quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Retomar o movimento na Farma!

Erlen Meier - Catalisador

Os problemas continuam: retomar o movimento na Farma!

Que o CAFB marque imediatamente a próxima assembleia.

Um breve histórico

Após o movimento de ocupação da reitoria e a decisão por greve geral, a pequena movimentação que existia na farmácia se avolumou. Tivemos uma primeira assembleia que discutiu aderir ou não a greve. Devido a falta de tradição, deliberou-se por só entrar em greve caso a assembleia tivesse um quórum de 10%. Faltando apenas duas pessoas para o quórum a greve não foi deflagrada, apesar da ampla maioria presente ser favorável. Diante de tal situação, a tendência por greve estava posta. Na assembleia seguinte (09/10), atingiu-se o quórum e deflagrou-se greve.

Rapidamente, estudantes conservadores começaram a se manifestar através do facebook. Não buscavam nenhuma discussão. Não queriam saber quais eram as reivindicações ou o porquê da greve, apenas esbravejavam contra a paralisação das aulas. Mesmo assim a greve aconteceu, apesar de não conseguir paralisar todas as aulas. A comissão de mobilização tirada em assembleia realizou atividades de discussão política e buscou paralisar aulas.

A assembleia do dia 14/10 contou com cerca de 270 estudantes, uma grande quantidade. A parcela conservadora buscou anular qualquer discussão, queriam apenas o fim da greve. Aqueles que apoiaram a greve, mas não participaram ativamente das atividades, sentiam a pressão do calendário acadêmico. Com isso, a assembleia aprovou o fim da greve.

As reivindicações: o porquê do movimento

Nenhum movimento se levanta sem um motivo. Apesar disto parecer óbvio é preciso ser dito. E por quê? Porque o setor conservador, contrário a greve por princípio, se nega a enxergar que existem necessidades dos estudantes da farma e necessidades mais gerais que estão sendo atropeladas. Esse setor acaba influenciando uma parcela dos estudantes que sente a necessidade de mudanças, que só conseguiremos com luta.

A greve geral da USP se deu no marco da luta por democracia: quando se esgotaram as vias institucionais (o CO é a mais alta no nível de hierarquia) o movimento necessitou ir além, neste caso com a ocupação da reitoria e com a greve geral.

Mas qual a necessidade de termos uma universidade democrática? É simples: a falta de democracia faz com que o interesse de uma minoria se sobreponha ao da maioria. E como nos afeta? No âmbito geral, com processos contra estudantes e trabalhadores que lutam por seus direitos, por falta de permanência estudantil, dentre outros. No âmbito particular da farma, com uma grade curricular que não corresponde a nossa realidade, com a proibição de divulgação de nossas atividades com cartazes na marquise, dentre outros.

Como alcançamos essa democracia? Esta tem a resposta um pouco mais complicada. O que temos hoje é uma deliberação da assembleia geral dizendo que é através das eleição diretas paritárias para reitor. Nós achamos que esta não é a resposta, pois conserva a estrutura de poder da minoria que já hoje manda na universidade. Mas sobre este ponto, desenvolveremos melhor em outro boletim.

O movimento da farmácia se fortaleceu com o movimento geral, mas nossa reivindicação principal era o problema da grade. A importância de entrar em greve neste momento foi, e ainda é, justamente a conquista de nossas reivindicações (leia-se nossa como estudantes da farma e da USP). Se a grade não corresponde a nossa realidade é devido ao fato de uma minoria ter decido seu formato sem nenhuma, ou quase nenhuma, participação daqueles que de fato fazem o curso, que somos nós estudantes. E a falta de participação nas decisões é justamente o ponto de partida do movimento geral.

A pergunta que fica é: conseguimos alguma de nossas reivindicações? Até agora não. Esta indagação nos leva a entender porque e mobilização dos estudantes e a greve ainda são uma necessidade da farma. A greve por 3 dias, mostrou que os estudantes da farma também estão dispostos a lutar. E esse é o principal balanço que devemos ter. Daqui pra frente precisamos aprofundar a discussão e conseguir mobilizar os estudantes até a conquista das reivindicações.

É preciso de uma nova assembleia para organizar o movimento

Desde o fim da greve que a farmácia não tem uma assembleia. A ultima referendou todas as nossas bandeiras, ou seja, nossas reivindicações continuam de pé. Agora é preciso seguir adiante, com uma assembleia que organize nossos próximos passos. A negociação com a reitoria e o movimento geral está acontecendo e a farma está concretamente alheia. Se concordamos com as reivindicações, precisamos discutir, mesmo sem greve, como pressionar a reitoria pelo atendimento das reivindicações.

Hoje existem 13 delegados da farma no comando de greve geral, o que claramente não é reflexo da nossa mobilização. Fizemos uma questão de ordem sobre isso na reunião do comando de greve. Erramos, pois só a assembleia da farma é que pode rever seus delegados, ou a assembleia geral rever os critérios do comando. Porém não há assembleia marcada aqui, o que gera um impasse e nos conduziu ao erro de método. Se queremos fortalecer o movimento geral, precisamos mobilizar a farmácia e não criar uma representação artificial. Por isso reiteramos que é preciso que o CAFB marque a próxima assembleia dos estudantes de farmácia.




Muitas questões levantadas durante o movimento da farma ainda precisam de resposta. O Catalisador irá respondê-las em suas próximas edições. Dentre elas ressaltamos

  • Os métodos de luta: por que fazer greve, piquetes e ocupações?
  • A representatividade da assembleia: a dita vontade da maioria.
  • A forma de governo: reitoria eleita com voto paritário/universal ou governo tripartite?
  • A forma de organização do movimento geral: o comando de greve
  • Estatuto do CAFB e o funcionamento do movimento estudantil da farma

2 comentários:

  1. "No âmbito particular da farma, com uma grade curricular que não corresponde a nossa realidade, com a proibição de divulgação de nossas atividades com cartazes na marquise, dentre outros." ..
    Pelo q eu sei as assembleias sobre a Grade curricular ocorreram e infelizmente o problema foi a falta de quórum de alunos interessados e não a falta de democracia...e com tantos meios de comunicação pela internet não sei qual a vantagem de colar papel craft ou cartaz de festa na marquise (e nunca vi isso ser proibido, a marquise é imunda de papeis)..desculpe mas os argumentos foram fraquíssimos... e nada de concreto foi dito..

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  2. Hahaha esse texto é muito engraçado! A minoria conservadora seria composta por aqueles que quando se opõem ou não concordam com na totalidade com suas ideias são chamados de reacionarios?

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