sábado, 3 de agosto de 2013

Manifesto ao CCA-USP 03/08/13

Manifesto da Corrente Proletária estudantil ao CCA

É preciso organizar os estudantes para combater a repressão

Vimos no último período uma intensificação da luta de classes por todo o mundo. No mês de junho, foi a vez do Brasil. A crise mundial do capitalismo tem sido despejada nas costas da maioria explorada, com o aumento do custo de vida, aumento do desemprego, rebaixamento dos salários etc.

A vice-reitora passou a negociar com os estudantes, prometeu atender em parte as reivindicações durante a última ocupação, mas nada de concreto aconteceu. Na nova negociação deste dia 16/07, só mais mentiras. Por isso, os estudantes mantiveram a decisão de reocupar a reitoria. A ocupação do prédio no centro de São Paulo visava a projetar o movimento para fora da universidade, e com isso aumentar a pressão sobre o governo intransigente. A resposta de Alckmin veio por meio da corporação especializada em reprimir movimentos, a Tropa de Choque no interior da universidade.

O movimento estudantil, no seu conjunto, tem de exigir: fim da repressão, fora a polícia da universidade, liberdade a todos os presos políticos, atendimento das reivindicações dos que estudam e trabalham!

O protagonista das lutas massivas e de caráter nacional foi, em junho, a juventude. Inicialmente contra o aumento das tarifas dos transportes, logo ultrapassou esta bandeira e começou a reivindicar moradia, saúde e educação. Ao mesmo tempo, escancarou-se a brutal repressão desfechada contra aqueles que saem as ruas para reivindicar questões elementares de defesa de suas vidas.

No campo, os sem-terra e os indígenas têm sido expulsos de suas terras e assassinados. Nas cidades, despejos têm colocado centenas de famílias nas ruas. Nas manifestações da jornada de junho, e ainda nos protestos contra a copa das confederações, vimos desde prisões por porte de vinagre até mortes por atropelamento, por tiros de policiais e pelo efeito das bombas de gás.

Não podemos deixar que a repressão mantenha presos ou processe os lutadores. Na jornada de junho, mais de 600 foram presos, e muitos ainda permanecem encarcerados. Os processos criminais brotam cada vez mais. Só entre os estudantes de São Paulo, temos os processos contra os 72 da USP pela desocupação da reitoria, 12 da desocupação da moradia retomada e 8 eliminados, mais os 72 da UNIFESP de 2012 e mais 48 de 2008, mais a ameaça sobre os 113 da desocupação da reitoria da UNESP. E, pra somar com isso, recentemente a PM entrou na Unicamp para reprimir uma greve de trabalhadores. Se a recente luta nos trouxe um ensinamento é de que somente nas ruas poderemos conquistar nossas reivindicações. O combate à repressão não foge a esta linha.

Que o CCA se incorpore ao ato/plenária estadual contra a repressão

No CONUNE, realizou-se uma plenária contra a repressão, que aprovou uma moção e uma plenária nacional contra a repressão. No dia 14/07, realizou-se uma plenária dos movimentos sociais organizada pelo DCE da UNESP, onde foi apresentada a proposta feita no CONUNE no âmbito estadual. À plenária foi somado um ato contra a repressão no dia 15/08.

Inicialmente os eixos definidos foram: Fim da repressão! Fim dos processos contra estudantes e trabalhadores! Liberdade imediata a todos os presos políticos! Fim do genocídio da população negra, dos trabalhadores do campo e indígenas. A plenária ao fim do ato servirá para discutir coletivamente como combater de forma unificada a repressão que cresce contra os movimentos sociais e como defender o direito de livre manifestação, cada dia mais atacado pelos agentes da burguesia.

Fazemos um chamado ao CCA para que se incorpore a essa luta. Para isso é necessário que os centros acadêmicos realizem assembleias em seus cursos para organizar a participação dos estudantes. Isso vai desde a convocação da manifestação até a paralisação das aulas, para que os estudantes de conjunto possam participar do ato/plenária. Da mesma forma, também é essencial que o DCE e o CCA convoquem uma assembleia geral estudantil. A participação organizada da USP é fundamental.

Rodas anuncia eleições diretas para reitor

Mais uma vez, Rodas “surpreende” durante as férias, agora anunciando a intenção de fazer eleições diretas para reitor. Em sua declaração, não especifica a forma como será feita a eleição, mas já coloca que não será possível mudar a escolha na “parte externa”, ou seja, que ainda existirá a lista tríplice com indicação do nome final pelo governador. A autonomia universitária se mostra como formal e burocrática. A verdade é que a burguesia, através de seus governos e da burocracia universitária, impõe seus interesses sobre a universidade.

É importante notar que o Rodas tem um dos maiores históricos de reitor repressor e autoritário. Para citar alguns exemplos, foi ele que: eliminou 8 estudantes utilizando regimento disciplinar da época da ditadura militar; concretizou um convênio para colocar a PM dentro do campus; colocou 400 policias, dentre tropa de choque, cavalaria, helicópteros e esquadrão anti bombas, para reintegrar posse da reitoria ocupada, quando havia negociação com o movimento marcada; impôs um novo regimento da pós graduação com gestão empresarial; e quebrou a isonomia salarial entre professores e funcionários.

Se o autoritário Rodas é quem propõe as eleições diretas, então é claro que ela não irá alterar a atual estrutura de poder. Seria um erro de acreditar que foi a pressão do movimento que impôs isso ao reitor. Qual movimento pressionou o reitor? O de junho, que sequer o citou? A verdade é que não existia um movimento dentro da universidade em defesa das diretas, apenas campanhas das direções estudantil e docente, as quais vinham rebaixando cada vez mais suas próprias bandeiras. Lembremos que a ADUSP propôs que se realizasse uma consulta sobre a eleição para reitor, a qual seria depois levada para aprovação do conselho universitário e se submeteria à indicação pelo governador por meio da lista tríplice. E o DCE (PSol e PSTU) tentou fazer passar esta proposta na assembleia dos estudantes, mas ela foi rechaçada.

Um exemplo da ineficácia das eleições diretas ocorre na UNIFESP. Lá a reitora Soraya é da organização política que mais defende as diretas aqui na USP (PSol). Mesmo assim, os estudantes de Guarulhos, que lutaram contra a precarização total de seu campus, estão sendo processados administrativa e criminalmente. Isso quando a reitora havia declarado que retiraria os processos. Os estudantes não tiveram de fato nenhuma participação nas decisões. Pelo contrário, foram punidos por reivindicarem suas demandas. Isso só aponta para como as diretas (com maior ou menor peso estudantil nas eleições) não alteram a estrutura de poder autoritária da universidade.

A direção do DCE da USP, que antes apoiava a proposta de emenda ao estatuto da USP elaborada pelo sindicato docente (Adusp), e que incluía a lista tríplice, surpreendida agora pela proposta do reitor/interventor, coloca que a bandeira deve ser o fim da lista tríplice. Ou seja, um remendo à manobra do autoritário Rodas. O fato é que, com lista ou sem ela, com maior ou menor peso de estudantes e funcionários, mantidos os atuais organismos de poder, se preservará o autoritarismo da casta burocrática que governa a universidade.

A direção do DCE da USP, que antes apoiava a proposta de emenda ao estatuto da USP elaborada pelo sindicato docente (Adusp), e que incluía a lista tríplice, surpreendida agora pela proposta do reitor/interventor, coloca que a bandeira deve ser o fim da lista tríplice. Ou seja, um remendo à manobra do autoritário Rodas. O fato é que, com lista ou sem ela, com maior ou menor peso de estudantes e funcionários, mantidos os atuais organismos de poder, se preservará o autoritarismo da casta burocrática que governa a universidade.

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