte-americanismo” (tanto ao estilo de Hoover como ao de Roosevelt). A nova situação econômica está em oposição absoluta a esta mentalidade. O que é determinante para nós: a estupidez tradicional ou os fatos revolucionários objetivos? Vejamos o senhor Hague do outro lado da barricada. Ele não teme pisotear a “democracia” tradicional. Proclama: “a lei sou eu”. Desde o ponto de vista tradicional parece muito imprudente, provocativo, irracional; porém, é absolutamente correto desde o ponto de vista da classe capitalista. Só desta maneira se poderá formar um partido reacionário militante adequado à situação objetiva.
    Será que não temos tanta coragem como os que estão do outro lado da barricada?
    A crise do capitalismo norte-americano tem um ritmo muito rápido. As pessoas que hoje se assustam com um nome militante amanhã compreenderão seu significado. O nome político não é para um dia ou um ano, senão para todo um período histórico.
    Nossa organização juvenil conta somente com setecentos membros. Seguramente nos Estados Unidos há dezenas e centenas de milhares de rapazes e moças profundamente decepcionados com a sociedade que lhes nega a possibilidade de trabalhar. Se nosso nome não resulta compreensível ou “agradável” para os milhões de elementos atrasados, pode se fazer muito atrativo para dezenas de milhares de elementos ativos. Nós somos um partido de vanguarda. Enquanto assimilamos aos milhares e dezenas de milhares, os milhões aprenderão o verdadeiro sentido do nome por meio dos golpes econômicos que lhes são impostos.
    Um nome medíocre passa despercebido e isto é o pior em política, especialmente para os revolucionários. A atmosfera política está agora extremamente confusa. Em uma reunião política, quando todos falam e ninguém escuta aos demais, o presidente põe ordem dando um forte golpe sobre a escrivaninha. O nome do partido teria que ressoar como esse golpe.
    A organização juvenil pode e deve ter organismos auxiliares com propósitos variados e nomes diferentes, mas o organismo político dirigente tem de ser de um caráter revolucionário definido e aberto e contar com seus correspondentes bandeira e nome.
    O primeiro informe me dá a impressão de que o perigo não reside em que a juventude deseje ser um segundo partido, senão que antes o partido a domina demasiado direta e firmemente, por meios organizativos. Os quadros partidários da juventude, naturalmente, elevam muito o nível da discussão nos congressos e no Comitê Nacional, mas este alto nível é uma expressão do aspecto negativo da situação. Como se pode educar a juventude sem uma certa quantidade de confusões, erros e lutas internas que não sejam infiltrados pelos “velhos”, mas que surjam de seu próprio desenvolvimento natural? Parece-me que na organização juvenil os membros de experiência do partido pensam, falam, discutem e decidem em nome da juventude e que esta deve ter sido uma das razões porque perdemos gente no ano passado. A juventude não tem direito a ser demasiado sábia ou demasiado madura, ou melhor, só tem direito a ser jovem. Este aspecto da questão é muito mais importante que o das cores, rituais etc. O pior que poderia nos passar seria estabelecer uma divisão do trabalho dentro da organização juvenil: que a base jovem jogue com cores e trompetes e os quadros seletos se ocupem de política.
    Fraternalmente,
    Joe Hansen [Trotsky]