quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Resposta às eleições autoritária da reitoria da USP

Estudantes ignoram a consulta fajuta da reitoria!

A consulta indicativa para a eleição do reitor da USP, realizada dia 10/12, contou com cerca de 3% de adesão dos estudantes (2.469, num total de 76.837). Muito diferente da adesão de docentes (49%) e funcionários (47%). Entre os docentes e estudantes, venceu a chapa de Marco Antonio Zago, atual pró-reitor de pesquisa. Entre os funcionários, venceu Wanderley Messias da Costa, superintendente de Relações Institucionais, candidato apoiado pelo atual reitor/interventor, Grandino Rodas, e que tem como vice a ex-reitora Suely Vilela. Essa consulta não tem nenhum poder de decisão. Vai valer mesmo é a eleição que ocorrerá dia 19/12, em que votam os membros das congregações e conselhos centrais (2 mil membros), e se formará a lista tríplice, que será submetida ao governador, que é quem elege de verdade.

O que mostrou a consulta

Houve participação de boa parte de professores e funcionários. Expressa o interesse corporativista, de apoiar um dos candidatos que lhe promete alguma vantagem particular. O pró-reitor de pesquisa é quem comanda a distribuição das bolsas e recursos à pesquisa. Os professores se moveram para apoiá-lo em benefício próprio. O candidato apoiado pelo atual reitor promete manter a política salarial de plano de carreira e prêmios aos funcionários. É por aí que ganhou seu apoio.

Os estudantes em geral ignoraram a consulta. Uma pequeníssima parte, provavelmente incentivada pelos seus professores, os seguiu a apoiar o candidato Zago.

Mais uma política fracassada: a defesa envergonhada do voto nulo pela direção do DCE

O CCA de 07/12 discutiu o que fazer diante da consulta. Defendemos que se tratava de denunciar que era uma farsa e chamar o boicote, em defesa do governo tripartite na universidade. As direções do DCE e dos CAs, sem consultar as bases nem organizar assembleias de curso ou geral, foram na conversa do sindicato docente (Adusp) e defenderam a participação na consulta, por meio do voto nulo em defesa das diretas para reitor. O voto nulo expressava concretamente a rejeição aos quatro candidatos, mas não ao processo em si.

É preciso que se diga que não moveram uma palha para colocar em prática essa resolução. No dia da votação, depois do almoço, postaram uma nota na internet defendendo o voto nulo.

Os estudantes ignoraram a consulta. E somente 904, dos 2.469, votaram nulo.

A posição da direção do DCE, submetida à direção docente, não expressou os estudantes. E não combateu a farsa montada pela reitoria/C.O.

A apatia deixa a burocracia de mãos livres na eleição de fato

Ao não convocar as assembleias de curso nem a geral, ao não organizar uma campanha contra a farsa da atual eleição para reitor, a direção deixa a casta burocrática e o governo de mãos livres para imporem o novo reitor. O que se fará dia 19/12, dia da votação nas congregações? Nós temos defendido que se organize um movimento para inviabilizar a farsa. O DCE e o CCA (dirigidos pelo PSOL e PSTU) aprovaram um pedido aos representantes discentes para que votem nulo, ou seja, se negam a organizar um movimento convocando amplamente os estudantes para agir. Debruçam-se sobre a intervenção em processo eleitoral onde “os candidatos não representam o acúmulo construído pelos estudantes”, demonstrando assim que, para eles, o principal problema são os candidatos e não o processo eleitoral.

Os estudantes deram seu recado à direção do DCE, ignorando a consulta. É preciso ouvir e organizar o protesto contra a escolha antidemocrática do reitor. É preciso transformar a rejeição passiva (ignorar a consulta) em rejeição ativa com a inviabilização da votação no dia 19/12. É com a ação direta que os estudantes poderão avançar a luta contra a estrutura de poder antidemocrática.

É o governo tripartite quem expressa a luta pela real autonomia e democracia universitárias

Foi no dia do Conselho Universitário que aprovou a mudança no formato das eleições para reitor que os estudantes responderam ao autoritarismo com a defesa do governo tripartite, com mandatos revogáveis e submetido à assembleia geral universitária. E foi na segunda assembleia geral, a mais cheia de toda a greve, que, aos gritos de “sem reitor”, se ratificou a bandeira.

Agora, após o golpe do DCE que conseguiu colocar esta bandeira em segundo plano, nos encontramos diante da eleição autoritária sem uma resposta à altura. Os gritos de “sem reitor” estão sendo abafados por essa política de defesa de um reitor que “represente o acúmulo construído pelos estudantes”. É a isso tem que servido a linha do DCE da democratização com as eleições paritárias, que foi posta em total oposição à luta por um governo soberano das três categorias. Acabaram por se submeter à burocracia chamando o voto [nulo] no processo eleitoral autoritário quando a tarefa era, e ainda o é, colocar os estudantes em movimento contra a burocracia universitária.

O movimento estudantil deve retomar a defesa do governo tripartite, eleito com mandato revogável, eleito com voto universal e submetido à assembleia geral universitária. É esta bandeira, defendida com o método da ação direta, que avançará o movimento estudantil na luta pela defesa da real autonomia e democracia universitárias.

Recepção dos calouros: já estão velando a luta de 2013, em 2014 já estará sepultada

Depois de um ano com as grandes mobilizações de junho e julho, da greve e ocupação da reitoria da USP em outubro/novembro, envolvendo 50 cursos, da prisão e tortura de estudantes da USP pela tropa de choque em 12/11, as direções do DCE e CAs se propõem a reeditar as calouradas festivas e despolitizadas, às vezes sob um verniz “de luta”. Colocar como tema a copa, os 50 anos da ditadura, a universidade em geral, a democracia de forma abstrata, é distracionismo diante da luta que travamos. É preciso levar aos que ingressam a discussão e propostas de ação para combater o autoritarismo e a repressão que se manifestam na USP. É isto o que procuraremos fazer, ainda que contra a tendência geral festiva e despolitizante.

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