terça-feira, 29 de outubro de 2013

A negociação de Rodas é uma farsa!

A negociação de Rodas é uma farsa!

Ampliar a greve e fortalecer a ocupação, ir às ruas e aumentar a pressão sobre a reitoria!

Depois de quase um mês de ocupação, greve e manifestações, a reitoria não cedeu nada de fato:

  1. Faz a negociação fora da USP, num prédio comercial afastado da pressão da mobilização, e onde a polícia requisita os dados pessoais dos estudantes que estão na comissão de negociação, com vistas a futuros processos. Até agora, nem mesmo o local da negociação foi cedido pela reitoria.
  2. Não cedeu um milímetro em relação a possíveis processos e sindicâncias contra estudantes da mobilização atual, nem em relação aos processos anteriores (ocupação de 2011, Moradia Retomada etc.), nem às eliminações de estudantes, nem à demissão política do funcionário Brandão.
  3. Não cedeu um milímetro em relação às reivindicações por eleições diretas para reitor. Não cogita anular o C.O. de 01/10, não suspenderá o atual processo eleitoral em andamento.
  4. Não se pronunciou sobre as demais reivindicações, como a devolução dos blocos K e L, etc.
  5. As “propostas” que fez na negociação são todas vazias: a) o não cancelamento do semestre é prática normal em todas as greves que ocorreram até hoje, nunca se cancelou semestre por causa de greve – assim, não cedeu nada aqui também; b) a proposta de estatuinte já estava em discussão no C.O., tendo sido inclusive aprovada por maioria em 01/10, mas não alcançou ainda os 2/3 necessários – portanto a proposta não avança nada nisso; c) propôs religar a água e luz na reitoria, desligados criminosamente durante a ocupação, em “troca” da devolução da torre do relógio da Praça Central da USP, relógio que nunca foi ocupado, foi apenas destrancado para que se fixassem ali faixas – aqui a reitoria faz teatro para dizer que há concessões de ambos os lados na “negociação”.

A assembleia de 25/10 discutiu as propostas da reitoria. Muito dividida, votou por margem de menos de 10 votos aceitar duas das propostas da reitoria: o não cancelamento do semestre e a devolução do relógio. Rejeitou a estatutinte de Rodas reivindicando em seu lugar uma livre, soberana e democrática (como se isso fosse possível sob o poder da casta autoritária que dirige a universidade). Nessa votação, a Corrente Proletária insistiu que não tem sentido negociar questões de democracia sem que exista uma garantia contra os processos. Que democracia pode haver sob a repressão e perseguição políticas? Como “vitória” do movimento de ocupação da reitoria de 2007, realizou-se um congresso estatuinte em 2008. Aconteceu que processos contra estudantes que ocuparam a reitoria foram abertos e o congresso contou apenas com a participação de professores (pois funcionários estavam sendo impedidos de participar e a categoria deliberou por não participar sob coação, e os estudantes decidiram não participar sem os funcionários). Apesar de tudo isso, a direção do DCE defendeu que se negociasse sim a estatuinte sob a existência e ameaça de processos. Uma posição de capitulação diante do reitor.

O movimento erguido a partir de 1/10 sofre com a ameaça de, na farsa da negociação de Rodas, arranjar-se um meio de por fim à luta sem que as reivindicações sejam atendidas minimamente. Não há nenhum avanço na posição do reitor. É preciso aumentar a pressão sobre ele e o governo. Isso se faz ampliando a greve, fortalecendo a ocupação e voltando às ruas, em unidade com os demais estudantes e movimentos sociais.

As tarefas do movimento grevista

1)Acabar com os processos, futuros e passados

Nossa luta começou em defesa da democracia na universidade. Para sermos consequente não podemos aceitar que nenhum processo. Devemos rechaçar a política capituladora posta pelo PSOL/PSTU na ultima assembleia. Não existe democracia quando estudantes e trabalhadores são processados e punidos por lutarem. Se o fim dos processos é eixo de nossa greve, então que não saiamos da greve até o fim de todos os processos!

2)Retomar os blocos K e L

O movimento tomou esta reivindicação como eixo. Agora cabe organizar os estudantes que precisam de moradia para transformar os blocos K e L em Moradia Retomada tamanho família. Na negociação com a reitoria, deve-se cobrar o reconhecimento da devolução dos blocos e que sua ocupação esteja sob controle do movimento estudantil, não da burocracia da assistência social (SAS).

3)Realizar atividades diariamente no movimento geral, romper o corporativismo

Um problema que é fácil de detectar é o restrição de atividades de forma isolada nos cursos, ou até mesmo a falta delas. São poucos os atos de rua ou mesmo dentro da universidade. E sem ações de greve, mesmo os estudantes que apoiam a greve deixam de vir para a universidade e pressionar o reitor e o governador para atender nossas reivindicações. Limitar o movimento a um ato “grande” por semana obedece um ritmo de período de aula e não serve para uma greve, onde os estudantes estão livre das atividades acadêmicas justamente para se manifestar politicamente. Precisamos nos apoiar nos cursos mobilizados para levar a luta a todas as unidades, para que a nossa greve aumente sua força e derrote o reitor/governo!

4)Realizar um ato na quinta (31/10) na reitoria da UNESP

Na manhã desta quinta-feira, ocorrerá o Conselho Universitário da UNESP, com pauta de eleições paritárias e orçamento. Os estudantes estão organizando um ato em frente à reitoria, com concentração às 10h no teatro municipal. Sua luta é em defesa da democracia, da permanência estudantil, do direito de lutar, enfim em defesa da universidade pública. Hoje, mais 113 estudantes estão sendo sindicados por terem ocupado a reitoria em defesa de suas reivindicações. São perseguidos políticos, como os estudantes da UNIFESP de Guarulhos, da UFMT, da USP, como os manifestantes de junho, os professores do Rio, os “Black Blocs” em São Paulo, como o diretor do Sintusp Brandão, os operários de Jirau – RO, as lideranças camponesas asEscreva para Caixa Postal 01171 - CEP 01059-970 - São Paulo - SP - proletariaestudantil@yahoo.com.br sassinadas com o aval do Estado, dentre outros exemplos. Devemos tomar como nosso o ato do dia 31. Precisamos por peso, por aquela luta é a nossa luta. Somos todos lutares, processados e perseguidos. Combatamos a escalada repressiva das reitorias e dos governos, defendamos a universidade pública. Contra a ideia da força, a força do movimento nas ruas!

5)Eleger os delegados ao comando de greve em cada assembleia. Que os demais cursos mandem um só representante

Os delegados devem ser reeleitos assembleia a assembleia para que sejam expressão da mobilização real dos cursos. Aqueles cursos onde não foram realizadas assembleias entre as reuniões do comando não devem ter toda sua delegação, pois a falta de assembleia expressa a desmobilização. O comando de greve deve expressar a greve e os grevistas. Se há cursos que não estão em greve, então que o comando discuta quais são as ações políticas que irá realizar para trazê-los para a greve.

6) Muros da São Remo: símbolo da elitização da USP

Nem sempre a USP foi rodeada por muros. Na praça do relógio, existia um campo de futebol que as pessoas podiam usar livremente. A partir da década de 90 é que começa o isolamento físico da universidade do resto da cidade. Hoje a universidade é fechada. Nos finais de semana isso é mais claro: só quem tem vínculo USP pode entrar. Aliás, quem tem vínculo USP, ou quem têm vínculo com as empresas privadas que usam o espaço público da universidade. Foi apresentada na assembleia geral a proposta de derrubada dos muros que separam a São Remo da USP, como um símbolo e um marco de que o movimento estudantil combata a política elitista e segregacionista da universidade.

A defesa de que não sabemos se os moradores da São Remo são favoráveis ou não a derrubada do muro, feita pelo PSOL/PSTU no CCA, só serve à politica elitista da burocracia universitária. Qual é a posição dos moradores, organizados em sua associação, a respeito? Afinal, passarela da USP até o parque Vila Lobos pode, mas moradores da São Remo na USP não?

Manifesto de professores da FFLCH: os reacionários fantasiados de progressistas mostram as garras contra a greve estudantil

A imprensa burguesa tem dado destaque ao manifesto assinado por 190 professores da FFLCH que reivindicam o fim dos piquetes a fim de que se possam retomar as aulas. Ou seja, dizem apoiar a greve, mas querem que haja aula. Sem entrar na total falta de sentido lógico de tal “ideia”, a verdade é que esses professores se colocaram como instrumentos de ataque ao movimento. Muitos desses professores são autoproclamados “progressistas”. Outros foram contratados graças à greve estudantil de 2002, que durou 106 dias e, sem aulas, realizou manifestações de rua todas as semanas, até que o então governador Alckmin e seu reitor cedessem às pressões da luta dos estudantes e abrissem 91 vagas na faculdade. Muitos desses contratados cospem no prato em que comem.

De conjunto, esses professores revelam que suas relações materiais com a estrutura autoritária vigente se impõem aos seus discursos pseudodemocráticos.

A greve estudantil, ao contrário do que afirma o editorial do jornal O Estado de S. Paulo em apoio ao manifesto dos professores da FFLCH, não é uma ação de uma minoria radical. Toda greve só se realiza como tal se contar com o apoio ou neutralidade da maioria, ainda que esta não se mobilize nas assembleias e manifestações. É falsa a afirmação dos lobos docentes em pele de cordeiro que dizem que a maioria está contra os piquetes ou a greve. A verdade é que existe uma minoria, esta sim bem radical, que pretende impor seus interesses particulares sobre os da maioria, impondo a realização de aulas, apuração de frequência, entrega de trabalhos e realização de provas de forma que ataquem a vida escolar dos que estão nas ruas lutando por todos. Uma minoria que não respeita as decisões coletivas. Uma minoria hipócrita que afirma que o democrático é deixar que individualmente possam destruir o movimento da maioria.

Não, reacionários fantasiados de progressistas, vocês não querem a remoção dos piquetes para que haja “diálogo” e convencimento. Querem é para garantir seus interesses mesquinhos e inconfessáveis. Quanta demagogia: “trabalho universitário sério e precioso, que nutre nossas esperanças de um futuro mais digno e socialmente justo”. O que pretendem com a remoção dos piquetes e volta das aulas é a garantia de que possam participar daquelas viagens, congressos, fazer aqueles concursos, cumprir metas vinculadas à distribuição de verbas, e por aí vai.

Está aí porque a democracia na universidade depende da ação dos estudantes. Os que têm interesses particulares ligados ao poder burocrático jamais moverão uma palha que atrapalhe suas mesquinharias.

O governo tripartite é a expressão da real autonomia e democracia universitárias. A defesa do ensino público e gratuito a todos, por meio da estatização sem indenização e controle coletivo pelos que estudam e trabalham, é a bandeira de unidade com a juventude excluída do direito de estudar.

O movimento estudantil na USP deu um grande salto quando, na primeira assembleia de greve, votou a bandeira do governo tripartite, com mandato revogável e subordinado à assembleia geral universitária (apesar de não ter aprovado o voto universal). Não é à toa que essa é a bandeira mais atacada pela imprensa reacionária quando critica a greve estudantil e defende a escolha do reitor pelo mérito dos professores. O Estadão voltou a atacá-la no último sábado.

A estrutura burocrática autoritária é a forma da burguesia e seus governos controlarem a universidade à revelia da vontade e necessidades da maioria. Essa estrutura não tem como ser democrática, porque foi feita para ser autoritária. Por isso, é utópica a chamada “democratização” das instâncias autoritárias. Elas têm de ser destruídas pela mobilização dos que estudam e trabalham. A luta cria novas formas organizativas, fundamentadas na assembleia geral, e será o meio de conquistar a real autonomia universitária, que consiste na independência em relação aos governos e a burguesia. Ela só poderá existir assentada na soberania da assembleia geral universitária. A eleição de todos os cargos pelo voto direto e universal, com revogabilidade de mandato, garante a aplicação da democracia universitária na constituição do novo governo. Essa conquista depende da luta mais geral dos explorados contra os governos. Será uma conquista do proletariado e dos estudantes contra a burguesia e seus governos. Criará as condições para por fim à universidade burguesa, elitista, repetitiva, decorativa, com teoria e prática divorciadas, para por em seu lugar uma nova universidade, em que os trabalhadores que a sustentam a dirijam e transformem profundamente.

É preciso que os estudantes levantem sempre bandeiras e propostas de ação que permitam uni-los à luta dos explorados contra os exploradores. O primeiro passo nesse sentido é a defesa da reivindicação que coloca a unidade da juventude, na sua maioria excluída do direito universal à educação em todos os níveis: a estatização sem indenização da rede privada de ensino e controle coletivo pelos que estudam e trabalham. Somente o ensino único, público, gratuito e estatal, dará um passo concreto para efetivar o acesso de toda a juventude à educação em todos os níveis.

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