quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Posição da CPEst frente ao Plebiscito pela "Democratização" na USP

23 de outubro de 2012
O plebiscito pela “Democratização” na USP é distracionista e um obstáculo na luta pela real autonomia e democracia universitárias

    A realização do plebiscito desta semana foi decidida no 11º Congresso dos Estudantes da USP. Na ocasião, nós, do POR, nos colocamos contra a proposta. Dissemos que a defesa dos processados, a luta contra a PM e o reitor e o combate ao autoritarismo na universidade deveriam se dar de forma unificada e empregando o método da ação direta. Essa ideia se concretizava na bandeira de retomada da luta de fins de 2011. Significava que a tarefa era realizar as manifestações de rua, uma ampla campanha de propaganda, retomar a greve e as ocupações.
    O bloco PSol-PSTU, seguido por outras correntes, se posicionou pela defesa do plebiscito. Mais do que isso, elevou a proposta à função de principal tarefa durante todo o mês, quem sabe até do segundo semestre, no que se refere à luta pela chamada “Democratização” da USP.
    A “democratização” da USP é a tentativa de aumentar a participação dos estudantes e funcionários nos colegiados da atual estrutura antidemocrática, aliada a defesa da eleição paritária do reitor e diretores de unidades, pelas quais a casta burocrática que manda atualmente continuará mandando. Em resumo: democratização é dar uma embelezada na atual estrutura autoritária de poder sem mudar sua essência, que é o controle da universidade pelos governos e poder econômico. Ao contrário, defendemos o controle coletivo da universidade por quem estuda e trabalha, real autonomia universitária, governo tripartite e soberania da assembleia geral universitária com voto universal. Isso é a real democracia universitária. E só se conquistará com a luta de massa pelas reivindicações, que se chocam com a casta autoritária e colocam a questão do poder de forma concreta.
    Para a direção do DCE, é como se dissesse: nessa luta, o máximo que eu topo é um plebiscito. Evidentemente, argumentou e vai continuar argumentando que não há oposição entre fazer um plebiscito e realizar outras atividades em defesa dos processados e eliminados, por exemplo. Na prática, porém, boicota qualquer iniciativa que caminhe para a ação direta.
    Não participaremos da construção desse plebiscito por considerar que não servirá para o propósito de impulsionar a luta dos estudantes. O papel concreto que está desempenhando é o de ocupar um espaço importante num calendário apertado, quando deveríamos estar empenhados em fazer as assembleias, deliberando e colocando em prática medidas de agitação e propaganda ao redor das reivindicações mais sentidas dos estudantes e trabalhadores, fazendo a ligação com os problemas gerais. Ou seja, o plebiscito é distracionista e portanto um obstáculo para a organização da mobilização necessária para enfrentar a repressão, o privatismo, elitismo e precarização da universidade.
    Estar fora de sua construção implica também que não faremos campanha pelo “NÃO” às perguntas da cédula de votação. As perguntas denunciam o caráter do plebiscito: sim ou não à reforma do estatuto de Rodas, que pode prorrogar seu mandato? Sim ou não à democratização por meio de diretas pra reitor? Sim ou não a uma estatuinte sob a administração do aprendiz de ditador? Continuaremos intervindo na base, defendendo o avanço da mobilização real, distantes dessas falsas soluções e dos métodos passivos de conciliação com a burocracia e sua estrutura de poder.

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