quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Para vencer, a greve deve paralisar completamente as aulas e ir às ruas

    A greve estudantil contra a PM no campus e pelo fim dos processos contra estudantes e trabalhadores começou no dia 08/11, a partir de uma assembleia geral de 3 mil estudantes, que se construiu no mesmo dia, devido à grave invasão do campus pela PM, desocupação da reitoria e prisão de 73 estudantes. A necessidade do movimento em responder imediatamente e de forma enérgica à questão obrigou a que a greve começasse a partir da assembleia geral e não a partir de assembleias de curso. Para essa situação também pesou a conduta da direção do DCE e da maioria dos CAs diante do problema da repressão. Durante o ano inteiro, ao invés de se convocarem os estudantes para que dissessem o que pensavam, discutissem e deliberassem respostas a essa grave questão, os dirigentes do movimento estudantil preferiram: 1) dar ouvidos à imprensa vendida sobre qual era a posição dos estudantes a respeito, e não convocar assembleias; 2) evitar o choque e desgaste eleitoral com os estudantes mais conservadores, que apoiaram a repressão e a reitoria em sua política privatista e elitista; 3) negociar com a reitoria no campo determinado por ela, ou seja, naquilo que se revelou um pretexto para a militarização do campus, a chamada “política de segurança”; 4) quando um setor dos estudantes se levantou contra a repressão e militarização com os métodos da ação direta, a direção do DCE os condenou e rachou o movimento sem nenhum pudor. Esses fatos levaram a uma situação de despreparo geral nos cursos para responder ao problema. A assembleia geral votou greve imediata (contra a posição da maioria do DCE, que era por um “indicativo de greve” sabe-se lá para quando, pois estamos a poucos dias do fim do semestre...). As assembleias de curso tiveram de se organizar rapidamente e dar resposta à nova situação. Em muitos cursos, a mobilização foi geral: a greve foi decretada e a bandeira de fora a PM e fim dos processos foi apoiada por ampla maioria. Para surpresa dos papagaios do Estadão e da Globo, até mesmo fora da USP se organizaram estudantes em apoio às bandeiras e ao movimento da USP. A greve cresceu, houve um ato de rua de milhares e a suposta unanimidade ao redor da presença da polícia no campus se revelou uma fábula muito mal contada e de muito mau gosto.

Um problema que se coloca: como garantir a unidade da mobilização, seu crescimento e fortalecimento?

    Estamos em pleno final de semestre, recheado de provas e datas de entregas de trabalhos. Os professores não aderiram ao movimento. Existe uma grande pressão sobre os estudantes para que não se projetem às ruas para derrotar o reitor-interventor e sua repressão, privatização e elitização da universidade. A greve é um instrumento para tornar o movimento multitudinário. Libera os estudantes das provas e prazos, adiando-os em função das necessidades de mobilizar e enfrentar Rodas e o governo do PSDB, que é seu chefe. Mas para conseguir alcançar essa unidade estudantil e garantir que os que lutam não serão prejudicados pelos que não lutam, é necessário colocar em prática os instrumentos de garantia da efetivação da democracia estudantil. Estamos falando dos piquetes e outros instrumentos de inviabilização das aulas, que agem contra a ruptura da decisão da maioria por uma minoria antidemocrática.
    O piquete, o cadeiraço, o bumbo, o arrastão, etc. em si mesmos não garantem nenhum movimento. Mas eles são valiosos instrumentos de garantia das decisões de maioria contra elementos isolados que não respeitam as decisões coletivas e pretendem impor as suas próprias individualmente, prejudicando a maioria em benefício próprio. Piquetes e demais instrumentos não são ações de grupos isolados, e sim expressão da decisão majoritária. E só funcionam com esse conteúdo, o de garantir a decisão majoritária.
    Defendemos esses métodos de organização da luta, que são tomados emprestados do movimento operário, para garantir as decisões coletivas.

Não esquecer que o reitor-interventor é marionete do governo Alckmin e tem de ser derrotado nas ruas

    Se a organização da greve em cada uma e em todas as unidades é uma condição para enfrentar o reitor-interventor e sua política repressiva de militarização da USP, ela não pode se limitar aos muros da universidade. É preciso ir às ruas, projetar a luta para fora da universidade, buscar apoio da população assalariada e da juventude em geral, colocar nossa luta em choque com o governo e exigir o atendimento das reivindicações. Devemos aprovar na assembleia mais um ato e manifestação de rua para o dia 18/11, bloqueando o Portão de acesso à USP e organizando uma marcha à Avenida Paulista, que é símbolo dos protestos de rua, e outro protesto de rua na semana que vem. Essa deve ser a prioridade total do movimento estudantil na USP.
    O reitor-interventor foi chamado para uma audiência pública na Assembleia Legislativa. É um momento que deve ser aproveitado para outro protesto de rua, e exigência de atendimento de nossas reivindicações pelo chefe do Rodas, o governador Alckmin. O movimento estudantil deve aprovar uma campanha de pressão sobre Alckmin, temos de organizar protestos onde quer que ele vá, até sermos atendidos. A greve de 2002 deu essa lição, se queremos algo que os burocratas marionetes do governo e poder econômico dizem que não podem dar, temos de voltar nosso movimento contra seu chefe. E arrancar dele aquilo que precisamos, em defesa da real autonomia universitária, que como tal só se realizará com o fim do poder da burocracia autoritária e o poder dos que estudam e trabalham mobilizados contra o governo e o poder econômico.

Derrotar o reitor-interventor e o governo Alckmin nas ruas!
Paralisar totalmente as aulas e garantir a greve e a mobilização unitária!

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