domingo, 8 de dezembro de 2013

Resposta às eleições para reitor na USP

A consulta da reitoria é uma farsa
Boicote por um governo tripartite

Os estudantes da USP fizeram uma grande mobilização em 2013. As primeiras assembleias da greve aprovaram a bandeira do governo tripartite, subordinado à assembleia geral universitária, sob os gritos de “sem reitor”. Uma parte importante dos estudantes se colocou pelo fim do poder da casta burocrática e conquista da real autonomia universitária, que só pode acontecer por meio do governo dos que estudam e trabalham na universidade. Os estudantes mobilizados superaram nesse momento a política de democratização da estrutura autoritária, defendida pela direção do DCE (PSol/PSTU), que pretendia pressionar a reitoria e o Conselho Universitário para chegar a um acordo ao redor de eleições diretas e paritárias para reitor e realização de uma estatuinte sob o poder da burocracia universitária, portanto jamais democrática e muito menos soberana. Mas as manobras da direção do DCE e sua política conciliatória e corporativista acabaram se provando falidas para conquistar a democracia na universidade. O desmonte da greve, por meio da renúncia às reivindicações que levariam a um choque com a reitoria (principalmente o governo tripartite), da aceitação política da imposição do termo de acordo da reitoria, das negociações por curso, da renúncia às manifestações de rua e unidade com os demais movimentos, tudo isso impediu que a grande mobilização impusesse uma derrota à casta burocrática que governa autoritariamente a USP a mando do governo. As eleições fajutas que na verdade levarão o governador a nomear o futuro reitor continuam. Elas começam agora com uma consulta demagógica e sem nenhum poder de decisão, onde votam estudantes, professores e funcionários em três dos quatro nomes que se inscreveram na disputa. Mas serão os membros das congregações, conselhos centrais e do C.O. quem de fato excluirá um deles da lista tríplice que será encaminhada ao governador.

CCA vota pela capitulação à farsa do Rodas

O Conselho de Centros Acadêmicos (CCA) discutiu no dia 07/12 o que fazer diante da consulta fajuta. Havia dois caminhos a seguir: ou se denunciava essa farsa defendendo o boicote ou se a legitimaria chamando os estudantes a votar. Os membros dos CAs, sem que houvesse qualquer decisão a esse respeito nas bases, votaram pela participação na consulta, defendendo o voto nulo.

Há uma grande diferença entre o boicote à consulta e o voto nulo nela.

O boicote significa a rejeição a essa farsa.

O voto nulo é a rejeição dos quatro candidatos inscritos.

É evidente que os quatro candidatos inscritos são todos farinha do mesmo saco. São chapas da própria burocracia, de grupos que disputam entre si o manejo arbitrário da universidade, respeitado o controle do governo. Na campanha, fazem uma série de críticas à gestão da qual participaram e promessas que não mudam em nada a universidade. São privatistas, elitistas, defensores do que há de mais retrógrado em relação ao ensino superior. Nessa disputa, não há quem possa ser apoiado pelos estudantes.

Mas, ao defenderem a participação na consulta, os dirigentes do movimento estudantil abrem a possibilidade de que, se houvesse um candidato “menos pior”, poderia ser apoiado nessa farsa. E se negam a denunciar o processo antidemocrático em si.

Essa posição é consequência de sua política de democratização da estrutura autoritária. Nem mesmo diante de uma farsa tão flagrante, essas direções são capazes de se contrapor. A defesa de que se escreva na cédula de votação “diretas para reitor” é a capitulação final dessas correntes, que desmontaram a greve estudantil. Concluem implorando para que possam participar das decisões da casta burocrática que governa autoritariamente a universidade a mando do governo e dos capitalistas.

Contra essa capitulação, defendemos o boicote à consulta fraudulenta, em defesa do governo tripartite na universidade, eleito pelo voto universal, de mandato revogável e subordinado à assembleia geral universitária, isso é a real democracia e autonomia universitária, e só será conquistado com a mobilização, que derrotará a burocracia autoritária e conquistará o controle da universidade pelos que estudam e trabalham.

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