quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Todos ao ato público na Avenida Paulista!
Quinta-feira, 24/11/11,
concentração a partir das 14h30min,
Na Praça Oswaldo Cruz
Fora a PM da USP! Fim dos processos
contra estudantes e trabalhadores!


    Já não é mais possível para a imprensa vendida afirmar que o movimento pelo Fora a PM da USP e Fim dos Processos contra Estudantes e Trabalhadores é coisa de uma ultra-minoria que quer fumar maconha e não quer a “segurança” da polícia militar. A manifestação no centro de São Paulo, com milhares de estudantes, e as sucessivas assembleias massivas com 3 mil presentes, as concorridas assembleias de curso decidindo pela greve e incorporando a pauta de reivindicações, tudo isso mostra que o movimento que se iniciou com o protesto contra a prisão de 3 estudantes em 27 de outubro e continuou com as ocupações da administração da FFLCH e Reitoria, decretando a greve estudantil após a invasão da USP pela tropa de choque em 08 de novembro, expressa uma tendência bastante expressiva no interior da universidade. É um movimento que tem como conteúdo a defesa da autonomia universitária e a resistência à repressão que vem sendo desfechada amplamente contra os movimentos sociais e, em particular, na USP, se manifesta através do convênio USP-PM e processos contra estudantes e trabalhadores.
    Por combater diretamente a ação repressiva do governo sobre a universidade, rechaçando a presença do braço armado do Estado, tem um conteúdo muito politizado, de choque com o governo Alckmin (PSDB). Por isso, para alcançar seus objetivos, precisa ganhar a força da mobilização de rua. A greve estudantil tem de ser a base para que os estudantes possam ir massivamente às ruas e travar a luta contra o governo repressivo e sua marionete, o reitor-interventor Rodas.

Os perigos que rondam o movimento

    A grande projeção que alcançou a luta foi um passo importante para desmistificar a lorota de que os estudantes da USP apoiariam as medidas repressivas do reitor-interventor e a resistência a elas seria coisa de uma ultra-minoria radical. Mas esse movimento teve de começar e prosseguir apesar e contra a política da direção do DCE (PSol). Logo após a invasão da tropa de choque, essa direção pôs em marcha uma política de desmonte do movimento. Em primeiro lugar, foi contra a greve imediata, lançando a proposta de “indicativo”, para sabe-se lá quando. Perdeu. Mas conseguiu aprovar a “sua” proposta de “política de segurança” para a USP. Esta nunca foi uma bandeira do movimento contra a repressão. Colocamos “sua” entre aspas, porque sequer foi a direção do DCE quem elaborou essa bandeira. Na última assembleia, novamente foi incorporado outro eixo ao movimento: o da estatuinte. Essas duas novas bandeiras, colocadas como “eixos” para o movimento, cumprem um papel de desviar a luta das suas bandeiras originais, extremamente politizadas e de choque com o reitor e o governo Alckmin, para outras que, como já se anunciou, são “negociáveis” pela reitoria.
    O movimento, apesar de multitudinário, pode ainda não ter conseguido derrotar o governo e o reitor-interventor. Mas tem de preservar suas bandeiras, que são Fora a PM e Fim dos Processos. O pior quadro é o do seu abandono em função de outras bandeiras que entraram no movimento de contrabando, e servem para desviar a luta do seu foco.

Qual a origem dos dois novos eixos?

    No dia seguinte à ocupação da FFLCH, houve uma reunião entre representantes da reitoria e “lideranças estudantis”. Nessa reunião, a reitoria reivindica a desocupação do prédio da FFLCH. As “lideranças” pedem a convocação de uma reunião extraordinária da congregação para discutir o tema. Sugerem que a Congregação da FFLCH se posicione em favor de uma “estatuinte”. O burocrata representante da reitoria sugere ao reitor que uma reforma do estatuto com a adoção da proporcionalidade da LDB seria algo que as lideranças estudantis “topam”. Diante da questão da PM, o burocrata propõe que se forme um “Fórum Permanente de Segurança”. A Congregação ocorreu em 31/10, aprovou a linha de “nova política de segurança” e o burocrata comemorou em 01/11, ressaltando o “forte apoio do prof. Sedi Hirano e de professores” para que se reunisse a Congregação e tudo pudesse se encaminhar, ou seja, para que as lideranças estudantis defendessem o fim da ocupação da FFLCH na assembleia daquela noite.
    Esses fatos mostram que os eixos de “nova política de segurança” (que se traduziria na prática em cortar algumas árvores, colocar lâmpadas e treinar melhor a guarda) e “estatuinte” (que se traduziria numa reforma do estatuto que preservasse o poder da burocracia universitária autoritária e corrupta) não são nem mesmo propostas de pelegos, mas têm origem na própria reitoria. Neste caso, os pelegos apenas são papagaios que repetem o que dizem os burocratas marionetes do governo.
    Os “novos” eixos têm uma função: permitir que haja uma negociação entre a reitoria e as “lideranças” estudantis ao redor deles, de forma a deixar de lado a luta pelo que realmente mobilizou os estudantes: o Fora a PM e fim dos processos, ou seja a luta contra a repressão e em defesa da autonomia universitária. A imposição de novos eixos é uma clara usurpação pela direção do DCE de um movimento que se chocava com sua política conciliatória. Por isso é que essa direção levou a assembleia a discutir o tema com 30 segundos de defesa a favor e contra a proposta e votação sumária. Alguém acredita que seja possível democratizar a universidade desse jeito? Sob a vigilância da PM e com uma reforma de estatutos que preserva a casta reacionária no poder? E como serão tomadas as decisões dessa “estatuinte”? Com defesas de 30 segundos? Quem pode acreditar nisso?

Perspectiva do movimento: preservar suas bandeiras originais, ir às ruas

    A única forma de prosseguir a luta e dar-lhe uma perspectiva vitoriosa é mantendo as suas bandeiras originais bem firmes, e indo às ruas, projetando o movimento num enfrentamento contra o governo repressivo e de defesa da universidade pública e autônoma. É preciso pressionar o chefe: o movimento deve protestar em todo lugar em que o governador apareça e exigir a negociação diretamente com ele.

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