Para a próxima segunda-feira, as 18h, na vivência, está marcada a primeira assembleia de estudantes do IME convocada pela atual gestão do CAMAT, a Multiplicação. Sua primeira convocatória aconteceu no grupo de e-mails do “camat-aberto”, mas, além disso, ainda não vimos uma ampla divulgação. A falta de uma divulgação massiva corresponde ao caráter que a gestão busca dar ao fórum, que é a de um que apenas discuta diletantemente com uma pequena parcela dos estudantes e não que os organize como um todo para a luta pelas reivindicações. É imprescindível que os fóruns sejam práticos, voltados a resoluções concretas. A discussão não pode ser nunca um fim em si. A ação coletiva deve ser sempre um norte, pois é com ela que os estudantes poderão conquistas suas reivindicações.
Na primeira chamada para assembleia, vimos, ao invés de uma pauta clara e objetiva, a pérola “trataremos de diversos temas ou assuntos”. A gestão poderia até alegar que existem muitos problemas e que não devemos esquecê-los ou negligenciá-los, pois todos são importantes. Mas é certo que nunca responderemos a tantos problemas com uma única assembleia por ano. A assembleia deve ser convocada com pauta clara, para que todos possam discutir antes e defender suas propostas com antecedência.
Consta como pauta, também, a prestação de contas do centro acadêmico. Mas a convocatória não se coloca a partir do ponto de que a assembleia deve aprová-la ou não, mas que a gestão a faz por uma benevolência, “visando transparência”. O CA é um órgão do movimento submetido aos estudantes, não tem uma vida autônoma. Quando uma gestão é eleita, ela não se torna dona dele. A prestação de contas é um dever. E os estudantes podem decidir para quê o seu dinheiro será usado, inclusive contrariamente à vontade da direção.
Para piorar ainda mais, vemos antecipada a discussão de que se a assembleia não tiver quórum não será deliberativa: uma confissão. Uma gestão comprometida irá buscar todos os meios para fazer as assembleias o mais massivas possível e não decretar seu esvaziamento a priori. O quórum se discute quando se instala a assembleia. Discuti-lo antes disso é revelar sua indisposição para convocá-la amplamente. É como se o médico dissesse para o paciente “sua gripe vai se transformar em uma pneumonia e te levar a morte”, ao invés de indicar o tratamento da gripe. E a solução para a “pneumonia” é a proposta de fazer outra assembleia no dia 5/11, uma segunda-feira depois do feriado de 2/11 (sexta-feira). Isso só evidencia mais e mais a falta de vontade política da nossa atual direção.
Se a clareza e a objetividade das assembleias são importantes, a preparação é essencial. Os mesmos que antecipam o esvaziamento não preparam o fórum. E é claro que se os estudantes não souberem do que se passa ou não virem nenhuma perspectiva, não irão se dispor a ir na assembleia. É papel do CAMAT trazer ao cotidiano do IME a discussão dos problemas e propostas de ação para resolvê-los. Sempre temos CinIME, mas não vemos chamados aos estudantes para debaterem os problemas cotidianos.
A lanchonete é “pauta” da assembleia, mas a maioria dos estudantes não estão a par do que se passa e se passou lá. Quantos sabem que aquele espaço era estudantil? A perspectiva da retomada do espaço é diferenciada de uma mera reivindicação de lanchonete para o instituto. A maioria dos estudantes não sabe que o dono da antiga lanchonete ficou anos sem pagar aluguel e que uma gestão do centro acadêmico entregou o espaço para a diretoria para que resolvesse o problema. E que propaganda foi feita pela retomada daquele espaço? Já está vazio tem mais de um ano e nada foi feito. Mesmo agora para a assembleia não vemos nenhuma preparação deste tema.
Em meio à pauta solta, defendemos que os estudantes devem se centrar na discussão de iniciativas para retomada para o controle estudantil do espaço onde era a lanchonete. A primeira coisa a ser feita é uma grande propaganda. Por isso, propomos que se crie um grupo de trabalho (GT) que levante todo o histórico do uso e do controle daquele espaço. São necessários também grupos de discussão (GDs) sobre o tema, para que se leve ao conjunto dos estudantes todo histórico. Os GDs devem servir também para desenvolver as propostas dos estudantes sobre o uso que será dado ao espaço. Por fim devemos ter uma assembleia com pauta “retomada da lanchonete”, para discutir e pôr em prática as ações que forem levantadas.
Mas não podemos ser corporativistas e nos determos apenas às questões diretamente ligadas ao IME. Por isso, defendemos que se aprove uma moção de repúdio à eliminação da companheira Amanda à reintegração de posse de seu quarto no CRUSP, onde mora com um filho de menos de um ano. A companheira foi eliminada da universidade por ter lutado por mais moradia. Devemos exigir que a companheira seja reincorporada as quadros da USP e indicar a todos que sempre que puderem ajudem na vigília que é feita em seu apartamento contra a reintegração de posse, principalmente em momentos críticos (finais de semana e feriados).
Quanto ao plebiscito, fizemos uma nota específica para toda USP, que reproduzimos em seguida.
No dia 17/10, aconteceu uma assembleia da Pura. Em um instituto tão pequeno e desmobilizado como o IME, a direção do CAMAT, ao invés de agregar os estudantes, os divide em assembleias separadas.
Alegaram que a pauta era específica do curso. Mas a discussão do curso e de seu currículo é algo específico do bacharelado em matemática? Basta ver o conteúdo da discussão para se perceber que não.
Mesmo tendo um único CA, que supõe uma única base, a gestão do CAMAT fez uma divisão entre os estudantes por cursos. Qualquer mudança que vá contra a burocracia e seus departamentos precisará de um movimento forte que pressione a diretoria. A fragmentação só nos enfraquece.
O problema de falta de matérias optativas oferecidas e mesmo o oferecimento de matérias apenas em semestre ímpares ou pares é um reflexo da falta de professores. O movimento deve exigir da diretoria e da reitoria que existam professores em número suficiente para atender a todas as demandas dos cursos. Para isso, é preciso criar um movimento amplo. Devemos exigir que o CAMAT convoque assembleias de todos os estudantes do IME e não de cada curso, para discutir iniciativas conjuntas que arranquem da burocracia esta nossa reivindicação.
A vida acadêmica dos estudantes enfrenta no IME uma série de problemas. Disciplinas com conteúdos fragmentados, sem interrelação, repetitivas, decorativas; professores sem didática, avaliações desconexas com os conteúdos, encadeadas de forma a inviabilizar o andamento do curso (pré-requisitos), com oferecimento interrompido.
Os problemas de currículo do IME, com suas particularidades, não são exclusividade do instituto. O ensino superior, como a educação em geral no capitalismo, padece da separação entre sujeito e objeto, teoria e prática, e do controle exercido pela burguesia e seus governos, que manejam o ensino de acordo com suas necessidades e não as da maioria.
As deformações e distorções presentes na educação dependem para sua resolução não de uma nova educação, mas de uma universidade nova, que esteja sob controle coletivo dos que estudam e trabalham e possa realizar a unidade entre teoria e prática. Por sua vez, a nova universidade será produto de uma nova sociedade. Somente assim será possível alcançar um ensino que forme plenamente.
Mas a discussão de currículo geralmente aparece de outra forma. Em geral, quando é a administração que a propõe, não se trata de melhoria no curso, mas sim de uma adaptação do curso aos problemas causados pela falta de recursos, principalmente falta de professores ou de estrutura.
O debate no curso da Pura evidenciou isso: os estudantes devem escolher que disciplinas serão oferecidas, porque todas não será possível oferecer. Parece democrático, mas na verdade a decisão de não oferecer o conjunto das disciplinas está dada. A administração, por sua dependência da burocracia que governa o conjunto da universidade, procura meios de adaptar o curso à falta de recursos, em especial falta de professores. A discussão está de ponta cabeça.
O ponto de partida é: quais são as necessidades dos cursos? Para atendê-las, quantos professores são necessários? Como podemos pressionar a reitoria/governo para que sejam contratados? Ao se formular essas questões, percebe-se que é necessária a discussão com o conjunto dos cursos.
Outro problema de currículo é a falta de interdisciplinaridade, os cursos são muito fechados no IME. Quase não se podem cursar disciplinas fora da unidade. O que está em contradição com a ideia da universidade, que permite justamente a formação mais geral. Se avançarmos essa discussão, perceberemos que é preciso pressionar a reitoria para que se ampliem as vagas nas demais unidades.
Reproduzimos a convocatória da Poder Estudantil, da qual fazemos parte
Por um CAMAT de luta, construir a Poder Estudantil
Imeanos,
Plenária de formação de chapa
Quinta-feira (25/10), às 18h, na B2. |
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