segunda-feira, 10 de maio de 2010



A assembléia do dia 12 de maio indicou:

GREVE A PARTIR DO DIA 20

Estudantes,

Os funcionários estão em greve desde o dia 5 desse mês. Inúmeras tentativas de negociação foram empreendidas antes, todas respondidas da mesma forma por João Grandino Rodas e pelo Cruesp: NÃO. Os trabalhadores lutam, entre outros pontos de pauta, por 16% de reajuste + R$200,00 fixos, além da defesa da isonomia salarial quebrada pelo Cruesp, que concedeu aproximadamente 6% somente aos professores.

Os estudantes, em assembléia do dia 12 de maio, debateram a mobilização dos funcionários e a necessidade de um apoio ativo, levantando suas pautas específicas. A proposta aprovada foi a de levar às assembléias de curso o indicativo de greve a partir do dia 20. O que coloca para todos nós a necessidade de debater a fundo os argumentos, tanto a favor quanto contra.

Nós, da Corrente Proletária Estudantil (P.O.R.), defendemos que a greve unificada e radicalizada é o método que poderá conduzir à vitória dos que estudam e trabalham. Temos divulgado nossa posição sobre o processo, como o fizemos em nosso último boletim. Nele, fizemos uma exposição de dez motivos para lutar ao lado dos trabalhadores. Agora, iniciaremos uma discussão sobre os principais argumentos contrários, tentando rebatê-los.

A argumentação central contra a greve dos funcionários é de que a paralisação das atividades só afeta os estudantes pobres, que necessitam dos restaurantes, dos circulares, do recebimento das bolsas e demais serviços. Essa oposição geralmente é acompanhada de um apoio passivo à causa dos trabalhadores. Ou seja, compreende-se como legítimo o movimento, contudo levanta-se objeção quanto ao método. Outros sequer reconhecem sua legitimidade.

Vejamos quais são os problemas da formulação: em primeiro lugar, devemos nos questionar sobre de quem é a responsabilidade da greve. Dos funcionários, que defendem seus salários e seus direitos? Ou do Cruesp e de Rodas, que se negam a negociar as reivindicações e ainda lançam uma provocação com a quebra da isonomia? Parece-nos correta a segunda opção.

Em segundo lugar, é preciso compreender que a força da mobilização depende de sua massificação. Exigir a continuidade do trabalho de setores como aqueles ligados à Coseas implica necessariamente se opor a qualquer chance de vitória dos trabalhadores. O movimento precisa ser forte, precisa ser grande para dobrar a intransigência dos reitores.

A situação de normalidade favorece a burocracia universitária, que controla as estruturas de poder, tem apoio da mídia burguesa etc. A quebra do funcionamento habitual da universidade demonstra o quanto são invisíveis para a maioria os camaradas que nos servem a comida, que limpam nossas salas de aula, que fazem os serviços administrativos etc. etc. etc. A greve evidencia o quanto a reitoria não valoriza a categoria. Enquanto isso, tudo é dado aos docentes. O tratamento desigual expõe a visão distorcida dos burocratas sobre o funcionamento da universidade, que depende dos funcionários. Expõe também a tentativa de dividir as categorias para enfraquecer a luta. Os professores já morderam a isca, muito devido ao corporativismo da direção da Adusp. Os estudantes devem rejeitar essa manobra.

Por isso, o argumento de que a paralisação afeta somente os estudantes mais pobres acaba jogando água no moinho da reitoria, que, por sua vez, aposta no desgaste do movimento. Ao invés de pensar nos danos que a greve traz, o correto seria pensar o quão prejudicial é uma gestão da universidade que não sabe valorizar seus funcionários. Por outro lado, fechar os olhos para a realidade daqueles que necessitam de auxílio não é solução alguma. Diga-se de passagem, quem faz isso ordinariamente e muito bem é a burocracia universitária. São nesses momentos que mais precisamos de uma direção estudantil ativa, o que gestão atual do DCE de fato não é. A diretoria não tem tomado atitude alguma, como organizar um fundo de greve ou pressionar a burocracia para garantir a alimentação dos bolsistas. Nada!

Para combater a política burocrática e corporativista das direções, a única maneira é convocando a assembléia geral universitária (dos três setores). Somente com a unidade real, com fóruns conjuntos, poderemos romper o divisionismo e construir uma poderosa mobilização para derrotar a burocracia universitária.

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