segunda-feira, 6 de agosto de 2012

XXXIII ENEL/Florianópolis

04 de agosto de 2012
Movimento Estudantil de Letras posterga criação de um novo estatuto para a Executiva
Fazer da ExNEL um instrumento de luta dos estudantes!

    De 22 a 28 de julho, foi realizado em Florianópolis/SC o XXXIII Encontro Nacional dos Estudantes de Letras (ENEL). Em mais uma edição do encontro, o debate político ficou secundarizado, com apenas um grupo de discussão da crise econômica mundial e um outro grupo da greve nacional das federais. O encontro festivo, turístico e despolitizado não cumpriu a tarefa de criar um novo estatuto com base na discussão política das bandeiras de luta da Executiva Nacional dos Estudantes de Letras. A primeira bandeira “contra as políticas implantadas pelo REUNI” expressa a resistência dos estudantes ao programa mercantilista do governo petista para o ensino superior brasileiro. Desde 2007, ano de início do projeto, ocorreram diversas greves e ocupações de reitorias. No entanto, existe o problema de direção política que se arrasta há alguns anos na Executiva, tal problema está ligado também à forma de eleição da direção da entidade, realizada por delegado sem apresentação de propostas políticas, ou seja, não há uma chapa com programa e pessoas que o coloquem em prática como acontece em diversas entidades.
    Das correntes presentes que se posicionaram, a Corrente Proletária Estudantil/POR fez a defesa da criação de um novo estatuto com base nas bandeiras de luta da Executiva para torná-la uma ferramenta de combate às políticas governamentais de mercantilização do ensino público. Denunciamos nas plenárias o encontro despolitizado, a estrutura de composição da nova diretoria por delegados que favorece ao oportunismo político do PT. Mais uma vez, algumas correntes do PSol argumentaram que antes de ser alterado o estatuto da entidade o mesmo deveria ser discutido na “base”. Nenhuma divergência quanto a discutir o documento entre os estudantes, ocorre que o mesmo argumento foi utilizado pelo PSol em encontros anteriores. Um encontro que reuniu CAs de todo o Brasil e cerca de 1500 estudantes de letras não é representativo? Estudantes independentes da USP fizeram o mesmo questionamento e juntamente com a Corrente Proletária Estudantil denunciaram as manobras que evitaram a discussão do estatuto para prevalecer a forma indicativa de eleger a direção da ExNEL.

Conjuntura Nacional

    O debate de conjuntura nacional se limitou a discutir a greve nas universidades federais colocando a intransigência do governo Dilma/PT, por não atender à pauta de reivindicação dos professores e de não negociar com o comando da greve estudantil.
    Os informes das universidades presentes evidenciaram a essência do Reuni de mercantilizar e precarizar a universidade pública. Fizemos os informes políticos da UNIFESP Guarulhos em greve há mais de quatro meses com uma pauta reivindicatória de infraestrutura universitária e permanência estudantil. Sobretudo os estudantes da Universidade Federal de São Paulo lutam em defesa do ensino público. Denunciamos o autoritarismo da burocracia acadêmica, as invasões da universidade pela polícia militar, as prisões de estudantes e intensificamos a campanha contra os processos políticos aos lutadores perseguidos pela Reitoria e o governo Dilma.
    O grupo de discussão também colocou as políticas do governo Dilma de favorecimento às instituições privadas. Destacamos a coexistência do ensino público com o privado, que favorece os capitalistas da educação. As políticas privatizantes do governo, como fundações, PROUNI, FIES etc., estão voltadas a cumprir este objetivo. Defendemos a necessidade de lutar por um único sistema de ensino, estatal, laico, autônomo e vinculado à produção social; no entanto, os problemas surgidos na plenária final inviabilizaram realizar amplamente a discussão da expropriação da rede privada, sem indenização aos capitalistas e criação de um sistema único de ensino para combater a mercantilização.
    O POR se empenhou na realização do Ato da Greve em defesa da Educação Pública, apontando a necessidade de unificação das lutas dos três setores para derrotar as medidas governamentais de corte de verbas e de arrocho salarial. O governo Dilma, diante da crise econômica mundial, está obrigado a atacar os direitos dos trabalhadores e da juventude. Diferentes de encontros em anos anteriores, a conjuntura internacional foi menos discutida neste ENEL, fato muito grave num momento em que a crise se aprofunda no Brasil com o a redução do PIB, alta do desemprego, aumento da pobreza etc.
    Continua pendente a tarefa de criar no movimento estudantil uma direção revolucionária que lance mão de um programa proletário, não somente para educação, mas, para toda a sociedade em defesa dos interesses da maioria explorada e oprimida. A universidade de classe expressa todas as formas discriminatórias socialmente impostas pela ideologia burguesa. Uma nova universidade será fruto da sociedade socialista. O programa reformista burguês não propõe a transformação social, conserva a sociedade capitalista responsável pela barbárie. É tarefa da juventude organizada no movimento estudantil estabelecer aliança com a classe operária e demais trabalhadores oprimidos para lutar pelo fim do capitalismo em decomposição.

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