vs.
defesa da universidade pública
Nosso instituto sofre com a privatização por todos os lados. Alguns poucos exemplos são: a limpeza que é terceirizada, a nova xerox privada, a tentativa de se formar um convênio com o Bradesco para oferecer um curso no IME e a congregação que tem discutido um regimento para o Centro de Competência em Software Livre – CCSL (que ficará no novo prédio) e já quer colocar uma fundação privada para administrar suas finanças. Todos eles representam interesses privados, externos à universidade.
Todos os funcionários terceirizados sofrem com a super-exploração e instabilidade no emprego. Não têm os mesmos direitos trabalhistas que os funcionários concursados, sequer têm direito ao BUSP, tem salários rebaixados (bem inferiores aos da universidade) e não são representados pelo sindicato de trabalhadores da USP (SINTUSP), apesar de trabalharem aqui. A greve realizada pelas trabalhadoras terceirizadas da empresa União, por não terem recebidos seus salários, é apenas um exemplo das condições em que se encontram estes funcionários. Exemplo ainda mais horripilante é do Vigia da EVIK do IME, que fez greve de fome em protesto pela falta de pagamento do vale transporte e ausência de garantia dos direitos trabalhistas, e denuncia assédio moral e pressão por parte de alguns integrantes da guarda universitária.
A nossa xerox foi privatizada recentemente. A reprografia, que atendia também os estudantes, teve seu espaço encurtado e perdeu algumas de suas máquinas, além de ficar em desacordo com as normas legais de segurança do trabalho. Não bastasse isso, avizinhou-se um caso parecido com o que aconteceu com a lanchonete. A licitação de concessão do serviço diz que eles têm monopólio no IME. A lanchonete ficou por anos sem pagar aluguel porque o grêmio de funcionários também vendia lanches. Agora, a xerox reclamou que supostamente os alunos da pós-graduação estavam vendendo a cota a que tinham direito. A diretoria então tirou a cota dos estudantes e passou a dar cota de impressão, que eles já têm na rede Linux e no CEC, deixando-os sem xerox. Mais uma vez, a necessidade dos estudantes foi submetida aos interesses das prestadoras de serviços.
A congregação discutiu no início do ano realizar um convênio com o Bradesco. Tratava-se de um curso de “mestrado profissional”, pago para 40 pessoas, com duração de um ano e meio. O IME daria o curso usando a infraestrutura e os recursos humanos do instituto, tudo em beneficio ao banco. Este pagaria um dinheiro a alguns dos professores e uma miséria ao IME, que ficaria apenas com 13 mil reais, quase metade do que ganharia o professor coordenador do curso. Isso, como se não sofrêssemos com a falta de professores e os professores não recebessem salário da universidade para se dedicar a ela (e não ao Bradesco). O convênio, no final das contas, só não se concretizou porque, na primeira congregação que discutiu isso, acabou o quórum e ele não foi votado. Sem a resposta rápida, o banco fez o convênio com a Fundação Vanzolini.
O prédio do CCSL já está para ser inaugurado e não tem um regimento aprovado. Há muito que a congregação tenta aprovar seu regimento, mas a discussão sobre a privatização levantada pelos RDs e pela ADUSP se alonga e acaba nunca sendo votada. A formulação versa sobre a execução orçamentária poder ser administrada por fundações de direito privado. É um absurdo colocar em mãos privadas a execução do orçamento e se pensar que as verbas serão destinadas de acordo com interesses privados. Os exemplos da privatização estão aí para mostrar o contrário.
O processo de privatização da universidade pública afeta a todos e os estudantes são peça fundamental na defesa da universidade pública. A política privatista que temos aqui não é exceção, mas a manifestação específica de uma política geral aplicada à USP. Nós, estudantes, devemos defender os interesses dos que estudam e trabalham na universidade, devemos rechaçar qualquer medida de privatização, que via de regra beneficia uma minoria em detrimento da maioria.
Não devemos ter ilusão nos organismos burocráticos da universidade. Eles são os instrumentos estruturados e usados para manter o poder da universidade nas mãos de uma minoria. São autoritários já em sua estrutura. A congregação, que é o órgão máximo de decisão do instituto, por exemplo, conta somente com 3 representantes dos estudantes e um dos funcionários, de um total de 38 membros. Outro exemplo é o CTA (Conselho Técnico e Administrativo), que decide sobre o uso do espaço físico do instituto e que recentemente vetou a realização de uma festa organizada pelos estudantes (o RockIME), apesar de existir até um abaixo assinado pedindo a sua realização.
O fórum democrático de organização dos estudantes são as assembleias. Nelas se discute, delibera e se põem em prática as ações que irão viabilizar suas decisões. O CAMAT indicou uma assembleia para a semana do dia 15, mas não decidiu sua pauta. É importante que se referende o quanto antes para que ela possa ser preparada. Muitos pontos precisam ser discutidos. É importante que os estudantes discutam seus problemas mais sentidos, como a falta da lanchonete e retomada daquele espaço estudantil e os processos de perseguição política que atingem cada vez mais estudantes que lutam.
Historicamente, o método da ação direta (ocupações, greves, piquetes etc.), foi o que conseguiu vitórias para o movimento, por isso o defendemos. Se hoje há um bandejão na física, foi porque os estudantes de lá ocuparam o que se pretendia ser uma lanchonete privada. Se hoje há moradia estudantil é porque o CRUSP foi ocupado, ainda que a reitoria tenha tomado dois blocos e demolido três outros. Nós, do IME, devemos reivindicar esta tradição de luta do movimento estudantil e usá-la para arrancar da diretoria e da reitoria nossas reivindicações. Devemos também tomar como nossa a defesa dos nossos companheiros processados, que hoje são perseguidos políticos por terem lutado em defesa da universidade pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário