Movimento pela redução das tarifas leva meio milhão às ruas pelo Brasil
Manter os bloqueios das avenidas até a redução das tarifas!
Levantar as bandeiras de estatização sem indenização da rede privada de transporte e do salário mínimo vital (pelo menos 4 mil reais) reajustado automaticamente de acordo com a inflação!
Assembleias nos locais de estudo e trabalho! Construir um comando de luta e democrático a partir das assembleias de base! Paralisar as aulas para que todos possam ir às manifestações! Total liberdade de manifestação e expressão políticas!
O movimento pela redução das tarifas ganhou ampla adesão da população. A opressão causada pela carestia geral e principalmente nos gêneros de primeira necessidade criou as condições para uma insatisfação geral, que foi detonada pelo aumento nacional das tarifas do transporte. A ausência de uma direção política organizada e enraizada que pudesse dar expressão consciente a essa insatisfação levou a que se manifestasse das mais diversas formas, e com a adesão dos mais diversos setores.
Constituída fundamentalmente pela juventude, que é o setor mais atingido pelo aumento das tarifas, o movimento se expandiu. As quebras de vidraças e pichações, ações de pequenos grupos organizados que vêem nas atitudes individuais à margem das massas o canal de expressão, foram usados como pretexto pelos governos do PT e PSDB para uma dura repressão sobre as manifestações, que na sua grande maioria são pacíficas e pacifistas. Mesmo sem nenhum pretexto, a repressão foi endurecida brutalmente, com o uso das balas de borracha letais, gás, bombas e prisões de centenas. A tentativa do governo fascistóide de Alckmin de tentar dispersar o movimento através do terror, no que foi ajudado pela imprensa burguesa mais reacionária (Globo, Estadão, Veja), se virou contra seus propósitos. A solidariedade aos reprimidos e a ânsia de protestar contra a alta dos preços protegida pelos governos levou centenas de milhares às ruas. Os governos do PT e PSDB, intransigentes quanto à revogação do aumento da tarifa, foram colocados contra a parede. Não será possível manter a intransigência diante dos protestos multitudinários diários.
Coloca-se a discussão do que farão. Fiéis protetores dos interesses dos capitalistas, seus cães de guarda do PT e PSDB apresentam que o custo da redução da tarifa tem de cair sobre as mesmas massas que estão nas ruas. Ora propõem taxar o combustível (que levaria a um aumento geral de preços), ora propõem aumentar o IPTU e taxar até os mais pobres, que são isentos, ora propõem compensar as empresas com mais subsídios, que viriam do corte de outros serviços sociais. Sagrado para esses crápulas, o lucro dos empresários dos transportes não é tocado.
E aí está uma das limitações do Movimento Passe Livre. Ao reivindicar imediatamente a redução da tarifa e estrategicamente a gratuidade sem atacar a propriedade privada da rede de transporte, acabam deixando aberto o caminho para que capitalistas e seus governos busquem reacomodar os gastos de forma a despejar os custos sobre os assalariados. Não, o caminho tem de apontar que os capitalistas já lucraram demais, cabe a expropriação da rede privada e controle coletivo dos transportes por quem trabalha e usa. Essa bandeira, da estatização sem indenização, e controle soberano pela maioria, põe fim ao parasitismo capitalista sobre o direito e a necessidade de se locomover. É o caminho que permite baixar ou suprimir a tarifa penalizando os capitalistas, sem despejar seus custos sobre os assalariados.
E cabe também a defesa das condições de vida das massas. A resposta à carestia generalizada é a defesa de um salário mínimo vital (pelo menos 4 mil reais), que corresponda de fato às necessidades de uma família trabalhadora, e que seja reajustado automaticamente de acordo com os preços. A bandeira do salário mínimo vital responde às necessidades de sobrevivência da maioria oprimida, é uma bandeira geral que pode trazer a classe operária em massa para o movimento, projetando-o contra os capitalistas e seus governos, a partir da defesa imediata de suas condições de vida. A participação massiva da classe operária eleva o movimento qualitativamente para um patamar superior, porque coloca a possibilidade de atingir a produção, coração do capitalismo.
A democracia do movimento e a liberdade de manifestação
O movimento explodiu massivamente sem uma direção política organizada. O MPL tem discutido encaminhamentos por cima dos manifestantes com dirigentes do PSTU e PSol. Essa é uma forma burocrática de encaminhar as coisas. É preciso que o movimento expresse sua organização, suas bandeiras e seus métodos de luta a partir dos locais de estudo, trabalho e moradia. Convocar as assembleias gerais de base, discutir e encaminhar propostas, eleger representantes (delegados de base), constituir assim um amplo comando geral da mobilização, de forma a que a direção corresponda às amplas massas que estão nas ruas.
E defender a mais ampla liberdade de manifestação e expressão. Há grupos dentro do movimento que têm condenado e até reprimido a manifestação política partidária, afirmando que estão lutando contra o aparelhamento do movimento. O direito e liberdade de manifestação e expressão deve ser garantido a todas as correntes e agrupamentos que se reivindicam do movimento. Os excessos são controlados coletivamente pelos manifestantes. A intimidação dos militantes que portam bandeiras e faixas serve à politicagem da burguesia, que tem nas suas mãos os instrumentos para levar às massas a sua propaganda enganosa, inclusive defendendo políticas opostas às das manifestações. Participar dos protestos com camisetas, bandeiras e faixas é parte da democracia e da liberdade de manifestação e expressão e deve ser defendida por todos.
Movimento na USP tem de se organizar
Muitos estudantes que participam dos protestos são estudantes da USP. Mas até agora não houve uma intervenção organizada. A direção do DCE se opôs na última assembleia a paralisar as aulas para ir aos protestos. E também se opôs a uma nova assembleia geral, que ocorrendo no dia 12/06 poderia ter ajudado na organização de uma atuação maior e melhor.
A assembleia de 19/06 deve corrigir isso. Devemos aprovar a paralisação das aulas nos dias de protesto, de forma a garantir a maior adesão possível de estudantes, professores e funcionários nos atos. Fazer faixas da USP, levantando a defesa do movimento contra a repressão, a qual sofremos há meses por meio da ação da polícia e perseguição política judicial. Apoiar o movimento e ajudar a levá-lo adiante, empunhando a bandeira de expropriação da rede privada com controle coletivo, e salário mínimo vital reajustado automaticamente. Defender a democracia do movimento e a liberdade de manifestação e expressão, que são princípios que defendemos historicamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário