quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Eleições para DCE da USP 2012-13

Em defesa das bandeiras e dos métodos de luta do movimento estudantil, vote 27 de outubro nas eleições para o DCE

Nos dias 27, 28 e 29 de novembro ocorrem as eleições para a diretoria do DCE da USP, gestão 2013. Há sete chapas inscritas. Fazemos parte e chamamos o voto na chapa 27 de Outubro.

A 27 de Outubro é expressão das bandeiras, métodos de luta e da organização do movimento do final de 2011

A formação da chapa 27 de outubro se deu no ano passado dentro da reitoria ocupada. Todas as correntes políticas, autonomistas e independentes que participaram daquele movimento puderam participar das plenárias que discutiram a necessidade de uma chapa de oposição à gestão do DCE (PSol/PSTU), com base num programa que expressasse as bandeiras e os métodos de luta do movimento, com ampla liberdade de manifestação e expressão de todos que a compusessem, sem esconder ou anular as diferenças de políticas ali presentes. A formação dessa chapa correspondia a uma necessidade do movimento, que via na direção do DCE um entrave para o fortalecimento da luta.

Com o fim da greve no início deste ano, as eleições para o DCE ocorreram sem a pressão da mobilização. Isso levou algumas correntes a abandonarem a unidade da 27 de outubro e seguirem caminho próprio. O MNN (Território Livre) fez campanha pelo voto da chapa Não vou me Adaptar (PSol/PSTU), sob pretexto da ameaça de vitória da direita (que teve pouquíssimos votos, menos que na eleição anterior). Na prática, isso ajudou as correntes do DCE a se manterem na direção.

Nas eleições para delegados ao XI Congresso de Estudantes da USP (agosto), formamos no curso de Letras a chapa 27 de outubro novamente. O MNN e a LER-QI (Juventude às Ruas) se negaram a compor uma unidade. O mesmo acontece agora nas eleições para o centro acadêmico (CAELL), o que favorece novamente a direção (PSol).

A unidade frentista entre as correntes pode ser resultado da pressão do movimento (27 de Outubro). Ou do interesse burocrático aparelhista (PSol/PSTU). O fim da greve e a política de “democratização” da universidade, em oposição à luta contra os processos políticos, Fora PM e Fora Rodas, levaram à desmobilização dos estudantes da USP. Sem a pressão da mobilização, a unidade das correntes que participaram da luta se torna mais difícil. No entanto, entendemos que é necessário expressar na disputa eleitoral para o DCE da USP as bandeiras e os métodos de luta do movimento do final do ano passado. Por isso, avaliamos que seria necessário lançar novamente a chapa que permite que os estudantes se manifestem em favor desse movimento, em oposição à política conciliadora e desmobilizante da atual direção. Por isso estamos na 27 de Outubro e chamamos o voto nela.

Um balanço da atual gestão

A gestão “Não vou me adaptar”, formada pelo PSol (MES) e PSTU no início deste ano, expressa as correntes que trabalharam abertamente para encerrar a greve e o movimento do final de 2011, pelo Fora PM, Fora Rodas e Fim dos Processos contra estudantes e trabalhadores. Formaram uma chapa com 300 integrantes, que nunca se reuniu. A gestão verdadeira não passou de 10% disso, o restante nunca foi a uma reunião. Apesar de vencerem as eleições com milhares de votos, jamais conseguiram organizar um movimento. Enquanto jogavam a pá de cal na greve, anunciavam que com o XI Congresso dos Estudantes se construiria um grande movimento. Foram eleitos pouco mais de 400 delegados, quase metade nem compareceu. A principal decisão do Congresso foi rejeitar a retomada da luta contra a repressão para substitui-la por uma campanha pela chamada “democratização” da USP, que teria seu ponto alto no chamado plebiscito pela democracia. Apostaram tudo nisso, mas na maioria das unidades a votação foi muito pequena, sendo forte apenas em poucos cursos. O pior é que, encerrada a votação, a direção não tomou nenhuma iniciativa para fazer valer a decisão do plebiscito, ou seja, não organizou uma campanha em defesa dos pontos que levantou. O que comprovou seu caráter distracionista, que mostramos desde o XI Congresso.

Os movimentos que aconteceram durante seu mandato não foram organizados pela direção. A luta contra os processos se deu apesar da direção, que logo tratou de deixá-lo agonizar. A pequena mobilização contra a farsa da consulta para eleição do diretor da FFLCH, que chegou a adiar a votação na congregação, foi logo a seguir desmobilizada em troca de uma leitura declaratória durante o colégio eleitoral.

A reitoria manteve sua ofensiva reacionária e ameaça despejar da moradia (depois de eliminá-la) Amanda e seu filho de quase um ano. A direção do DCE não move uma palha contra isso.

Durante o Congresso, a gestão tentou prorrogar seu mandato até 2013. Isto porque viu que a eleição no início do ano, com ampla participação de calouros que não realizaram nenhuma experiência com a direção, pode ser mais facilmente manipulada através das calouradas festivas. O Congresso rejeitou a prorrogação do mandato, entendendo que o adiamento de final de 2011 foi devido exclusivamente à greve, e manteve a data estatutária.

Defendemos, no movimento estudantil, uma política proletária

A USP não é exceção em relação às demais universidades que existem. A universidade que temos é de classe, é burguesa, é parte da superestrutura da sociedade. Por isso, expressa um ensino deformado que expressa a separação entre a teoria e a prática, o pensar e o fazer, entre a sala de aula e a vida. Produto do controle da classe dominante sobre a economia, sobre o Estado (governos) e destes sobre a universidade. A transformação da universidade está ligada à transformação da sociedade em socialista. Será com a produção social que se abolirá a separação entre o fazer e o pensar, vai ser possível unir a universidade e a educação em geral com a produção social, porque esta será social, ou seja, de todos e de ninguém ao mesmo tempo.

As lutas que travamos na universidade contra a burocracia universitária e os governos ajudam a nos aproximarmos desse horizonte. A defesa das reivindicações mais sentidas pelos que estudam e trabalham passa necessariamente pelos métodos da luta de classes. Sem eles, não é possível sequer defender as condições atuais de ensino e pesquisa. A classe dominante ataca a universidade pública e gratuita como necessidade de tornar a educação em mercadoria e voltar recursos que hoje são gastos em educação para o subsídio do capital. Empunhar as bandeiras de real autonomia e democracia universitárias colocam os que estudam e trabalham em oposição à classe capitalista e aos seus governos, que como minoria usam do autoritarismo para impor suas políticas.

As bandeiras de defesa dos processados, Fora a PM e Fora o reitor-interventor estão ligadas às reivindicações pelas quais estudantes, funcionários e professores se mobilizam. A maior intervenção do governo (indicação do reitor), maior repressão (polícia e processos políticos) servem para impor as medidas de mercantilização da educação e cortes de direitos. Somente com a união das bandeiras contra a repressão e pela real autonomia com as reivindicações mais sentidas, mobilizando massivamente e usando o método da ação direta, será possível derrotar Rodas e o governo.

O que as esquerdas têm dito sobre a 27 de Outubro?

Algumas correntes de esquerda têm revelado suas opiniões sobre a chapa 27 de Outubro, seja em seus materiais de propaganda ou em atividades públicas, como o debate ocorrido na FEA. Vejamos o conteúdo das críticas.

A chapa Cícera, encabeçada pela LER-QI, nos acusou de não defender a luta contra a PM fora do campus. Uma bobagem que não se sustenta de forma alguma, são eles que têm de provar o contrário, afinal, o programa da chapa afirma explicitamente essa bandeira, inclusive desde quando a própria LER-QI fazia parte da frente. A tentativa era de nos transformar de maneira um tanto forçada em elitistas ou corporativistas, como se só a LER-QI se importasse com os oprimidos nas periferias. Na verdade, só um subterfúgio pra negar a unidade oposicionista – é bom lembrar que essa organização só entrou na 27 de Outubro, quando da disputa para o DCE nas eleições anteriores, pela pressão do movimento (greve e ocupação no segundo semestre de 2011), demonstrando com esse histórico uma falta imensa de disposição para a luta unitária. Inventou ainda que nossa chapa não estava construindo o ato do dia 22/11, em conjunto com a São Remo, outra bobagem evidente. Participamos das reuniões de preparação, panfletagens e outras formas de divulgação. Como se vê, pretextos para sair com uma chapa própria e fragmentar ainda mais a oposição à atual direção do DCE.

A chapa Território Livre (MNN e independentes) também não respondeu ao nosso questionamento quanto à ruptura da unidade com a 27 de Outubro. O máximo que fizeram foi nos acusar de sectários e, que é mais impressionante, de só pensarmos em autoconstrução. Em primeiro lugar, a 27 de Outubro é uma frente, possui divergências internas. Se algum grupo que a compõe tomou ou toma alguma atitude que se considera sectária, deve ser criticada concretamente. Parece-nos, assim como no caso da LER-QI, só um pretexto para negar a unidade. E ainda somos nós que só pensamos em autoconstrução! O curioso é que quem saiu com uma chapa própria foi o Território Livre. E não só nessa eleição, na anterior também, quando rompeu com a nossa chapa para chamar voto na Não Vou me Adaptar (PSol-PSTU), que representava a continuidade da gestão e a negação de toda luta contra os processos, a PM e o reitor-interventor.

O grupo Praxis, com o boletim Já Basta, também lançou uma nota em que apresenta críticas à 27 de Outubro. Porém, sequer fez uma autocrítica sobre sua participação conosco, há poucos meses, nas chapas que concorreram às últimas eleições para o DCE e CAELL (CA de Letras - abril) e na chapa para delegados ao XI Congresso dos Estudantes (agosto). Pior que isso, desta vez simplesmente não participou das plenárias de formação da chapa! Acusa-nos de sectarismo e para prová-lo... extrai um trecho do jornal USP Livre! Esclarecemos novamente: a 27 de Outubro é uma frente. E reivindicamos: critiquem os grupos que a compõem de maneira concreta e não utilizem de maneira oportunista as declarações à parte como se fossem da chapa. Também temos nossas divergências e críticas ao PCO, corrente que integra a 27 de Outubro. Mais uma observação: estamos esperando uma resposta do Praxis sobre o balanço que faz de sua participação na frente anteriormente e por que abandonou o seu programa em nome de outro, que tem como eixo a reivindicação de “Diretas pra Reitor” (a mesma da atual direção do DCE).

Quanto ao PCO, o criticamos aqui pela postura e pelo conteúdo da fala durante o debate entre as chapas organizado pelo CAVC (CA da FEA). Falamos da postura, pois utilizar aspectos irônicos e até despolitizados (“babacas”, por exemplo), em nossa opinião está incorreto. Mesmo em momentos em que o conteúdo da fala do companheiro estava correto, a forma acabou comprometendo toda a colocação. Exemplo: a organização do debate havia determinado previamente que poderiam ser feitas perguntas livremente às demais chapas, mas na hora H mudou de posição, nos impedindo de perguntar à chapa Não Vou me Adaptar. O companheiro do PCO fez a crítica, no que estava corretíssimo, mas o fez num tom jocoso que levou o plenário a desconsiderar o conteúdo. Em outros momentos, cometeu falhas mais graves, como a caracterização (que não é comum a todos que compõem a frente) do PSol e PSTU como “centrão”. A luta política deve permitir que se esclareçam as raízes das divergências. A mistura de posições e caracterizações não ajuda nisso, antes atrapalha. O MES/PSol é uma corrente reformista, ou seja, coloca as reformas como objetivos – ao fazê-lo, cai numa posição de adaptação ao Estado capitalista na sociedade e à atual estrutura de poder no interior da universidade; o PSTU é uma corrente centrista, que oscila entre as posições reformistas e revolucionárias – ora se apresenta como corrente combativa, ora como conciliadora (neste momento, está ombro a ombro com o MES/PSol).

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