sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A crise na Unifesp Guarulhos só será resolvida com o atendimento das reivindicações da greve estudantil!

Unifesp deve ficar nos Pimentas e atender à população trabalhadora!
A crise na Unifesp Guarulhos só será resolvida com o atendimento das reivindicações da greve estudantil!
Derrotar a política privatista do governo

    Há uma crise na educação brasileira. Saltam aos olhos o baixo rendimento dos alunos de todos os níveis da rede básica pública e do ensino superior privado, a proliferação por meio de subsídios estatais de faculdades particulares e a degradação das condições de estudo e trabalho nas universidades públicas federais. O Campus de Guarulhos da UNIFESP representa de maneira nua e crua tal crise, que tem suas raízes na política governamental petista para a educação, sendo uma destas vertentes o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI.
     As principais diretrizes que compõem o REUNI são: i) aumento mínimo de 20% nas matrículas de graduação; ii) elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para noventa por cento; iii) elevação gradual da relação de alunos de graduação em cursos presenciais para dezoito por professor; iv) acréscimo dos recursos limitados a 20% das despesas e; v) proliferação dos ciclos básicos e bacharelados interdisciplinares. A indicação de que a adesão por parte das universidades ao REUNI seria voluntária não conseguiu acobertar seu caráter autoritário. Vinculando o aumento de verbas à adoção das diretrizes, as burocracias que comandam as universidades correram desesperadamente, por todos os meios possíveis, para verem aprovados em seus respectivos conselhos universitários o ingresso ao Programa, mesmo sob forte oposição de diversos setores dos estudantes, professores e técnicos.
     Após anos de mobilizações, greves e ocupações, foi atingido o ápice da resistência à falida política governamental neste ano, em uma greve organizada por professores, funcionários e estudantes em praticamente todas as universidades e institutos federais. A greve estudantil da UNIFESP de Guarulhos foi a ponta de lança desta mobilização nacional, iniciando-se em 22 de março. Desde então, os estudantes grevistas têm sofrido um processo intenso e sistemático de repressão, com prisões, sindicâncias e processos administrativos e judiciais. Basta ver que o número de estudantes processados supera uma centena, desde a fundação do campus, em 2007.
     Para resolver esta crise imposta pelo REUNI, a via que a maioria dos estudantes da UNIFESP Guarulhos optou foi a mobilização coletiva e a ação direta. Reivindicações como a construção do prédio definitivo do Campus, transporte adequado para a comunidade universitária e moradores do bairro dos Pimentas, restaurante universitário definitivo, aberto à população, construção de uma creche, fim das sindicâncias, dos processos administrativos e judiciais, portanto, da perseguição política aos lutadores, foram os eixos pelos quais os estudantes paralisaram as aulas.
     Porém, um grupo de professores elaborou um dossiê com o intuito de convencer a reitoria de que para se resolver a crise instalada na UNIFESP Guarulhos seria necessário a Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – EFLCH, ou ao menos parte de seus departamentos, abandonar o Bairro dos Pimentas, deslocando-se para São Paulo. Apóiam-se na constatação de que o acesso ao campus é difícil, o que afastaria os melhores candidatos do vestibular. Mas o que inviabiliza o desenvolvimento da Unifesp é a falta de investimentos, política do Reuni e não a localização.
     Esta burocracia dirigente da Unifesp procura aumentar a elitização da universidade, instalando-a na zona sul de São Paulo. Além das apontadas dificuldades de acesso ao campus, esta burocracia expressa seus preconceitos de classe média ao resistir a lecionar num bairro proletário. Contam também os interesses próprios de burocratas de manipulação das verbas e cargos.
     A universidade foi uma conquista dos moradores da região, que a reivindicavam. O ensino superior brasileiro é dominado pelos capitalistas da educação, que controlam 90% das instituições e 75% das vagas. Quem pode pagar tem acesso, quem não pode disputa as poucas vagas de universidades públicas nos vestibulares, verdadeiras máquinas de exclusão da maioria à universidade pública. A necessidade dos moradores em ter uma universidade pública no bairro é podada pelo vestibular excludente de um lado e pelo predomínio do ensino privado, de outro.
     Por isso, o movimento estudantil deve levantar, juntamente aos trabalhadores, a bandeira de ensino público e gratuito a todos em todos os níveis. Para alcançá-la, é preciso lutar pelo fim do ensino pago, com a expropriação da rede particular de ensino e controle coletivo da universidade por quem estuda e trabalha, sem nenhuma ingerência dos capitalistas e de seus governos sobre ela. É assim que se combate com consequência a mercantilização da educação e a exclusão da maioria.
     A luta pela permanência da UNIFESP em Guarulhos significa defender:
     • Manutenção de TODOS OS CURSOS no Campus dos Pimentas;
     • Infraestrutura adequada: construção do prédio definitivo já, restaurante universitário definitivo já, moradia para todos que precisam, creche já, transporte adequado para estudantes, trabalhadores e a população dos Pimentas;
     • Sem punições aos estudantes: fim das sindicâncias, dos processos administrativos e judiciais e fim da perseguição política.

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