terça-feira, 24 de abril de 2012

A centelha - Ceará

A CENTELHA IV internacional comunista

Eleições para DCE-UFC: O Movimento Estudantil deve retomar a mobilização e lutar por independência política frente ao governo e a reitoria.

    Nos dias 24 a 26 de abril acontecerão as eleições para o Diretório Central dos Estudantes. A eleição do DCE é uma ótima oportunidade para discutirmos os problemas da universidade e da sociedade. A conjuntura em que acontecem as eleições é de avanço da crise capitalista, destruição do ensino, corte de recursos para a universidade e precarização do trabalho docente.
    Os estudantes têm, diante de si, a tarefa de construir um programa de atuação que retome a luta na universidade e resgate nossa entidade como um instrumento de lutas, mobilizando pelas questões imediatas como a garantia para a conclusão dos cursos (bolsas de estudo, RU e transporte gratuito, mais professores e bibliotecas), pela democracia no livre acesso a todos os jovens em todos os níveis de ensino, voto universal na escolha para Reitor e independência frente ao governo e a reitoria.

O que espera a universidade nos próximos anos?

    Em janeiro foi anunciado um corte de 55 bilhões no orçamento pelo governo Dilma/PT/PMDB. Já é de conhecimento de todos que o programa REUNI acaba este ano, se muitas das instalações e prédios novos já estão atrasados, como a construção do Instituto de Cultura e Arte e do RU no Porangabussu, é provável que não haja sequer a garantia de conclusão dos mesmos. Os estudantes não podem esperar nada do governo, é preciso se preparar para o próximo período de lutas.

O que defendem as chapas “Mais vale o que será” e “DCE de verdade”?

    Duas chapas estão na disputa para a próxima gestão do DCE. A polarização tem sido entre os que apóiam as políticas do governo como o PROUNI, REUNI, EAD, NOVO ENEM, etc. e os que têm se colocado contra esses programas. Tem sido assim nas últimas eleições para o DCE na UFC, nos congressos da UNE e ANEL.
    A chapa 1 “Mais vale o que será”, (PSTU, PSOL e independentes), há dois anos a frente do DCE, reivindica ser oposição ao governo e à Reitoria, o nome da chapa já demonstra que o passado tem que ser esquecido em nome do que será feito, no material de campanha resumem dois anos de gestão com o reconhecimento de que “tivemos erros”. Que garantias de que passagens em sala, jornal do DCE, debates, campanhas, retomada das calouradas na concha, prestação de contas e a luta pelo passe livre, que não puderam ser realizados em dois anos, serão realizados?
    A chapa 2 “DCE de verdade”, (PT, PC do B, PDT e independentes), representa abertamente os interesses do governo no movimento estudantil. Defendem com unhas e dentes o programa REUNI, que aumentou a relação estudante/professor e provocou uma tímida expansão nos campi do interior sem as condições de infra estrutura suficiente para o seu funcionamento, o Novo ENEM que em nada democratizou o acesso de milhares de estudantes que continuarão fora da universidade, o PROUNI que perdoa as universidades particulares de suas dividas em troca vagas ociosas no mercado lucrativo que tem sido o ensino superior. Como se vê a chapa 2 irá promover uma colaboração estreita com a Reitoria. Estiveram à frente do DCE no triênio (2006-2009). Antecederam, portanto a atual gestão. Implantaram o imobilismo e a colaboração com o governo e a Reitoria, o que a chapa 1 não foi capaz de reverter. Para esta chapa a tímida expansão pela qual passa a UFC é uma vitória que deve ser comemorada.

Porque a Corrente Proletária Estudantil não apóia nenhumas das chapas?

    O anti governismo da qual a chapa 1 se reivindica não é conseqüente, pois não convocaram amplamente os centros acadêmicos, correntes políticas e estudantes independentes para debater e construir uma chapa com um programa de luta. Ao invés disso PSOL e PSTU optaram por convocar individualmente (via facebook) alguns estudantes, muitos dos quais combativos, que diante da unidade também burocrática dos governistas do PT, PC do B e PDT não negariam colocar o nome na chapa para evitar uma vitória iminente dos mesmos. A experiência de dois anos à frente do DCE não foi capaz de reverter o imobilismo; lutas como a do RU, da qual as duas chapas reivindicam, só foi possível com a participação ativa dos fóruns de centro, e CAs. Nossa crítica à chapa 1 se dá pela incapacidade de construção de um programa capaz de resgatar a entidade como instrumento de luta. Próximo mês terá consulta para reitor e não há posição conseqüente da principal entidade estudantil, somente a proposta rebaixada de paridade.
    Uma parte significativa dos estudantes serão convencidos a votar na chapa 2 pelo simples fato de que membros da chapa são do seu curso. PT/ PC do B e PDT não terão nenhum pudor em utilizar do coleguismo para fazer os estudantes, em especial dos campi do interior, a votar na sua chapa. Outra parte dos estudantes está convencida de que sem o REUNI eles não poderiam entrar na universidade e que por isso qualquer discurso contra o REUNI é uma posição contrária a entrada de mais estudantes na universidade. Dizemos a estes estudantes que não se trata de ser contra mais estudantes na universidade, o que os estudantes não podem aceitar é que em nome de um pequeno aumento de vagas e cursos o movimento estudantil fique refém da política dos governos. A entrada não só de uma parcela maior como de todos os estudantes na universidade não poderá ser garantida pelos governos, mas através da luta independente dos estudantes.
    O voto na chapa 2 é o que de pior pode acontecer para o movimento estudantil pois se trata de um setor que não irá manter independência frente ao governo e a reitoria. A chapa 2 denuncia a desmobilização da última gestão mas ao contrário do que dizem não tem participado das atividades do movimento estudantil na UFC como a construção dos congressos de estudantes, construção dos fóruns de Centro, campanha pela abertura do RU noturno, luta contra o aumento da passagem, jornada de lutas etc. não foram poucas as vezes que boicotaram os conselhos de entidades, reivindica a Carta de Pentecoste, onde foram traçados várias reivindicações históricas do Movimento estudantil sem contudo mover uma palha pela efetivação das mesmas.

O que é a expansão com qualidade?

    A polarização entre as chapas tem se concentrado em torno da posição frente ao REUNI. A chapa 1 “Mais vale o que será” que antes se colocava contra o REUNI agora defende uma “expansão com qualidade” ou seja um REUNI melhorado, faz a crítica ao famigerado projeto do governo no entanto não diz o que colocar no seu lugar. Já chapa 2 defende abertamente o programa com o acréscimo de que ao invés de se limitar a ser uma política de governo fosse uma política de estado, ou seja defende que a tímida expansão ao invés de acabar esse ano como prevê o programa, seja permanente. Não dizem porem de onde virá o dinheiro ao mesmo tempo em que fecham os olhos para o corte de 50 bilhões promovido pelo governo que defendem.
    Companheiros se não entendermos que o problema da “qualidade” é a coexistência de dois sistemas de ensino onde o privado se sobressai frente ao público, o movimento estudantil estará apenas defendendo o que é possível nos marcos do capitalismo. Dentro dos marcos do capitalismo não pode haver saída conseqüente ao REUNI ou a qualquer outro programa do governo é preciso que o movimento defenda um único sistema de ensino sob o controle de quem estuda e trabalha.

Por um movimento estudantil independente dos governos e reitorias e que tenha autonomia frente aos partidos políticos!

    É com essa bandeira que a CPE intervém no ME. Entendemos que os estudantes têm autonomia para se organizar em partido político sem, contudo, ferir a autonomia do movimento, ou seja, que as decisões sejam encaminham nos fóruns do movimento (CAs, DCE, assembléias, plenárias, etc). O retorno das velhas bandeiras como movimento estudantil apartidário ou sua variante, independente dos partidos, é tudo o que a burguesia quer.

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